Por Ricardo Gonçalves,
Minas Gerais
O estado mineiro tem procurado captar investimentos para agregar valor, especialmente ao setor minerometalúrgico, e aumentar seu conteúdo tecnológico. Com investimentos do Governo de aproximadamente R$ 28 milhões, Minas Gerais possui cerca de 60% do território mapeado em escala adequada, sendo o único do País com 100% de sua área coberta por levantamentos aerogeofísicos. Neste ano, seis novos protocolos de intenções foram assinados, ampliando em mais de R$ 14 bilhões o volume de investimentos previstos.
Dentre os novos projetos, que buscam conquistar uma importante fatia do mercado de minério de ferro a partir de Minas Gerais (majoritariamente da Vale e CSN), pode-se destacar o bom ritmo de implantação do projeto da Anglo American. O grupo investe US$ 4,5 bilhões na região de Conceição do Mato Dentro. Os recursos serão diversificados em minas, numa usina de beneficiamento e num mineroduto de 525 km. A capacidade de produção será de 26,5 Mtpa (pellet feed). É o projeto Minas-Rio, que engloba a participação do Porto de Açu, no Rio de Janeiro. A conclusão é esperada para 2013.
A MMX aposta em dois projetos de minério de ferro também. Um deles é o Serra Azul, no Quadrilátero Ferrífero, onde foram investidos R$ 4 bilhões. É um projeto de expansão com licença prévia que será finalizado em 2013 e passará a operar em 2014, produzindo 24 Mtpa. Já no Projeto Bom Sucesso, que se encontra em licenciamento ambiental, no município de mesmo nome, a empresa irá investir R$ 1,5 bilhão em extração e beneficiamento para produzir 10 Mtpa. Enquanto isso, a Ferrous Resources possui inúmeros projetos no estado mineiro, em Congonhas, Itabirito e Juiz de Fora, por exemplo. Um dos mais importantes a ser apontado é o da última cidade citada. Em Juiz de Fora, a Ferrous constrói uma usina siderúrgica, de aços longos, que terá uma capacidade de produção de 1,3 Mtpa.
O norte de Minas Gerais (com 20 municípios, como Rio Pardo de Minas, Grão Mogol, Porteirinha e Nova Aurora), atual-mente reconhecido como uma das novas fronteiras minerais do País, recebe grandes grupos mineradores, que investem larga-mente no minério de ferro. Destacam-se ali: Vale, Sul Americana Metais (SAM), Votorantim/Honbrige e Mineração Minas Bahia (MIBA). A reserva da região do norte do estado é de aproximadamente 20 bilhões de toneladas de minério.
Em outras cidades de Minas Gerais, há outros projetos além dos destinados a minério de ferro. Paulo Sérgio Machado Ribeiro, subsecretário de Política Mineral e Energética da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (SEDE), diz que projetos de ouro, fosfato, potássio, silício, terras raras, rochas ornamentais, dentre outros serão implantados em breve, com uma estimativa de investimentos de R$ 15 bilhões. A Verde Potash (Amazon Mining), por exemplo, atualmente possui o Projeto Cerrado Verde, na região dos municípios de Abaeté, Cedro do Abaeté, São Gotardo, Matutina e Tiros. Consistirá na extração e beneficiamento de potássio e produzirá 1,1 Mtpa. Atualmente, a Planta Piloto está em operação, mas o projeto somente estará totalmente concluído no ano de 2014.
Ribeiro afirma ainda que entre 2011 e 2015, por volta de US$ 44,4 bilhões serão investidos na mineração de ferro do Brasil, uma quantidade significativa. Minas Gerais receberá em torno de 40% do previsto, ou seja, US$ 17,8 bilhões. Como um todo, se confirmadas as estimativas do IBRAM (Instituto Brasileiro de Mineração), de investimentos da ordem de US$ 64,8 bilhões em todo o setor mineral entre 2011 e 2015, Minas Gerais deverá receber uma parcela de 33,6% ou seja, investimentos de US$ 21,8 bilhões.
