TEMPO DE AJUSTES

TEMPO DE AJUSTES

Por Tébis Oliveira,

O final de 2011 chega com menos otimismo que o final de 2010. Reflexos da crise européia, da fraca retomada da economia norte-americana e de sinais de desaceleração da demanda asiática devem derrubar o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro para a faixa dos 3,2%, na melhor das hipóteses. Um desempenho medíocre comparado aos 7,5% registrados no ano passado e aos 4,5% projetados para este ano.

O setor industrial registra o sexto mês consecutivo de baixa no ano. A mineração, que tem alavancado o superávit da balança comercial brasileira, também apresenta sinais de retração, com a revisão do plano de investimentos de grandes mineradoras, que colocam em stand by ou desaceleram projetos em fase inicial de implantação, pesquisa ou considerados supérfluos à demanda projetada para 2012.

Ainda assim, nesta edição do Anuário Brasileiro da Mineração Regional, o balanço das operações minerais é positivo, segundo várias superintendências do DNPM e secretarias de estado entrevistadas nas cinco regiões do País. As primeiras destacam o aumento da arrecadação da CFEM (Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais) em relação a 2010, assim como dos requerimentos de lavra e pesquisa mineral e o início de operação ou implantação de projetos. Em alguns governos estaduais, a mineração cresceu em importância, a ponto de ganhar pasta e agenda próprias (PA, AM, MS e SP).

Em Operação
Entre as mineradoras, o comparativo com a edição anterior do Anuário (2010) revela que, entre os projetos concluídos ou em vias de conclusão neste ano, na região Centro-Oeste, estão o da Anglo American (GO), em comissionamento para atingir a meta de 40 mtpa de ferro-níquel a partir de 2012, e o da Mineração Caraíba (MT), que começa a produzir 1,3 tpa de ouro a partir de dezembro próximo.

Em Minas Gerais, a mina Lamego da AngloGold Ashanti entrou em ramp up e produção full e a CSN concluiu a expansão da mina Casa de Pedra para 40 Mtpa. Também entraram em operação, no Ceará, a nova fábrica da Cimento Apodi e a mina de ferro da Globest, e o projeto Gurupi (ouro), da Jaguar Mining, no Maranhão. A Votorantim Cimentos conclui este ano as fábricas de São Luís (MA), Santa Cruz (RJ) e Imbituba e Vidal Ramos (SC), além da expansão de Salto (SP). Para 2012, programa a operação das unidades de Cuiabá (MT) e Rio Branco do Sul (PR) e, para 2013, as de Primavera (PA) e Edealina (GO).

Em Desenvolvimento
No Mato Grosso do Sul, prosseguem os projetos de siderurgia da Sitrel e Vetorial, assim como os dois de ouro da Yamana, em Goiás. Também em Goiás, a Votorantim Metais manteve os investimentos na modernização da planta de Níquelândia e continua o projeto de Montes Claros de Goiás.

No Nordeste, a Mineração Vale Verde (Aura Minerals) mantém seu projeto de cobre e ferro em Alagoas e o projeto Carnalita da Vale, no Sergipe, foi poupado dos recentes ajustes da mineradora. Além desse, o estado possui outros três projetos de potássio. Na Bahia, avançam os projetos da Ferro Resources e da Bahia Mineração (Bamin), de minério de ferro, assim como os da Yamana (Santa Luz), Mineração Caraíba (Curaçá, Juazeiro e Jaguarari), Largo Resources (Maracá) e Knauff (Camamu), entre outros.

No Norte, são destaque os projetos da Anglo American (minério de ferro), no Amapá, Potássio do Brasil (potássio), no Amazonas e da Mineração Buritirama (manganês) e Colossus/Coomigasp (ouro), no Pará. Também no Pará, tem continuidade os projetos da Mineração Caraíba (cobre) e Trairão e Inajá do Sul (minério de ferro), da Talon Metals. A empresa vendeu o projeto São Jorge para a Brazilian Gold, que possui outras cinco áreas em prospecção e sondagem de ouro no estado e mais duas em Mato Grosso, adquiridas da mesma Talon Metals.

Também os principais projetos da Vale no Pará foram mantidos, alguns com prazos de operação adiados: expansão de Carajás para 40 Mtpa (2012), Salobo I (2011 para 2012), Salobo II (2013), Serra Leste (2012 para 2013), CLN 150 (2014) e a planta de biodiesel (2015). No Tocantins, os maiores investimentos são da Caltins e Natical (calcário), Itafós Mineração (fosfato) e Mineradora Rio Novo (ouro).

No Sudeste, avançam os projetos de minério de ferro da Ferrous Resources (MG e ES), 4ª Pelotização da Samarco e Tubarão VIII da Vale (ES) e Minas-Rio da Anglo American, Córrego do Sítio (2013) e Córrego do Sítio II (2015) da AngloGold Ashanti, em Minas Gerais. No estado, prosseguem também a expansão da mina do Andrade, da Arcelor Mittal, entre outros. A Vale mantém os investimentos nos projetos Itabiritos (2013), Itabiritos II (2014) e Vargem Grande (2013 para 2014) e a Votorantim Metais decidiu retomar o projeto Polimetálicos, em Juiz de Fora. A Bemisa (Brasil Exploração Mineral) assumiu a carteira de prospectos da GME4. De todos os projetos priorizou os de Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e Piauí.

Iniciados
A Yamana iniciou em 2011 a implantação do projeto de ouro em Pilar de Goiás e deve iniciar a de Caiamar e Suruca em 2012. Em Adrianópolis (PR), a Margem Cimento e a Supremo Cimento começaram a construir sua nova fábrica.

O Rio Grande do Norte ganhou quatro novos projetos: da Ical (calcário) e da CNN (cal siderúrgico) em Baraúna, da Crusader (ouro), em Currais Novos, e da Susa Mineração (minério de ferro), em Cruzeta. Na Bahia, a Empresa Brasileira de Quartzo começou a implantar a Mina São Domingos, em Ibitiara, a Mineração Cruzeiro (Metal Data) reavalia uma mina de chumbo em Boquira e a Santa Fé Mineração (Delta Crescent) começa a prospecção e sondagem de minério de ferro em Lagoa Real.

No Pará, a MRN inicia, em 2012, a abertura da mina do Monte Branco. No Rio Grande do Sul, a Calcário Andreazza concluiu a abertura de sua segunda mina e realiza prospecção e sondagem em duas novas áreas. No mesmo estado, a estatal CRM encerrou a readequação e expansão da Mina de Candiota e parte, em 2012, para a atualização aerofotogramétrica da Mina do Iruí, visando sua reativação.

Adiados
Em Goiás, a Votorantim Metais suspendeu a expansão de Niquelândia até 2012, à espera de uma melhor cotação do níquel. No Ceará, a planta da INB/Galvani Fertilizantes, de fosfato e urânio, teve sua operação postergada de 2012 para 2015, enquanto a Cia.Siderúrgica do Pecém, joint venture entre a Vale, a Dongkuk Steel e a Posco, não será mais concluída em 2014 e sim em 2015.

A Vale também excluiu de seu cronograma de investimentos os projetos Apolo 38 e Cauê, de minério de ferro, e Salitre, da Vale Fertilizantes, em Minas Gerais.

(Outubro/novembro 2011)

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