A Wave Nickel Brasil, empresa de tecnologia focada no processamento sustentável de níquel, assinou hoje contrato de compra da Unidade Niquelândia (Foto), localizada em Goiás, que até então pertencia à Companhia Brasileira de Alumínio – CBA. O investimento soma R$ 20 milhões – R$ 4 milhões em até 7 dias após a assinatura do contrato e R$ 16 milhões na conclusão da transação – e inclui uma mina, a planta de processamento e toda sua estrutura operacional.
A Wave Nickel faz parte da New Wave, holding global de tecnologia sediada em Luxemburgo e focada no desenvolvimento de rotas e tecnologias inovadoras e sustentáveis para o setor minero-siderúrgico. A New Wave também é detentora da New Wave Tech no Brasil, centro tecnológico dedicado à pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias sustentáveis para recuperação de diversos minerais estratégicos contidos em rejeitos ou depósitos marginais.
A Unidade Niquelândia é voltada para extração e beneficiamento de minério de níquel, por meio de diferentes processos metalúrgicos, que resultam na obtenção do carbonato de níquel. O polo industrial possui 55 milhões de toneladas de recursos de níquel (0,94% Ni e 0,12% Co) e tem capacidade para produzir cerca de 20 mil toneladas por ano de níquel contido em carbonato.
Os recursos podem chegar a 80 milhões de toneladas, se forem consideradas as pilhas de minérios marginais. A mineradora começou a operar em 1981 e teve suas operações suspensas em 2016, devido às condições de mercado.
“Essa negociação está alinhada aos objetivos estratégicos da CBA, mantendo nosso foco no processamento de alumínio e reciclagem. Em caso de retomada da produção pela Wave Nickel Brasil em Niquelândia, a CBA receberá ainda 3% de royalties sobre a receita operacional líquida da empresa, limitados a US$ 10 milhões ao ano. Importante ressaltar que a gestão dos projetos do Legado Verdes do Cerrado e do parque solar permanece com a CBA, assim como a barragem do Jacuba”, diz Ricardo Carvalho, CEO da CBA. A Barragem de Jacuba está em processo de descomissionamento.
Com a aquisição, a Wave Nickel implementará no mercado brasileiro uma tecnologia disruptiva que usa micro-ondas para a separação dos minerais, eliminando a necessidade de barragens, já que os poucos resíduos inertes podem ser empilhados a seco.
“Queremos implementar com maior velocidade uma tecnologia inovadora e sustentável para a produção de hidróxido misto de Níquel-Cobalto (MPH), produto intermediário para a fabricação de baterias, capaz de impactar o mercado global da eletrificação. Além de nos inserirmos na cadeia de transição energética, posicionando o Brasil como pioneiro no mundo a incorporar e liderar esse processo”, afirma Gustavo Emina, CEO da Wave Nickel.
A Wave Nickel espera que a planta opere em sua totalidade a partir de 2029, com a ativação do método Wave, em que o minério bruto passa por uma etapa de pré-concentração a seco, na qual os teores de níquel aumentam em 60% e a massa é reduzida em 40%; e por uma etapa de aplicação de ondas eletromagnéticas, que torna o níquel e o cobalto reativos e recuperáveis.
O final do processo ainda permite a recuperação de outros minerais estratégicos, como magnésio, cromo e manganês, além de produzir fosfato de ferro, outro importante insumo de baterias LFP, que também possui relevante valor de mercado. Além disso, 99% dos ácidos utilizados no método Wave são reciclados e recirculados, sem a dispersão destes no ambiente, e de forma sustentável.
O fechamento da transação acontecerá após o cumprimento de condições precedentes, incluindo a avaliação do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica).
Foto: CBA/Divulgação