A indústria 4.0, da forma como foi concebida, é um conceito que traz aparelhamento e dinâmica à visão do negócio. A definição é de Álvaro Bragança, diretor de Negócios da Promon, para quem, após a mecanização, os processos de automação e, agora, os de indústria 4.0, visam fundamentalmente atacar as dimensões de menor custo de produção e maior eficiência operacional refletindo, ainda que de forma indireta, na segurança funcional e industrial e na sustentabilidade das operações.
Dessa forma, a operação da mina deve estar integrada ao conjunto global da empresa e também ao universo de seus clientes. Mas alerta: ter caminhões off road autônomos ou operação remota em sites de difícil acesso faz sentido para o conceito de uma indústria 4.0, embora não a caracterize como tal. É apenas mais um elemento nessa direção.
Para questões de tecnologia e desenvolvimento, Bragança diz que “small is beautiful”. Ou seja: deve-se pensar em pequenos módulos ou pilotos, testá-los instalando sensores e coletando dados e ir somando pequenas conquistas para integrá-las ao conjunto das operações. Essa integração vem ocorrendo em instalações e sistemas operacionais ou plataformas, o que implica no sensoriamento de dados e em seu tratamento e retroalimentação no processo.
Modelos segmentados para aprendizado
“A confiabilidade dessa arquitetura de informações é fundamental para não gerar uma cadeia imprópria de dados. Por isso, o modelo segmentado é o mais adequado. Ele permite entender o que acontece em menor escala, aprendendo com os erros eventuais para, só então, amplificar o modelo”, justifica Bragança. “O uso de pilotos permite levar engenharia de valor para o negócio do cliente, fazendo os ajustes necessários no processo. Além disso, com o Big Data, quanto mais consistentes os dados, mais insights conseguimos ao longo do tempo”, complementa Osvaldo Bernardo, diretor de Operações e Gestão do Conhecimento da Promon.
Do ponto de vista da sustentabilidade, Bragança considera que se tornaram paradigmas nos projetos o menor consumo e a maior reciclagem de água, os processos a seco e que consumam menos ou gerem sua própria energia e, ainda, a redução do volume de geração de rejeitos. Para nortear essas pautas, a Promon baseia sua oferta a clientes nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (Organização das Nações Unidas), orientando sua observância na concepção de qualquer novo projeto.
Barragens: abordagem equivocada do negócio
No caso das barragens, o diretor de Negócios é radical: para ele, nenhuma mineração deve considerar essas estruturas em seus processos, optando pela drenagem e empilhamento a seco dos rejeitos. “As barragens garantem um baixo custo ao projeto mineral e são uma solução, ainda que imprópria. Seus custos exógenos percebidos pela sociedade, de destruição de vidas humanas e de grandes áreas ambientais, não foram considerados no modelo de tomada de decisão do projeto. Foi uma abordagem equivocada do ponto de vista do negócio”, afirma.
Quanto ao avanço da mineração rumo à indústria 4.0, Bragança lembra que o setor não é protagonista na busca de conhecimento e tecnologia, como o de óleo e gás, por exemplo. Na verdade, situa-se numa cadeia um pouco mais reativa e tem entraves culturais, o que é natural dado ser uma atividade mais tradicional e conservadora. Ainda assim, diz o diretor, novas tecnologias têm sido incorporadas aos processos e novos patamares de operação e qualidade têm sido alcançados, com ganhos de competitividade.
Excelente Visão de Negócios
Parabéns