Por: Célio Pereira, COO da Largo Inc
O ano de 2023, assim como a década em que estamos inseridos, foi de mudanças significativas. Em meio a um cenário de política monetária contracionista e crise no setor de construção na China, observou-se uma queda substancial na demanda por metais importantes, trazendo margens operacionais apertadas após uma forte inflação no início da década.
Por outro lado, a transição energética já é uma realidade e finalmente presenciamos a mineração com o devido papel de protagonista nesse processo. Já vemos disseminada no mercado a correta percepção que a cadeia de valor dos combustíveis fósseis transitará cada vez mais rápido para uma matriz energética limpa, dependente de primeira ordem da indústria mineral. Ou seja, o fluxo de investimentos e crescimento será direcionado cada vez mais para a exploração e operação de novas minas.
Especificamente para o mercado de vanádio, 2023 foi um ano especial, em que a aplicação em baterias de fluxo se tornou a segunda maior demanda do metal. Essa tecnologia já é uma realidade comercial na China, que a cada mês anuncia grandes projetos de armazenamento de energia utilizando essa opção sustentável.
A agenda de ESG começa a tomar materialidade com importantes investimentos e estruturação para atender às demandas sociais e de clientes, cada vez mais exigentes e comprometidos com a pauta. Ter sucesso nessa década de profundas mudanças exigirá uma cultura de eficiência, estrutura financeira apropriada, uma boa estratégia de crescimento e alocação correta dos recursos.
Neste ano que se encerra, a ambidestria deu o tom na Largo. Voltamos nossa energia para a otimização das nossas operações e processos, consolidamos nossa presença no mercado de produtos de alta pureza de vanádio e otimizamos nossos custos operacionais. Ao mesmo tempo, finalizamos a construção da nossa planta de concentração de ilmenita e iniciamos a comercialização desse novo produto.
Um investimento de R$ 186 milhões para produzir um concentrado estratégico para a indústria de pigmento de titânio, cuja importação, no Brasil, equivale a dois terços de seu consumo. Além disso, essa produção acontece a partir do que antes era um rejeito da operação de vanádio. Também intensificamos os nossos esforços na exploração em Maracás, Bahia, visando expandir nossas reservas de vanádio e titânio de maneira robusta e sustentável.
Continuamos avançando nas pautas ambientais e sociais, reduzindo nosso impacto e promovendo sustentabilidade nas comunidades locais. Incrementamos nossos investimentos nessa área, promovendo a reciclagem de materiais, a reutilização de produtos e a redução do desperdício em nossa cadeia de valor. Acreditamos firmemente que a economia circular não apenas beneficia a sociedade e o meio ambiente, mas também cria oportunidades econômicas sustentáveis para o futuro.
Perspectivas para 2024
À medida que entramos em 2024, há razões para o otimismo. Continuaremos com o incremento da produção de ilmenita e esperamos atingir a capacidade total do projeto no primeiro semestre do ano. Reforçaremos a nossa presença no mercado de alta pureza expandindo nosso fornecimento para a indústria química.
Com a revisão estratégica no negócio de bateria de vanádio em andamento, esperamos já começar o ano com importantes avanços nessa tecnologia chave para o vanádio e para a transição energética. Também continuaremos explorando possibilidades para verticalizarmos a cadeia produtiva do titânio com a produção de pigmento, adicionando ainda mais vantagem competitiva à nossa organização.
Vamos continuar contribuindo positivamente com a economia brasileira, com responsabilidade socioambiental e inovação. A capacidade da mineração de levar crescimento para regiões desfavorecidas deve ser expandida e suportada. Além disso, as empresas de mineração têm grande responsabilidade com o futuro do planeta, em especial, a de fornecer metais estratégicos para a descarbonização utilizando as melhores práticas ambientais, sociais e de governança. Esperamos cumprir com nossa missão.
Foto: Largo/Divulgação