REDES SOCIAIS MINERADAS

REDES SOCIAIS MINERADAS

Por Ricardo Gonçalves

O mundo atual é bastante pautado pelas novas mídias. Com as pessoas conectadas praticamente “24/7” – 24 horas dos sete dias da semana, ou seja o tempo todo –, as postagens contribuem para a sua imagem pessoal e profissional. Negativa ou positivamente. A paixão pelas redes explodiu mundialmente no começo da década de 2000. Primeiro veio o Fotolog, em 2002, uma espécie de blog pessoal, onde o usuário postava fotos com legendas. A interação vinha dos comentários de amigos e outras pessoas que vissem as fotos. Parecido com o Instagram, não?

Depois disso, veio o saudoso Orkut, em 2004. Uma febre ainda maior no Brasil. O usuário construía sua página pessoal, com fotos, uma descrição, curtia comunidades e podia trocar mensagens com outros membros, via “scrap” ou por “depoimento”. Notou as semelhanças com o Facebook? A diferença é que, antigamente, tais mídias serviam apenas para uso pessoal. Com novas redes, como Twitter, Facebook e LinkedIn, empresas entraram na esfera tecnológica. Dessa forma, encontraram uma boa forma de se comunicar com clientes, fornecedores e outros usuários, além de divulgar suas atividades.

Para a indústria mineral específica, surgiu uma ótima maneira de se comunicar com a sociedade e, assim, romper com a longínqua imagem negativa, que envolve o setor há tanto tempo. Até alguns anos atrás, estudos estrangeiros, em especial australianos, apontavam uma relativa falta de jovens talentos e o receio de lidar com um feedback negativo dos usuários como os dois maiores fatores para a ausência de empresas da mineração no mundo da tecnologia. Esse panorama, no entanto, mudou bastante e será aqui detalhado.

Twitter LogoDe uma amostragem total de 108 companhias identificadas, 51% delas são fabricantes de equipamentos ou prestadoras de serviços, enquanto 38,8% são mineradoras e as 10,2% restantes, associações ou instituições oficiais, como a Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM) e a Secretaria de Estado de Indústria, Comércio e Mineração do Pará (SEICOM/PA). O mais comum no Twitter são postagens com fotos, mas nem sempre são notícias. Muitas vezes, as imagens vêm juntas de mensagens corporativas ou da visão da empresa. Executivos parabenizados e respostas a usuários também aparecem comumente. Essa interação entre a conta oficial e as pessoas interessadas é constante na rede, além de sorteios e alguns convites para eventos.

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Dentro do quadro apenas de mineradoras, aproximadamente 24% delas são junior companies, como Amarillo Gold, Centurion Minerals, Luna Gold, Klondex Mines e Northern Gold. O twitter da extinta Colossus Minerals, criado em 2011, deixou de postar notícias em janeiro deste ano. Já a Serabi Gold possui um site moderno e com notícias recentes, porém, o seu twitter foi desativado no ano passado – a conta ainda existe, mas as postagens pararam.

Paraíba: única superintendência do DNPM nas redes sociais
Paraíba: única superintendência do DNPM nas redes sociais

Outra curiosidade é o fato de que a rede social da Anglo American no Brasil possui mais seguidores do que a página mundial da companhia. São, respectivamente, 34,1 mil e 32,8 mil seguidores. A Vale é a empresa com a maior quantidade de pessoas interessadas, atingindo a marca de 76,8 mil followers, isso apenas em comparação com as mineradoras.

Dentre as fabricantes, a John Deere se destaca devido à quantidade de 83 mil seguidores. As postagens são feitas apenas na língua inglesa e praticamente todas possuem fotos atreladas. Em relação a duas das maiores fabricantes de caminhões, a Volvo possui duas contas voltada apenas para o setor, a Volvo Trucks e a Volvo Caminhões, que postam respectivamente em inglês e português. Já a Scania não priorizou uma conta para o segmento de caminhões. A Scania Brasil posta novidades de forma geral na língua portuguesa.

Completam a lista as instituições oficiais e associações, como o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), entre outros. O fato que mais chamou atenção é que apenas uma Superintendência do DNPM possui um Twitter próprio: a da Paraíba. Algumas importantes instituições não foram encontradas nessa rede social, mas aparecem na próxima.

LinkedIn LogoO LinkedIn possui hoje o posto de uma das mais profissionais das redes sociais. As empresas possuem perfis próprios, mas não têm o costume de postar com a mesma frequência que no Twitter. Num geral, são divulgadas pela rede social vagas de emprego e notícias já postadas no site oficial. A interação com usuários praticamente não existe. O mais curioso do LinkedIn é que, ao acessar a página de uma companhia específica, você tem acesso ao quadro funcional dela.

Em comparação com o Twitter, foi identificado um número considerável a mais de companhias durante a pesquisa feita para a matéria. Somando empresas de todas as áreas, a amostragem foi de 141. Desse total, 79 companhias são fabricantes de equipamentos ou prestam serviços voltados para a mineração, como consultoria ou engenharia. Ou seja, 56% do setor está representado por essas empresas.

