Por Tébis Oliveira
Ele chegou na Vanádio Maracás em 2014, como gerente geral. Desde abril de 2016, é o presidente da Largo Resources Brasil. A ascensão rápida foi mais que merecida. No final de 2015, já como diretor de Operações, o engenheiro de minas formado na turma de 1985 pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), Paulo Guimarães Misk, se viu com sua equipe diante de uma planta com uma recuperação baixíssima, custos altos e produção de apenas 400 t/mês, quase metade da prevista no projeto. E o pior, estavam sós. Os técnicos sul-africanos que trouxeram a tecnologia para a mineradora já haviam voltado a seu país.
“Tivemos que aprender na raça”, lembra Misk. E aprenderam. A lista de problemas faria inveja à dos crimes de muitos políticos e empresários desmascarados na Lava Jato. Das variações de PH e temperatura à remoção de sílica, que produziu o primeiro vanádio laranja do mundo. Quase toda a planta teve de ser remodelada, ora para aumentar a capacidade, ora para melhorar a eficiência, ora porque simplesmente não funcionava. A equipe se reunia diariamente para discutir os ajustes, fazendo intervenções pontuais, mas definitivas. O ramp up da mineradora se alongava e foi preciso renegociar dívidas, salários, contratos de serviços e insumos. Como toda junior company cujo principal investimento se complica, a Largo Resources também tinha problemas de capital.
Em cerca de um ano, ao final de 2016, o esforço foi recompensado. “Nosso resultado foi 127% maior que o previsto no budget. A recuperação aumentou para 95% na moagem e lixiviação e para 98,3 % na planta química. A produção atingiu 828 t/mês, aumentando em 90% nossa capacidade nominal”, conta o presidente. Neste ano, a empresa já recebeu duas visitas de uma empresa aeroespacial. O setor é exigente – certifica o produto na própria planta de produção – mas paga muitíssimo bem por um vanádio de qualidade Premium como o da VMSA: cerca de US$ 5,38/libra atualmente.
Nesta entrevista exclusiva à revista In the Mine, Misk detalha a escalada que levou a mineradora a se tornar realidade. Fala das perspectivas do mercado mundial desse metal “verde”, da atual política mineral brasileira e de seus planos como recém empossado coordenador de Mineração da Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CCBC). Elogia os fornecedores que o apoiaram nos tempos ruins e mais ainda à equipe de funcionários, num reconhecimento bastante sincero: “O que fizemos foi obra de todos”, afirma. Esse espírito de grupo, aliás, se reflete no que afirma ser seu projeto de vida: “Ser feliz. Mas não sozinho. Com todos que me rodeiam”.
Faça o download do pdf com a íntegra da entrevista publicada na edição 67 da In The Mine