NOVA ECO-NOMIA DOS REJEITOS MINERAIS

NOVA ECO-NOMIA DOS REJEITOS MINERAIS

Por: Eduardo Athayde e Eder Martins (1)

A guerra entre duas potências agrícolas, Rússia e Ucrânia, gerou consequências no conjunto dos mercados globalizados, já combalidos pela pandemia, nunca antes experimentados no contexto da segurança alimentar global, emperrando a cadeia de suprimentos, desarranjando negócios de produtos agrícolas finais e seus insumos.

As dificuldades da guerra aparecem em uma fase de aumento do consumo brasileiro e mundial de fertilizantes. Em 2020, o Brasil consumiu 12% mais desses insumos do que em 2019. E, entre 2020 e dezembro de 2021, o crescimento foi de 14%.

No “Brazilian Mining Day” organizado pela Agência para o Desenvolvimento e Inovação do Setor Mineiro Brasileiro (ADIMB), durante o Prospectors & Developers Association of Canada (PDAC), principal voz da comunidade internacional da mineração, realizado em Toronto, em junho 2022; o Brasil foi destacado pela modernização do marco legal para exploração mineral, enfatizando sua megageodiversidade e megabiodiversidade, que oferecem matérias-primas abundantes para o desenvolvimento conjunto das cadeias mineral e agrícola. Uma nova visão eco-nômica circular, mas lucrativa, alinhada com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a Governança Socioeconômica e Ambiental (ESG).

Neste novo cenário do mercado internacional da eco-nomia dos rejeitos minerais, empresas, startups, consórcios, centros de pesquisa e universidades mais inovadoras estão no radar para ajudar a transformar rejeitos e criar modelos de negócios inovadores.

Enquanto o Plano Nacional de Fertilizantes 2050, recentemente lançado, apresenta estratégias para o desenvolvimento destas cadeias regionais; a Política Nacional de Resíduos Sólidos também prevê a destinação adequada de resíduos que devem ser considerados matérias-primas para outras cadeias produtivas.

O Brasil é hoje o quarto consumidor global de fertilizantes e o maior importador mundial de NPK (nitrogênio, fósforo e potássio). Em 2015, 70% dos insumos consumidos no país vieram do exterior. Em 2020, 83%. Em 2021, 85%, e, no caso dos insumos potássicos, 98% do que é utilizado no Brasil é importado. A Rússia é o principal fornecedor global de fertilizantes e responsável por 20% da produção mundial e origem de 28% das importações brasileiras. O nitrato de amônia – um dos fertilizantes mais usados por disponibilizar o nitrogênio para os vegetais – a Rússia é o único fornecedor do Brasil.

Investimentos em exploração mineral e na descoberta de agrominerais para a diminuição da dependência brasileira de insumos para a agricultura estão em curso. Parte do que é considerado resíduo de mineração pode constituir uma fonte de nutrientes essenciais para a agricultura, no que o país é dependente, como o potássio.

Na interligação entre a mineração e a agricultura, além identificação de novas fontes de nutrientes, os remineralizadores, que melhoram as características químicas, físicas e biológicas do solo, também formam novos minerais que alteram o solo no longo prazo e podem constituir uma estratégia do país em diminuir a dependência de fontes externas.

Foto no destaque: Mina de potássio da Verde Agritech, em São Gotardo, Minas Gerais (Verde Agritech/Divulgação)

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