NOVOS MAPAS GAÚCHOS

NOVOS MAPAS GAÚCHOS

Por: Redação ITM

No final de maio passado, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) lançou os projetos Batólito Pelotas – Terreno Tijucas e Sudeste do Rio Grande do Sul. Esses mapas de integração de dados geológicos são os primeiros a cobrir as regiões Sul, Centro Sul e parte do Vale do Rio Pardo do estado gaúcho e revelam indícios da ocorrência de mineralizações de estanho, tungstênio, chumbo, ouro, cobre e rochas ornamentais

Batólito
Localização do projeto Batólito Pelotas – Terreno Tijuca

 

Batólito Pelotas – Terreno Tijuca

Coordenado pelos pesquisadores do SGB-CPRM, Lucy Takehara e Jorge Henrique Laux, o projeto foi desenvolvido em uma área de 60 mil km2, localizada entre os municípios de Guaíba e Jaguarão, ao sul da Província Mantiqueira, abrangendo a porção leste do Escudo Sul-Rio-Grandense (ESRG). O trabalho resultou em um mapa geológico, um mapa de recursos minerais e associações tectônicas, ambos em escala 1:500.000, e em um mapa de detalhe da Mina Campinas.

O foco principal do projeto foi a caracterização das mineralizações que ocorrem no Batólito Pelotas e na porção leste do Terreno Tijucas. Atualmente, essas áreas possuem exploração comercial de argila, calcário (mármore calcítico e dolomítico), carvão, caulim, pedra de corte, rocha ornamental, brita e areia.  Depósitos de pequeno porte já foram explorados no local por uma mina de chumbo, até a década de 2000, por diversas minas e/ou garimpos de estanho, até a década de 1980, e de tungstênio, até a década de 1940.

Dessa forma, os principais jazimentos conhecidos na área de estudo são de chumbo, cobre, estanho e tungstênio, além de ocorrências de cobre e ouro. De  ocorrência restrita ou de menor expressão econômica há molibdênio, fluorita, berilo, feldspato-quartzo, areia, argila, rocha ornamental e turfa.

Os estudos realizados no Terreno Tijucas indicam que a região poderia ter potencial para cobre, zinco e chumbo, associados principalmente com as unidades do Complexo Metamórfico Porongos, onde trabalhos de exploração já foram realizados pela Shell (décadas de 1970 e 1980) e Votorantim (década de 2000 a 2010), em depósitos vulcanogênicos (VMS) de chumbo e zinco.

No Batólito Pelotas que, para efeito do projeto, foi dividido em cinco suítes, o ouro está associado à Suíte Pinheiro Machado. Verificaram-se também mineralizações de wolfrâmio encaixadas nas rochas da Suíte Encruzilhada do Sul, assim como que a ocorrência de chumbo em Amaral Ferrador está encaixada em rochas das suítes Pinheiro Machado e Dom Feliciano, com características de depósitos epitermais e ligação evidente com rochas vulcânicas.

Um dos afloramentos estudados no Projeto Sudeste do RS

 

Projeto Sudeste do Rio Grande do Sul

O Projeto Sudeste do Rio Grande do Sul, coordenado pelo pesquisador Rodrigo Fabiano Cruz, do SGB-CPRM, visou a integração geológica-geofísica da porção mais meridional do território brasileiro, na fronteira do extremo sul do estado com o Uruguai. Os estudos dessa área, com 15.680 km²,  resultaram em seis mapas em escala 1:100.000 (Pelotas, Pedro Osório, Pinheiro Machado, Arroio Grande, Matarazzo e Jaguarão) e em um mapa de integração, em escala 1:250.000. A região possui pouca tradição em produção mineral, tendo como principais bens a areia, a brita e o calcário.

Do ponto de vista geológico, o maior avanço foi a identificação de um novo domínio geotectônico, o Terreno Jaguarão, e sua correlação com o terreno Punta del Este, no Uruguai, e com outros terrenos no sul do continente africano, como os cinturões Kaoko, Damara e Gariep, na costa oeste de Angola, Namíbia e África do Sul.

Em termos de potenciais de recursos minerais, a região pode ser dividida em dois ambientes. Um deles é o embasamento cristalino, com dominância de granitos e, em menor grau, xenólitos de embasamento e metassedimentos, onde se encontram potenciais fontes de brita, saibro, calcário e rocha ornamental e também de minerais metálicos, como ouro, cobre, estanho e tungstênio, em zonas de fraturas originadas pela percolação de fluídos hidrotermais. O segundo ambiente potencial é a planície costeira, com grandes reservas de areia para vidro e indústria, turfa para uso agrícola e calcário conchífero.

Uma série de indícios de mineralizações de ouro e, em menor escala, cobre e estanho, foram observados em análises de concentrado de bateia e geoquímica de sedimentos de corrente, apontando a região de Monte Bonito como uma área potencial, seguida de outras áreas no entorno das cidades de Herval e Arroio Grande. Descrições de campo e de seções polidas de lâminas delgadas mostram a presença de sulfetação em rochas da região de Monte Bonito, no granitoide homônimo, além de amostras de rochas das minas de calcário de Matarazzo. Os sulfetos são primordialmente de ferro e cobre com subordinada presença de ouro nativo.

A presença de metais na região se restringe ao nível de indícios ou ocorrências, A maior potencialidade mineral da região está no campo dos minerais industriais (brita e areia), além de um potencial pouco explorado para rocha ornamental. Destacam-se as grandes pedreiras de brita na região de Monte Bonito e Capão do Leão, as pedreiras de calcário na região de Matarazzo e uma série de pequenas pedreiras artesanais para exploração de blocos e paralelos em granitoides, potencial que poderia ser mais bem explorado com uma lavra profissional para extração de rocha ornamental. Na parte da bacia se reconhece o potencial, não explorado em larga escala, para areia e extração de turfa.

 

 

1 comentário em“NOVOS MAPAS GAÚCHOS

  1. Bom dia,e sobre a região Nordeste do estado pegando de Vacaria a São José dos ausentes,Pinhal da Serra a Nova Prata tem possibilidade de encontrar ouro e outros minérios?

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