Os assuntos destacados na abertura da Exposibram foram retomados no Congresso de Mineração e, em sua maioria, desdobrados em discussões mais específicas. Entre elas: os desafios da pequena e média mineração sustentável; segurança de processos; diversificação econômica de comunidades; disposição e gestão de rejeitos; gestão do gasto público de recursos oriundos da mineração; política nacional de fertilizantes; mineração na Amazônia; conservação da biodiversidade; uso de recursos hídricos; mecanismos para captação de investimentos; e rede Invest Mining, de financiamento de projetos de mineração. Confira as manifestações de alguns dos principais líderes do setor na seleção abaixo.
PAINÉIS DO CONGRESSO DE MINERAÇÃO
O que disseram líderes do setor
“Estamos sempre em busca de soluções inovadoras, inclusive com o uso de inteligência artificial. Hoje já trabalhamos em parceria com grandes empresas de tecnologia, como a Microsoft e a Amazon” (Victor Hugo Bicca, diretor-geral da ANM)
“A mineração é uma atividade que vai a locais remotos, carentes. Com o ESG, é possível desenvolver essas regiões social e economicamente, melhorando sua qualidade de vida de maneira participativa com a comunidade” (Paulo Misk, presidente e CEO da Largo)
“Nós, como seres humanos e como empresa, devemos ter um diálogo aberto e franco com as comunidades que nos hospedam, entendendo seus desafios e anseios” (Lauro Amorim, vice-presidente de Sustentabilidade e Assuntos Corporativos da AngloGold Ashanti)
“Não podemos nos isolar, achar que nos bastamos e que gerar empregos e recolher impostos é suficiente. ESG nada mais é do que um olhar sobre gestão, sobre a mineração estar cada vez mais adequada para os públicos” (Marcelo Klein, diretor de Reparação e Desenvolvimento Territorial da Vale)
“A complexidade de leis e órgãos da mineração gera insegurança jurídica para as micro, pequenas e médias empresas da área (Fernando Valverde, presidente executivo da ANEPAC)
“O plano de fechamento de mina e o de recuperação ambiental são processos vivos. É muito importante trabalhar com prevenção de danos, pois, quanto menos for degradado, menos terá de ser recuperado” (Cristiano Weber, gerente de Sustentabilidade da Copelmi)
“A remuneração dos executivos (da Vale) está atrelada à redução de emissões” (Alexandre Salomão de Andrade, gerente de Descarbonização da Vale)
“A Arcelor é pioneira em assumir a neutralidade de carbono até 2050 e reduzir em 25%, até 2030, as bases do Escopo 2” (Guilherme Corrêa Abreu, gerente geral de Sustentabilidade da ArcelorMittal)
“Há muitos casos em que as prefeituras divulgam corretamente os dados da arrecadação com a renda oriunda da mineração, porém os valores mostrados são diferentes do que foi pago pelas mineradoras” (Fabio Giusti, pesquisador do CETEM e do MCTI)
“Não queremos subsídios, apenas um jogo justo. Por isso, a Política Nacional de Fertilizantes deve ser mantida e seguida à risca nos próximos anos. Caso contrário, vamos continuar com medidas paliativas, protelando a solução para a independência do Brasil em relação aos fertilizantes” (Bernardo Silva, diretor-executivo do Sinprifert)
“Talvez um dos mais importantes aprendizados (da mineração na Amazônia) seja a importância dos povos originários para a preservação do território” (Hugo Barreto, diretor de Soluções Baseadas na Natureza, Cultura e Conhecimento da Vale)
“A mina um dia vai acabar e o que vai ficar nesse lugar é uma rica fazenda dentro da floresta. E toda essa bioeconomia será aproveitada pela comunidade” (Guido Germani, diretor-presidente da MRN)
“A maior degradação no Brasil é feita pela agricultura e pecuária. A mineração é localizada e, apesar de também degradar, tem recuperação grande e com qualidade” (Tiago Alves, gerente de Meio Ambiente da Anglo American Brasil)
“É interessante priorizar o bloqueio de áreas (na agenda regulatória da ANM), já que muitas atividades se utilizam dele” (Guilherme Simões Ferreira, gerente-geral Jurídico da Nexa)
“O órgão regulador é o intérprete, já que precisa traduzir o que está regulando e seu trabalho se reflete a longo prazo. É no futuro que se há de saber se ele está contribuindo ou atrapalhando o ambiente de negócios da mineração em todas as suas dimensões” (William Freire, sócio da William Freire Advogados Associados)
“A reputação (do setor mineral) não deve ser um objetivo e sim consequência de ações feitas e programadas, e ainda, consciência de todos para as boas relações, uma entrega mais eficaz para a sociedade e públicos específicos” (Paulo Henrique Soares, diretor de Comunicação do IBRAM)
“A descarbonização se destaca como uma das maiores oportunidades de novos negócios e faz parte do ESG, sendo uma grande tendência” (Ediney Maia Drummond, diretor-presidente da Lundin Mining e vice-presidente do Conselho Diretor do IBRAM)
“A pergunta que mais me fizeram foi: como o digital vai afetar o nosso setor? Quem será o ‘Uber’ da mineração?” (Paul D. Mitchell, líder em Global Mining & Metals da EY)
“Temos apostado no uso de óxido de nióbio em baterias de veículos elétricos para a obtenção de carga ultrarrápida, que permite carregar a bateria de um veículo de porte médio em menos de 10 minutos” (Ricardo Fonseca de Mendonça Lima, CEO da CBMM)
“Nosso relatório aponta para abusos e discriminação (de mulheres na indústria da mineração), além da falta de compromisso das empresas para resolver e lidar com essas questões. Sabemos que existem outros grupos com problemas de inclusão, como negros e PCDs. A impressão é que o processo de inclusão está lento (Danielle Martin, diretora de Performance Social do ICMM)
“Não adianta mais fazer um estudo de opções. Deve-se ir direto ao empilhamento drenado. Não temos espaço para ter uma outra ruptura de um depósito de rejeitos, seja ele barragens ou pilha” (Paulo Abrão, diretor da Geoconsultoria)
“Hoje, a Samarco trabalha, prioritariamente, na descaracterização das barragens remanescentes. Dos nossos rejeitos, 20% são oriundos do processo de deslamagem e 80% do processo de flotação. As lamas são dispostas em uma cava e os rejeitos da flotação, basicamente arenosos, são filtrados e dispostos em uma pilha, com o estéril” (Wanderson Silvério Silva, engenheiro da Samarco)
“Não é só burocracia. Sem demonstrar o comprometimento no projeto de mineração com os temas de meio ambiente, comunidade e governança, não se consegue buscar financiamento” (Eduardo Jorge Ledsham, diretor-presidente da Bamin)
“Eles (os investidores) escutam muito as comunidades. A falta de apoio da população local acaba atrapalhando bastante a liberação de recursos para o projeto mineral” (Eduardo de Come, CEO da Ero Brasil)
“O Brasil não tem mecanismos e incentivos para a mineração sequer parecidos com os do Canadá e Austrália. Precisamos melhorar esse ambiente de negócios da mineração, principalmente porque há muita insegurança jurídica para os investidores” (Miguel Antônio Cedraz Nery, gerente-executivo da ABPM e coordenador da Rede Invest Mining)
Foto em destaque: Abertura do Congresso, com talk show sobre ESG (Glenio Campregher)