Nas matérias a seguir destacamos projetos recentemente implantados ou ainda em curso em mineradoras para elevar a eficiência do processo de lavra de suas minas. Neles predomina o uso de plataformas digitais, sejam aplicativos ou softwares, que permitem ganhos de tempo e economia de custos, além de maior precisão nas etapas de planejamento e desenvolvimento dos trabalhos. Alguns estão disponíveis no mercado e são customizados para o perfil do projeto. Outros são criados e evoluídos por equipe interna. Também é de se citar o uso de tecnologias de ponta, como scanners e drones.
Um dos exemplos é o uso do software Orchestra pela Mineração Rio do Norte – MRN, na identificação de gargalos de sua mina de bauxita, com a proposição de medidas para sua solução. O programa também simula cenários futuros de operação e avalia o desempenho, indicando alternativas para otimizar o aproveitamento dos ativos disponíveis, caso dos equipamentos móveis de lavra e transporte.
MRN: SOLUÇÃO DIGITAL PARA ANÁLISE DA OPERAÇÃO
No Complexo Minas-Rio da Anglo American, a mina de minério de ferro em Conceição do Mato Dentro (MG) também emprega um aplicativo de otimização e inventário de pilhas de minério. Com ele, a empresa tem conseguido uma gestão mais eficiente de seu estoque, o que aperfeiçoou o planejamento de curto prazo da mina e a tomada de decisões estratégicas de blendagem, refletindo diretamente, através uma alimentação adequada, no desempenho da planta de beneficiamento. Em outra frente relacionada à inovação, uma das premissas do programa Mina Moderna, a mineradora está investindo em tecnologias autônomas e teleoperadas. Em setembro passado, chegou a primeira das cinco perfuratrizes autônomas que estarão operando na mina até 2025.
ANGLO AMERICAN: PERFURAÇÃO AUTÔNOMA E QUALIDADE DO MINÉRIO
Um dos cases mais interessantes é o da Equinox Gold, iniciado em 2021 na Mineração Fazenda Brasileiro, em Barrocas (BA). Trata-se da lavra de Crown Pillar, estrutura rochosa que separa as operações a céu aberto das subterrâneas de uma mina. Em Fazenda Brasileiro, o método de lavra Sublevel Stoping, na sequência Top Down, ao contrário da sequência Botton Up, não realiza o preenchimento dos stopes já lavrados, criando espaços vazios que complicam a lavra de Crown Pillar. Um trabalho rigoroso de geologia e engenharia foi efetuado, envolvendo a qualidade do maciço rochoso, a geometria das escavações subterrâneas, o dimensionamento de um Crown Pillar mínimo, mapeamentos por drone, sondagens investigativas e análises numéricas bidimensionais ou tridimensionais com o uso de softwares específicos, antes que os desmontes a céu aberto possam ser executados para a retirada do minério.
EQUINOX: LAVRA DE CROWN PILLAR EM FAZENDA BRASILEIRO
Na Vale, duas iniciativas podem ser validadas para aplicação em todas as operações de ferrosos da empresa no Brasil. Uma delas é o desenvolvimento da metodologia Otimização Integrada. A outra é o aprimoramento do processo de avaliação de amostras de QAQC (Quality Assurance and Quality Control ou Garantia de Qualidade e Controle de Qualidade, em português).
No primeiro caso já foi constatada a otimização do sequenciamento de mina e o aumento do Valor Presente Líquido (VPL) e da Taxa Interna de Retorno (TIR) nos projetos trabalhados. O trabalho, a princípio realizado com soluções já disponíveis no mercado, acabou exigindo a implantação de uma máquina virtual que suportasse a execução de modelos de otimização mais complexos, com processamento em nuvem. Para a integração de todas as minas de ferrosos, talvez seja necessária uma tecnologia complementar, específica para as minas em foco. No caso do QAQC, foi criada foi criada uma plataforma no software de Business Intelligence Power Bi®, agregando vários benefícios como o fácil acesso, a transparência, agilidade e, principalmente, a não interferência e manipulação dos dados de origem, fator crucial para a qualidade das análises.