Por Tébis Oliveira
“Por fora pedra,
Dentro cristal
E entre as camadas
O caminho
Do minério
Ao mineral”
O poema acima foi postado no perfil oficial do músico Arnaldo Antunes no Instagram (www.instagram.com/arnaldo_antunes). A revista In The Mine perguntou o que ele continha de “geologicamente” verdadeiro a ninguém menos que o maior descobridor de minerais do Brasil. Com a palavra, o geólogo e professor do Instituto de Geociências (IGc) da USP, Daniel Atencio:
“Pedra é um termo popular para rocha, que são associações de minerais. Os minerais são cristalinos, isto é, têm estrutura cristalina, com átomos organizados em planos. Se, devido a esse arranjo, existirem faces planas nos minerais, diz-se que são cristais. Ao falar em camadas, o autor se refere a esses planos que se formam pelo arranjo dos átomos? Ou remete aos planos das rochas, que se formam por sedimentação, metamorfismo ou fluxo magmático?”
“Já minério é um termo aplicado a minerais e rochas que têm valor econômico. ‘Do minério ao mineral’ é apenas um verso para rimar com cristal? Ou o autor propõe um estudo mineralógico de caracterização do minério? Um texto mais científico diria:
As rochas são feitas de minerais
Minerais são cristalinos
Com faces são cristais
Rocha, mineral, cristal
São minérios
Se tem valor comercial”
Após essa aula, a conclusão unânime de nossa redação é que, se poetas nada entendem de geologia, há muito de poeta nos geólogos…
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Figuras do livro Enciclopédia dos Minerais do Brasil – Óxidos e Hidróxidos (2015, volume 3, no prelo). Autores: Paulo C.P. Neves & Daniel Atencio. Editora da Ulbra