Uma frota completa elétrica a bateria para carregamento e transporte de minério em frentes de lavra pode ser montada com equipamentos fabricados pela XCMG. Além de escavadeiras, pás-carregadeiras e caminhões rodoviários e off road, o portfólio inclui máquinas de apoio como motoniveladoras.
A empresa também já possui caminhões rodoviários movidos a hidrogênio operando em outros países. Os mesmos modelos, exceto os de escavadeiras de grande porte, ainda em processo de aprovação, podem ser operados no modo autônomo ou, como ocorre no Brasil devido à necessidade de uma rede 5G, ainda em implantação, no modo semiautônomo, através de controle remoto.
A afirmação é do gerente de Negócios do grupo, Shen Lung, que destaca os desafios ainda existente para o uso pleno dessas tecnologias. No caso dos equipamentos elétricos, o tempo de recarga da bateria e a própria bateria, que precisa ganhar uma autonomia maior. Já a automação depende diretamente da evolução do sistema de rede 5G no Brasil que, segundo ele, pode solucionar 90% dos atuais problemas de comunicação entre a máquina e a estação de trabalho. “Hoje, poucos players da mineração possuem essa tecnologia instalada e a infraestrutura brasileira, como um todo, ainda não está preparada para trabalhar com uma rede desse tipo”, avalia.
Opções sustentáveis
As máquinas semiautônomas da XCMG em uso no Brasil estão sendo aplicadas em processos de extração de minérios e em obras de descaracterização de barragens de rejeitos, com dois ganhos principais: a segurança e o conforto do operador. “Outro ponto relevante é o aumento de 30% na produtividade dos equipamentos, em relação à operação manual, por facilitar as trocas de turno e evitar falhas humanas que podem danificar as máquinas ou os componentes, o que também tem impacto nos custos operacionais e de manutenção”, explica Shung.
Segundo ele, em teoria, não há limites à incorporação dessa tecnologia, o que faz com que todos os equipamentos possam trabalhar de forma autônoma e remota. “A XCMG já possui uma solução unificada que permite realizar alterações em cada tipo de equipamento com esse objetivo”, garante o gerente.
O conforto do operador também é um dos maiores benefícios do emprego de equipamentos elétricos, devido à diminuição drástica de ruído e temperatura da máquina. A solução elétrica pode ainda, diz Shung, estimular as mineradoras a investirem em energia solar ou eólica, que podem ser geradas dentro da própria mina, reduzindo o custo de operação de forma significativa.
A geração atual de equipamentos elétricos da XCMG utiliza baterias de lítio-ferro-fosfato (LFP), hoje consideradas mais seguras e de melhor custo-benefício do mercado, com duração aproximada de 10 anos. A autonomia da máquina depende do tipo de operação que ela realiza e está relacionada à tecnologia da bateria.
“Atualmente, duas fabricantes chinesas de baterias – a CATL e a BYD – estão investindo bilhões de reais em pesquisas para aumentar a densidade energética no interior das baterias e, com isso, talvez duplicar ou mesmo triplicar sua autonomia”, conta Shung. Já o problema de recarga pode ser solucionado com o sistema elétrico de troca rápida de bateria (swap), sem qualquer perda de produtividade se comparado ao sistema a combustão, garante o gerente.
Outro projeto de descarbonização da XCMG é o de uso de hidrogênio como combustível, atualmente disponível apenas para caminhões rodoviários e em outros países. “Hoje, no Brasil, não estamos focados nessa solução, porque o hidrogênio verde ainda demanda muita energia para sua produção no processo de hidrólise. Além disso, o país não possui uma empresa que forneça esse produto em larga escala ou realize seu transporte, que é uma operação bastante complicada, semelhante à do gás natural, que foi popularizado apenas no estado de São Paulo”, considera Shung.
Foto em destaque no alto da página: caminhão elétrico XDR80TE, para 72 t