Faleceu hoje, 29 de novembro de 2023, aos 83 anos, o geólogo Roberto Assad. Internado desde o início de novembro em razão de problemas cardíacos, Assad foi transferido para a UTI e entubado, devido a complicações surgidas em um dos rins e no pulmão. Ele será enterrado no cemitério de Muqui (ES), sua cidade natal, ao lado do túmulo de seu pai.
Formado pela Escola Nacional de Geologia do Rio de Janeiro, foi contratado pela canadense Alcan, em 1967, para realizar a pesquisa de bauxita do Projeto Trombetas, na região de Parintins, na divisa entre os estados do Amazonas e Pará, seguindo pelo rio Amazonas e seus afluentes. O uso do trado helicoidal, em lugar de poços, triturava as amostras coletadas, misturando bauxita e argila e dificultando sua lavagem e a avaliação do material.
Segundo Assad, o trado foi responsável pelo erro da Alcan, de passar ao largo do imenso depósito de bauxita em Juruti (PA), onde a Alcoa iniciaria, em 2009, as operações da mina Juruti. A locação de um poço, já em Trombetas (PA), seguindo as especificações de Assad, levaria à descoberta do platô Saracá IV. Posteriormente, com vários novos poços, seriam descobertos os platôs Almeida, Bacaba, Aviso e Bela Cruz, que seriam lavrados pela futura Mineração Rio do Norte (MRN), então uma joint-venture entre a Alcan, Vale, CBA (Cia.Brasileira de Alumínio), Hydro, BHP Billiton e Rio Tinto, entre outras empresas.
Assad não participaria da expansão do projeto Trombetas para além do projeto Saracá IV. Em 1971 foi contratado pela Terraservice, que se tornaria a Docegeo, maior companhia de pesquisa mineral do Brasil sob a gestão da Vale, para trabalhar no Projeto Paragominas, também no Pará. A Vale venderia a Mineração Paragominas, junto com a refinaria de alumina e a fábrica de alumínio, para a Hydro, que ainda opera as instalações, em 2011. Assad já havia deixado Paragominas em 1993, ao se aposentar. Atuou, ainda, como consultor da Vale nesse projeto e em outros de bauxita da então mineradora estatal no Brasil e no exterior.
Assad nomeava-se orgulhosamente como um “bauxiteiro”, classificação que recebem os chamados geólogos “de barro” – que atuam com fosfato, titânio, urânio, manganês, níquel, caulim, minério de ferro, bauxita e minérios lateríticos em geral, incluindo alguns depósitos de ouro e cobre. Era uma classe profissional considerada “menos nobre”, segundo ele, que a dos geólogos “de rocha dura”, que lidavam com jazidas mais difíceis, localizadas a maiores profundidades. “Quem nasceu bauxiteiro não tem chance em outro lugar. A gente acaba ficando um pouco complexado e não consegue trabalhar com outra coisa”, disse Assad em entrevista à revista In the Mine, em 2008, que se tornaria um Mine HQ publicado na edição nº 18.
Nossos sinceros sentimentos pela passagem desse grande explorador mineral, que fez história em épocas que exigiam muita coragem, determinação e perseverança. Que as novas gerações de geólogos se espelhem no exemplo de Roberto Assad!
Foto: Mineração Paragominas, da Hydro: pesquisa mineral realizada por Assad – (Hydro/Divulgação)
Lamento muito
Que Deus o receba bem e conforte sua família
Obrigada pela matéria. Meu pai era apaixonado pelo trabalho e sempre nos contou inúmeras histórias dos anos de exploração na Amazônia.
Sentiremos muita falta dele.
Orgulho imenso desse trajeto tão rico do meu pai na geologia! Obrigada pela matéria!
Lara e Adriane, podem ter orgulho, com muito orgulho, de seu PAI.
Muito feliz em ver essa matéria e reconfortante também. É bom ver ele sendo reconhecido por tudo que fez. Essa trajetória que ouvi em histórias tantas e tantas vezes.
Papai sempre teve orgulho do que fez. Ele respirava bauxita. Obrigada pela matéria!
Eu vivi histórias ao lado do Roberto. Nós casamos em janeiro de 1969. De Ipanema direto para Manaus. De Manaus para a selva. Eu, a única mulher no acampamento ao pé do Saraca. Experiencia riquíssima. Fazíamos longas viagens pelos grandes rios da linda Amazônia. Passávamos apertos mas éramos muito jovens bem aventureiros e corajosos. Através de um amigo meu, saímos da selva em 1971 e fomos morar em Belém, contratado pelo Otávio para trabalhar na Docegeo. Vivi intensamente. Tivemos uma linda filha. Fomos felizes e muito. Nós separamos. Mas deu muito certo. Até breve, Roberto !
Esclarecendo uma frase um tanto confusa. Roberto foi contatado por um amigo meu do Rio, o Otávio, para trabalhar na Docegeo . Foi um grande e merecido salto que ele deu merecidamente.
Tivemos o prazer de conviver com essa figura raríssimo e pudemos nos beneficiar de histórias contadas com riqueza de detalhes pelo próprio. Um apaixonado pela geologia e pela convivência adquirida pelos longos períodos dedicados a sua especialidade. Mas o que mais me chamava atenção era seus olhinhos brilhando quando ele se dava conta de que ele fez a diferença por onde ele passou. Roberto Assad para alguns e Robertinho para muitos. Deixou uma saudade enorme em nossos corações!
Fiquei muito triste com a partida do grande geólogo e amigo Assad. Tive a felicidade de conviver e aprender bastante com ele no período que trabalhei na Vale em Paragominas, entre 2001 e 2006. A sua dedicação à geologia em especial a área do alumínio foi muito inspiradora e deixou um grande legado.
Vamos sentir a sua falta, mas a sua memória sempre estará viva.
Descanse em paz Assadinho.