Por Tébis Oliveira
Após atuar na iniciativa privada, nas áreas de exportação de cacau e de empreendimentos imobiliários, ele exerceu vários cargos públicos em estatais como a Ebal (Empresa Baiana de Alimentos) e a Codeba (Companhia das Docas do Estado da Bahia), e em órgãos da administração direta da capital, Salvador, onde foi titular das pastas de Turismo e Transportes. Também exerceu por quatro anos a presidência da Juceb (junta comercial do estado), posição que deixou em janeiro de 2019. Dois meses depois, em março, assumiu como diretor-presidente da CBPM (Cia.Baiana de Pesquisa Mineral).
É na estatal, onde diz ter honra e alegria de estar, que o administrador de empresas Antonio Carlos Marcial Tramm garante estar se tornando um “rábula da Geologia”. A expressão não é usada no sentido pejorativo. Quer apenas dizer que não tendo formação acadêmica na área, mas rodeado por geólogos, Tramm não apenas passou a ser um grande defensor da pesquisa mineral como, por extensão, de toda a mineração baiana.
E não poupa esforços para isso. Envia cartas e telefona com recorrência para o secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério das Minas e Energia (MME), Alexandre Vidigal, e para Victor Bicca, o diretor geral da Agência Nacional de Mineração (ANM). Ambos foram pela primeira vez a um evento de mineração na Bahia, convidados por Tramm, e são insistentemente cobrados, assim como outras autoridades públicas, por uma solução ao impasse da FIOL (Ferrovia de Integração Oeste-Leste), cujo trecho final, entre Caetité e Ilhéus, viabilizará o maior projeto de minério de ferro da Bahia – o da Bamin – e o escoamento da produção de várias outras mineradoras e de futuros projetos minerais do estado.
Apesar do momento atual de crise, o executivo se mantém o otimista que sempre foi até porque, segundo ele, é em situações como essa que as empresas crescem. “Não somos avestruzes para enfiar a cabeça no buraco. Precisamos olhar para a frente e manter o nível de produção, assegurando a continuidade de fornecimento para atender à demanda de mercado agora e depois”, considera. É com esse “olhar para a frente” que ele quer conduzir a CBPM, investindo na digitalização de processos, estrutura operacional, captação de recursos para a pesquisa mineral e reposição do quadro de pessoal.
Num olhar de alcance ainda mais longo, Tramm defende a inovação e a sustentabilidade como diferenciais para a mineração baiana e brasileira, mas insiste que o setor deve rever com urgência seus esquemas de informação e seus procedimentos. “A mineração não é só uma cava, mas o que ela produz. Ela deveria aprender a se comunicar como o agronegócio em lugar de falar o que quer para si mesma”, justifica. É desses assuntos e de outros, que o executivo fala nesta entrevista exclusiva a In the Mine. Aos jovens administradores recomenda persistência. Uma qualidade que, com certeza, nunca lhe faltou.