RESTAURAÇÃO DE FLORESTAS NATIVAS CONTRIBUI PARA O AUMENTO DA BIODIVERSIDADE

RESTAURAÇÃO DE FLORESTAS NATIVAS CONTRIBUI PARA O AUMENTO DA BIODIVERSIDADE

Por:  Christian Fonseca de Andrade (*)

Um dos grandes desafios que o setor mineral enfrenta atualmente é a revisão das estratégias de sustentabilidade. De acordo com relatório realizado pela Ernest Young (EY) sobre os riscos e as oportunidades do setor mineral em 2022, três aspectos foram apontados, sendo um deles o ESG, que envolve, principalmente, o impacto da atividade minerária para as comunidades e a biodiversidade.

Nos últimos anos, a CBA tem buscado estratégias que fortaleçam a cultura que permeia todos os níveis da Companhia. O olhar para o conceito ESG orienta e estrutura as ações e projetos da CBA para garantir a melhoria da competitividade e a geração de valor compartilhado para a sociedade, fornecedores, clientes, empregados e empregadas.

O ano de 2022 trouxe resultados positivos no âmbito da biodiversidade e da sustentabilidade para a CBA. Em parceria com o Laboratório de Restauração Florestal da Universidade Federal de Viçosa (LARF/UFV), a Companhia tem desenvolvido pesquisas e metodologias voltadas ao plantio de espécies nativas do bioma Mata Atlântica, tanto em áreas mineradas como em áreas de compensação ambiental.

Os projetos de restauração florestal são essenciais para a conservação da biodiversidade, mitigação dos efeitos das mudanças climáticas no planeta, sustentabilidade nos ambientes do contexto da mineração de bauxita, formação de corredores ecológicos na região e na conscientização dos proprietários rurais sobre a importância do reflorestamento e de suas obrigações legais.

Um dos estudos de destaque nessa área é o plantio de mudas altas, iniciativa inovadora em projetos de restauração florestal, desenvolvida pela CBA em parceria com a UFV e viveiristas da região de Dona Eusébia, na Zona da Mata Mineira.

Por meio dessa técnica, as mudas altas vêm sendo plantadas nas áreas de reflorestamento da Companhia na Zona da Mata Mineira, com o objetivo de acelerar o restabelecimento da flora e criar áreas para atração e conservação da fauna. O processo foi desenvolvido a partir de um dos principais desafios encontrados na própria natureza: a competição entre mudas de nativas e gramíneas exóticas.

A necessidade de acesso à água, luz e nutrientes provoca uma competição entre mudas e espécies de gramíneas, como a braquiária e o capim-gordura. O resultado é uma elevação das taxas de mortalidade das mudas plantadas. Já as mudas altas – com altura média de 2 metros (quatro vezes maior do que o padrão convencional utilizado nos reflorestamentos de Mata Atlântica), ocupam uma área grande e profunda do solo, absorvem água e nutrientes de forma eficiente e sua maior rusticidade contribui para melhores taxas de sobrevivência e desenvolvimento.

Durante o crescimento, as mudas altas geram uma extensão maior de sombra sobre as gramíneas exóticas, favorecendo o enfraquecimento e, até mesmo, a erradicação dessas espécies à medida que a floresta vai se desenvolvendo. Outra vantagem é a redução da frequência de adubações, coroamentos e replantios, em função do escape das mudas alta da competição com as gramíneas.

Elas também funcionam como poleiros para a avifauna, contribuindo com a dispersão de sementes. Essas vantagens ocorrem uma vez que, em diversas espécies, as mudas altas são precoces no florescimento e frutificação, atraindo a fauna desde os primeiros meses do plantio, a exemplo da aroeirinha (Schinus terebinthifolius), da crindiúva (Trema micrantha) e da pitanga (Eugenia uniflora), acelerando o processo de restauração florestal.

Paralelamente, o projeto abre um novo mercado para os viveiristas da região de Dona Eusébia, trazendo a oportunidade de maior produção e comercialização de mudas altas de espécies nativas de Mata Atlântica para outros projetos de restauração florestal. Também é importante ressaltar que toda a pesquisa relacionada ao tema é pública e está compilada no capítulo “Reflorestamento com mudas altas: uma inovação da restauração florestal na mineração de bauxita em Minas Gerais”, publicado em 2022 no livro Engenharia Florestal (Científica Digital).

O projeto de mudas altas reforça o compromisso da CBA em promover ações que vão além do alumínio e refletem seu propósito em produzir de forma social e ambientalmente responsável, estruturar conteúdos com perspectivas baseadas na sustentabilidade e promover iniciativas que estejam alinhadas à nossa estratégia e pilares.

Christian Fonseca de Andrade é gerente das Unidades de Mineração da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) na Zona da Mata Mineira.

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