QUEM PESQUISA O QUÊ?

QUEM PESQUISA O QUÊ?

Por Tébis Oliveira

Voltamos ao tema Pesquisa Mineral na última edição do ano, como já fizemos na edição nº 06 que fechou o ano passado. Não é por falta de assunto para matérias e reportagens. Pelo contrário: temos novidades – muitas e boas. Inclusive porque, à consolidação dos dados obtidos a partir dos alvarás de pesquisa de lavra emitidos pelo DNPM em 2006, pudemos integrar os resultados do trabalho baseado nos alvarás emitidos em 2005. Essa conjugação nos revelou algumas surpresas. Por exemplo: o Acre não é mais uma fronteira da mineração brasileira. Hoje, além de água mineral, pesquisa-se lá também areia e estanho. A Paraíba pode vir a ser uma Meca do cobre, dependendo do que identificarem os 84 alvarás de pesquisa do minério emitidos para o estado. Pernambuco também, se consideramos que 74 alvarás foram emitidos em 2006 contra apenas 4, que continuam vigentes, em 2005. E o Piauí, onde além do cobre (128 novos alvarás), avançam as pesquisas de níquel.

A Bahia, confirmando uma tendência já apontada pela In The Mine na edição anterior de pesquisa mineral, está bombando. Diversificou o leque de substâncias pesquisadas e é líder absoluta do número de alvarás emitidos para granito (978), ferro (649), cobre (514), ouro (503), níquel (431), manganês (374), diamante (255), quartzito (143), mármore (137), zinco (112), titânio (78), vanádio (51) e fosfato (17).

O minério mais pesquisado no Brasil continua sendo o granito, mas o menos pesquisado não é mais a silvinita e sim o silício (18 alvarás). A pesquisa de silvinita, aliás, continua monopólio da Petrobras (35 alvarás, somados os de 2005 e 2006) e do Estado do Amazonas, o único do País com pesquisas do minério. Pesquisa-se granito e areia em 25 estados brasileiros, ouro em 23 estados, argila e calcário em 22, cobre em 18 e ferro e quartzo em 17. Goiás é onde mais se pesquisa calcário (97 alvarás), em São Paulo é areia (337), argila (318) e turfa (71) e, no Pará, bauxita/alumínio (130). A Vale ainda é a mineradora que mais pesquisa em mais estados. Mas é a CBPM (Cia.Baiana de Pesquisa Mineral) que pesquisa mais substâncias. No entanto, há também alguns estranhos nesse ninho: há alvarás de pesquisa titulados a empresas que vendem livros, que atuam em pecuária, no agronegócio, comércio de frutas e, acreditem ou não, até mesmo para um restaurante.

Essas e as outras informações foram obtidas com a consolidação de 19.493 alvarás de pesquisa de lavra emitidos de 01.01 a 31.12.06. Aproveitamos também os dados de consolidação dos 20.974 alvarás emitidos em 2005. Os critérios do trabalho anterior foram mantidos neste. São eles: os alvarás titulados a minerais e minérios correspondentes foram reunidos num mesmo grupo (ferro e minério de ferro, por exemplo); foram incluídos nas tabelas os minérios com número mais expressivo de alvarás em relação à base geral de títulos e não aqueles mais importantes por sua aplicação ou valor econômico; mesmo sendo público o ato de emissão dos alvarás, optamos pelas outorgas feitas a pessoas jurídicas. Fica a ressalva, ainda, que a emissão dos títulos não implica na realização efetiva da pesquisa mineral. Serve, no entanto, como indicador da ocorrência de minério na área e do interesse do mercado nesse minério. Mais uma vez, agradecemos ao diretor-geral do DNPM, Miguel Antônio de Cedraz Nery, e ao assistente de diretoria do órgão, geólogo Paulo Ribeiro Santana, pelo apoio no desenvolvimento deste trabalho que, sem isso, não teria sido concretizado.

Tabela_EstadosMaisPesquisados_ITM12

Dança dos Minérios  Em Alagoas, o ouro que, como diria Chico Buarque, nem tinha entrado na história dos alvarás emitidos em 2005, ganhou 35 títulos em 2006. Também são novos os alvarás de pesquisa de cobre, mármore e níquel. O ouro também mantém a dianteira no Amapá, seguido pelo ferro. São novidade as buscas por areia, cromo, estanho, manganês e tântalo, sem alvarás de pesquisa em 2005. No Amazonas, estão em vigência 111 alvarás de pesquisa de bauxita/alumínio, somados os emitidos em 2005 e 2006. A Petrobras, que já possuía, em 2005, 11 alvarás de pesquisa de silvinita no estado, requereu outros 24 em 2006, o que faz do minério o terceiro mais pesquisado lá, depois da bauxita e ouro. Há também pesquisas de cobre, diamante e fosfato, além de mais alvarás para estanho (15 em 2006 contra 3 em 2005).

