Uma ação judicial movida pela mineradora anglo-australiana Rio Tinto contra a brasileira Vale, envolvendo a disputa de um ativo de minério de ferro na Guiné, pode levar esta última a abandonar a participação no Conselho Internacional de Mineração e Metais (ICMM, das iniciais em inglês). Segundo notícia divulgada pelo Wall Street Journal, uma das mais influentes publicações de negócios do mundo, a ameaça já teria sido proferida pelo presidente da Vale, Murilo Ferreira, que ocupa o cargo de conselheiro da entidade internacional.
A publicação revela que a Vale chegou a enviar uma carta ao ICMM, para discutir sua filiação, cuja veracidade teria sido confirmada por fontes da mineradora brasileira e da entidade. O que ela não deixa claro é o motivo para uma reação desse tipo, embora fique subentendido o descontentamento em relação ao andamento do processo movido pela Rio Tinto.
O grupo de mineração anglo-australiano moveu uma ação contra seu concorrente brasileiro, em abril, por apropriação de metade da sua concessão para o projeto de minério de ferro de Simandou, localizado na república africana da Guiné. Segundo a Rio Tinto, a Vale teria realizado a operação em parceria com o megainvestidor israelense Beny Steinmetz, que envolveu a participação até mesmo do ex-ministro de mineração do país, Mahmoud Thiam, e de Mamadie Touré, esposa do ex-presidente Lansana Conté.
As investigações do governo da Guiné, entretanto, que invalidaram a concessão do projeto por irregularidades, isentam a Vale de dolo no processo em que adquiriu os ativos de Steinmetz. Simandou é um dos maiores ativos não desenvolvidos de mineração do mundo e seu controle é considerado estratégico pelos grandes competidores do setor. O ICMM, por sua vez, reúne as 22 maiores empresas globais de mineração, incluindo a Vale, Rio Tinto, BHP Billinton e Glencore, para intercâmbio sobre sustentabilidade e outros assuntos relacionados a essa indústria. Em se confirmando as ameaças da Vale, esta seria a primeira ruptura na entidade desde sua criação, em 2001.