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O aumento das fabricantes resultou na diminuição percentual de associações e instituições oficiais, comparando-se as duas redes. Em números absolutos, são praticamente iguais, mesmo com órgãos como o Centro de Tecnologia Mineral (CETEM) tendo páginas apenas no LinkedIn. Por outro lado, nenhuma Superintendência do DNPM possui um perfil específico. Há apenas a conta oficial do DNPM.

Também analisando números absolutos, o mesmo não se pode dizer em relação às fabricantes de equipamentos e prestadoras de serviços. Se eram 55 no Twitter, aumentaram para 79 encontradas no LinkedIn. Alguns exemplos de empresas que apareceram com páginas nesta rede, mas não na anterior, são MDE – Manufatura e Desenvolvimento de Equipamentos, BGL – Bertoloto & Grotta, Bozza, ARANZ Geo e PTI – Power Transmission Industries do Brasil.

No lado direito da página, o usuário pode conferir o perfil de funcionários
No lado direito da página, o usuário pode conferir o perfil de funcionários

No caso da Britanite, sua conta no Twitter nunca foi utilizada, enquanto no LinkedIn é possível ver tanto a descrição quanto os funcionários que trabalham na companhia. A Caterpillar possui inúmeras contas fragmentadas, para os variados departamentos da empresa. Há uma página específica para o Grupo, outra para as Finanças, uma terceira para a Logística, entre outras.

Quanto às mineradoras, mesmo com um “empate técnico” percentual entre as duas mídias sociais (38,8% no Twitter e 38,3% no LinkedIn), muitas apareceram pela primeira vez, como a Mineração Curimbaba, Mirabela, Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), Belo Sun Mining e Beadell Resources. Uma das grandes sacadas da rede são os grupos de discussão entre usuários. Há grupos sobre mineração num geral, em português e inglês, e o caso específico da Companhia Riograndense de Mineração (CRM), que não possui uma página, mas sim um grupo de discussão a respeito.

Facebook LogoO Facebook possui 1,3 bilhão de usuários mundialmente, enquanto LinkedIn e Twitter ocupam a segunda e terceira colocações entre as redes mais usadas, respectivamente com 300 e 270 milhões de usuários. No Facebook, as páginas do setor mineral não costumam interagir tanto com os usuários, apesar da participação das pessoas nos comentários ser bem maior do que no Twitter. Há também algumas companhias que possuem perfis e não páginas, ficando de fora desse estudo. Vídeos de operações, entrevistas ou apresentações de produtos, por exemplo, são comuns, além de fotos e textos resumidos.

O universo, parecido com o do LinkedIn, bateu a marca de 146 empresas. Do total, 11% são associações ou instituições, maior número dentre as novas mídias. Isso aconteceu pelo aparecimento de páginas como a Conexpo (o Twitter difere, pois são criadas contas diferentes para cada edição) e o Sindipedras (Sindicato da Indústria de Mineração de Pedra Britada do Estado de São Paulo). O DNPM possui um grupo fechado para discussão entre os servidores.

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Dentre as mineradoras, que representaram 39,7% do total, destacam-se a Vale, pela quantidade de 460 mil likes, que tem o costume de responder dúvidas dos usuários, fugindo à exceção, e a Anglo American, que posta quase que diariamente. Uma das curiosidades foi o menor número de junior companies encontradas no Facebook. Algumas delas, como a Luna Gold, sequer postaram algo. Nos casos de Klondex Mines e Lara Exploration, são apenas publicados links de sites oficiais, normalmente sem foto ou texto.

A Vale é uma das poucas a responder comentários e tirar dúvidas em sua página no Facebook
A Vale é uma das poucas a responder comentários e tirar dúvidas em sua página no Facebook

A página da Sebaio Mineração chamou a atenção pelo uso de uma linguagem mais nova e bem-humorada, com imagens brincando em referência à expectativa dos resultados do laboratório de Química, por exemplo. Há também dicas sobre o uso de água e fotos dos geólogos no campo. Outra conta que chamou a atenção foi a OCS Mineração, com a divulgação de seu jornal interno e dicas sobre o uso de blocos de concretos.

Apesar do universo parecido com o do LinkedIn, foi possível identificar fabricantes de equipamentos que não estão lá nem no Twitter, mas que possuem Facebook. É o caso da ICEMS e da Gemdra. O Grupo Hidrau Torque (GHT) não possui LinkedIn e sua conta oficial no Twitter foi deixada de lado em 2012. Em contrapartida, o Facebook é bem ativo, com convites para estandes e novidades da empresa, como o site remodelado recentemente.

Com a marca impressionante de mais de 2,2 milhões de seguidores, a John Deere se destaca na rede social, mesmo com as postagens sempre em português. Já a Gascom mostra uma boa forma de tentar atrair mais curtidas, com o mínimo possível de texto, sempre optando pela postagem de fotos e vídeos.

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