Na Bahia, destacam-se o chumbo (68 alvarás em 2006 contra 7 em 2005), cobre (514 contra 9), diamante industrial (255 contra 10), ferro (649 contra 274), níquel (431 contra 162), ouro (503 contra 326), titânio (78 contra 4) e zinco (112 contra 16). O granito continua o minério mais pesquisado (2.123 alvarás entre 2005 e 2006), seguido do ferro, ouro e manganês, se considerados os resultados dos dois anos, ou do ferro, cobre e ouro, se computados apenas os alvarás de 2006. O estado agora também pesquisa bauxita/alumínio, filito e vanádio. O Ceará ainda pesquisa muito cobre, granito e calcário. E também mais areia, manganês, níquel e quartzito. A platina promete – 31 novos títulos em 2006 contra nenhum no ano anterior.

No Distrito Federal, areia e ouro são mais pesquisados e há também trabalhos com argila, cascalho e turfa. No Espírito Santo, aumentaram os alvarás de areia (138 em 2006 contra 44 em 2005), argila (78 contra 59), argila refratária (66 contra 27), gnaisse (8 contra 1), turfa (19 contra 2) e, principalmente granito (840 contra 483). Em Goiás, foram aumentados os alvarás para pesquisa de argila (de 22 em 2005 para 35 em 2006), basalto (5 para 13), chumbo (1 para 5), diamante (24 para 43), ferro (16 para 18), gnaisse (6 para 11) e quartzito (17 para 30). Em 2006, os alvarás mais emitidos foram de pesquisa de ouro, níquel e areia. Com os resultados de 2005, no entanto, o ranking muda para níquel, ouro e cobre. No Maranhão, mantêm-se como os três minérios mais pesquisados o calcário, ouro e areia.

No Mato Grosso, subiu o número de alvarás emitidos para argila (8 para 33), cobre (18 para 101), diamante (31 para 48) e fosfato (8 para 39). Ouro, cobre e calcário ficam com o maior número de alvarás de pesquisa. Mato Grosso do Sul não registrou novos alvarás para argila refratária, diamante industrial, granito ornamental, ouro e turfa. Os mais pesquisados são areia, diamante e basalto, se somados os alvarás de 2005 e 2006, e diamante, quartzo e fosfato, se tomados apenas os de 2006. Minas Gerais continua, claro, a procurar mais ferro (280 novos alvarás contra 265 em 2005). E também por mais manganês (57 contra 2) e turfa (26 contra 1). Nos dois anos e também em 2006, os minerais mais pesquisados são granito, ferro e ouro. No Pará, cresce a procura por cobre (89 alvarás em 2006 contra 55 em 2005) e muito mais por níquel (339 contra 62). Nos dois anos, os três primeiros colocados são ferro, níquel e ouro. Pelos alvarás de 2006, são níquel, ouro e bauxita.

Tabela_MineriasMaisPesquisados_ITM12

A Paraíba estréia na pesquisa de cobre, com 84 alvarás requeridos pela Vale, e o Paraná na de enxofre e rocha betuminosa, aumentando ainda as pesquisas de areia, argila, calcário, cobre e ouro. A Vale também pesquisa cobre em Pernambuco, monopolizando os 72 alvarás emitidos em 2006. No Piauí, que já pesquisava cobre em 2005 (7 alvarás) foram emitidos outros 128 títulos, além de 87  para ouro, 73 para ferro e 37 para níquel, alterando o ranking de mais pesquisados em 2005 (calcário, manganês e argila refratária) para cobre, ouro e ferro. O Rio de Janeiro começa a pesquisar bauxita/alumínio e tem o granito, areia, gnaisse e argila como as substâncias com mais alvarás emitidos. No Rio Grande do Norte, o granito soma, entre 2006 e 2005, 215 alvarás, liderando os mais pesquisados, com o ouro (170 alvarás) e calcário (104). A scheelita, com os alvarás de 2005 (51), totaliza hoje  91 títulos.

No Rio Grande do Sul, pesquisa-se mais areia (182 alvarás nos dois anos), basalto (85) e argila (54). O estado agora pesquisa titânio e intensifica as buscas por ouro. Em Rondônia, as maiores pesquisas (2005 e 2006) foram de ouro (202 alvarás), estanho (123) e areia (78). Aumentaram as buscas por diamante (33 alvarás em 2006 e 27 em 2005) e diamante industrial (33 contra 11), mas diminuíram as de cobre (2 contra 32 em 2005). Roraima começa a pesquisar diamante industrial, areia, fosfato e granito ornamental. O cobre ainda é o minério mais pesquisado lá, pelos alvarás emitidos em 2005, já que em 2006 não houve novos títulos. Santa Catarina inaugura a pesquisa de níquel, enxofre, estanho e folhelho betuminoso e aumenta a de caulim (46 alvarás em 2006 e 11 em 2005). Em São Paulo, como em 2005, areia, argila e argila refratária são os mais pesquisados em 2006. É nova no estado a pesquisa de chumbo, enxofre, e fosfato. Sergipe tem o níquel, diamante e granito na dianteira das pesquisas (2005 e 2006) e o Tocantins aumentou as pesquisas de ouro (134 alvarás contra 75 em 2005) e cobre (144 contra 19) que, com o níquel, são as substâncias mais pesquisadas ali.

(Novembro/dezembro 2007)

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