Espírito Santo
O Espírito Santo conta atualmente com vários grandes projetos em andamento. Márcio Félix, secretário de Estado de Desenvolvimento, diz que a expectativa do governo é o aporte de R$ 98,8 bilhões até 2015 nos mais diversos setores do estado. Em relação ao segmento minerosiderúrgico, a estimativa é de um investimento de R$ 25 bilhões no mesmo período. A Vale está implantando no porto de Tubarão, uma planta de pelotização, com investimento de US$ 968 milhões, produção de 7,5 Mtpa e conclusão em 2012. A Samarco Mineração constrói sua quarta usina de pelotização, com um investimento de aproximadamente R$ 5 bilhões, para aumentar a produção de 24 para 33,5 Mtpa. Também relacionada à produção de pelotas, a Vale atualmente constrói sua Oitava Usina na Grande Vitória, investindo no projeto R$ 1,2 bilhão. Terá uma capacidade anual de produção de 7,5 milhões de toneladas de pelotas.
A Ferrous Resources do Brasil está construindo um porto e mineroduto de 420 km e com capacidade de transportar 50 Mtpa no município de Presidente Kennedy. Ainda em fase de licenciamento ambiental, a empresa investirá cerca de R$ 2,7 bilhões. O Governo estadual, em parceria com o Ministério dos Transportes, finaliza em 2011 a derrocagem e dragagem da Baía de Vitória. Os investimentos são da ordem de R$ 125 milhões. Outro importante projeto logístico é o Superporto de Contêineres com investimento de R$ 800 milhões.
Rio de Janeiro
O estado conta com grandes projetos de infraestrutura em desenvolvimento, como Comperj; ampliação do porto de Itaguaí; obras da CSN, da CSA, e do PAC, além das destinadas para a Copa de 2014 e Olimpíadas de 2016. Em Itaguaí, a MMX faz um investimento de R$ 2,4 bilhões na implantação do Superporto Sudeste, que deve ser finalizado em 2013. Terá capacidade de 50 Mtpa inicialmente, e de 100 Mtpa, na segunda fase, já em licenciamento ambiental. Por conta disso, a produção mineral do Rio está em crescimento, com os agregados da construção civil (areia, argilas e brita), calcário para fabricar cimento, rochas ornamentais e águas minerais. Até novembro de 2011, Jadiel Pires Nogueira da Silva, superintendente do DNPM/RJ, afirma que houve 72 requerimentos de lavra ao DNPM – 30% a mais que em 2010, sendo 90% destes voltados para agregados da construção civil. Há novas unidades que produzirão brita. É o caso da Votorantim Agregados (A-21 Mineração), que em 2011, passou a operar uma unidade em Seropédica. Além disso, o projeto Pedrasul, em Queimados, está em andamento. Os dois investimentos giram em torno de R$ 40 milhões e terão uma capacidade de aproximadamente 1,5 Mtpa.
Flávio Erthal, presidente do Departamento de Recursos Minerais do RJ, conta que o estado está trabalhando em instrução específica para licenciamento de empreendimentos de rochas ornamentais, no apoio à criação de APLs (tanto de rochas ornamentais como areia para construção civil) de areia para construção civil, e em parcerias entre DRM-RJ, INEA, DNPM-RJ, SEBRAE-RJ, FIRJAN e sindicatos de produtores para dinamização do setor
São Paulo
Para os próximos cinco anos, São Paulo tem previsão de novos empreendimentos de mineração, especialmente de pequena e média escala de produção. Atualmente, os investimentos estão mais voltados para a produção de insumos, que atendem uma crescente demanda. O Governo paulista, atendendo a um antiga aspiração dos mineradores, criou em 2011 a Subsecretaria de Mineração, que disponibilizará estatísticas mais confiáveis online, além de acompanhar e controlar a produção e arrecadação de tributos na área mineral. A Secretaria de Energia de São Paulo estima que até 2015, os investimentos podem alcançar o valor total de R$ 5 bilhões (incluindo pesquisa mineral, implantação de novos empreendimentos, expansão e modernização da produção). Os grupos Embu S/A Engenharia e Comércio (com unidades em Embu, São Paulo e Mogi das Cruzes); Serveng Engenharia (com minas em Barueri, Jambeiro e Aparecida); e Votorantim (com unidades em Santa Isabel, Taubaté, Jaú, Arujá, entre outras) se destacam na produção de rocha para brita e calcário. A Anglo American estuda a expansão da usina em Cubatão, voltada para fertilizantes, ácidos e fosfato bicálcico.
(Outubro/novembro 2011)