Por: Luciano Alves, CEO da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA)
2024 foi um ano em que muito se falou sobre transição energética, descarbonização e as perspectivas para o alumínio neste contexto. De acordo com o IAI – International Aluminium Institute, as previsões são bastante otimistas, com aumento de 40% na demanda do metal até 2030, impulsionada por setores-chave como construção civil, transporte e energia, principalmente com novas aplicações relacionadas à transição energética.
Foi também um ano de desafios. Iniciamos o primeiro trimestre com sinais de acomodação da inflação no mundo, após ter alcançado níveis recordes em muitos países, abrindo espaço para os bancos centrais retomarem a trajetória de redução dos juros. Ao longo do ano, caminhamos em direção a uma readequação gradual da demanda no mercado global e encerramos com um cenário favorável. Por outro lado, algumas interrupções no fornecimento de bauxita e alumina em diversos locais do mundo (Austrália, Índia, China e Guiné) levaram o preço da alumina a valores também recordes. Com isso, o preço do alumínio esteve em ascensão nos últimos meses, sustentado em patamares saudáveis para toda a indústria.
Na CBA, vimos concretizar-se neste ano uma das principais vantagens competitivas do nosso negócio, que é a integração na cadeia produtiva, considerando a autossuficiência na produção da nossa própria bauxita e alumina, além da capacidade de gerar 100% da energia consumida no processo produtivo a partir de fontes renováveis próprias. Seguimos focados no aumento de nossa produção e na oferta de um alumínio de baixo carbono, com impactos positivos ambientais e sociais. Nos mantivemos no primeiro quartil da curva global de custos e de emissões de CO2, fruto de uma estratégia de longo prazo, com investimentos na redução das emissões, foco em produtos de maior valor agregado e impulsionada pelo crescimento econômico do país, especialmente nos setores de transportes e embalagens, o que está refletido no aumento do consumo per capita de alumínio no Brasil.
Para crescermos e nos mantermos competitivos, atualizamos em 2024 o nosso plano de investimentos para os próximos anos. No pipeline de 2024 a 2026, temos a previsão de aporte de R$ 2,3 bilhões em projetos que visam: a modernização da tecnologia das salas fornos; a instalação de novos equipamentos para aumentar a produção de folhas finas e extrafinas; e a ampliação da capacidade de captação e processamento de material reciclado. As demais iniciativas se concentram também em ampliação da capacidade, produtividade e melhoria da eficiência operacional. Todos os projetos são também avaliados pelos aspectos ESG. A CBA já é referência mundial em emissões de carbono, estando 3,5 vezes abaixo da média global, e diversos desses projetos atendem a nossa meta de redução de mais 40% das emissões de carbono até 2030.
Como entregas essenciais para o crescimento e perenidade do negócio, lançamos em 2024 dois projetos de investimento. Um deles é a disposição de resíduos a seco na barragem do Palmital, em Alumínio (SP), ampliando a parte sólida dos materiais ali depositados e tornando o reservatório mais seguro. Mais recentemente, trouxemos ao mercado a tecnologia ReAl, uma inovação patenteada pela CBA, que permite separar o alumínio do plástico em embalagens multimateriais, com uma nova perspectiva para a cadeia de reciclagem. A planta tem capacidade para reciclar 1,3 bilhão embalagens por ano.
A transição energética tem um papel central no futuro da indústria do alumínio. Por um lado, pode suportar um aumento da demanda pelo metal, que é parte da solução de descarbonização de muitas outras indústrias. Por outro lado, a própria indústria do alumínio deve oferecer sua própria contribuição para a redução das emissões globais. Para nós, o futuro é de alumínio!
Crédito Foto CBA: CBA/Divulgação