O desempenho das exportações de minérios nos dois primeiros trimestres foi decisivo para manter positivo o saldo da balança comercial brasileira. O saldo comercial mineral correspondeu a 50% do saldo total. Mesmo com os impactos negativos da pandemia do novo coronavírus (covid-9). Os quais afetaram os principais mercados compradores dos minerais brasileiros – países asiáticos e europeus.
Os dados da indústria da mineração referentes ao 2º trimestre e ao 1º semestre de 2020 foram divulgados hoje (21/7) pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM). No 2o trimestre de 2020, o saldo do setor mineral, de quase US$ 6 bilhões, correspondeu a cerca de 33% do saldo Brasil (US$ 18 bilhões). As exportações do setor mineral totalizaram aproximadamente US$ 7 bilhões (14% das exportações brasileiras). E as importações cerca de US$ 1,5 bilhão (4% das importações brasileiras). No consolidado do 1º semestre, as exportações de minérios registraram queda de 3% em US$. E as importações queda de 31%, em relação a igual período de 2019.
Faturamento de R$ 39 bilhões no 2o trimestre
No 2o trimestre de 2020, as mineradoras alcançaram faturamento de R$ 39 bilhões (excluindo-se petróleo e gás). O que representou um aumento de 9% em relação ao 1o trimestre (R$ 36 bilhões). O aumento se deve, basicamente, à valorização cambial e à variação dos preços internacionais, principalmente de minério de ferro, ouro e cobre.
As participações mais expressivas dos minérios nesse faturamento do 2o trimestre foram: minério de ferro (59% = R$ 23 bilhões), ouro (14% = R$ 5,4 bilhões) e cobre (8% = R$ 3 bilhões).
Medidas preventivas garantiram estabilidade
Wilson Brumer, presidente do Conselho Diretor do IBRAM, avalia que as medidas preventivas contra a Covid-19 foram fundamentais. “Se o setor tivesse interrompido suas funções – como ocorreu em outros países – a crise econômica alimentada pela pandemia seria bem mais aguda no Brasil”. Medidas essas que se estenderam às comunidades em que atuam. As ações voluntárias da mineração são estimadas até o momento em R$ 900 milhões.
O resultado positivo do setor também gerou no 2º trimestre cerca de R$ 13,5 bilhões em tributos e encargos aos cofres públicos. Um valor superior aos R$ 12 bilhões do 1º trimestre. Do total de R$ 13,5 bilhões no 2º trimestre, cerca de R$ 1,1 bilhão correspondem ao recolhimento de CFEM, a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais, considerada o royalty do setor. Este valor de CFEM é cerca de 10% menor do que o do 2º trimestre de 2019 e cerca de 6% maior na comparação com o do 1º trimestre de 2020.
Única preocupação é o controle da pandemia
As perspectivas do setor mineral são otimistas, segundo Flávio Ottoni Penido, diretor-presidente do IBRAM. Embora esteja claro aos empresários de que a pandemia não está 100% sob controle. Por outro lado, os minérios brasileiros estão com demanda aquecida, por conta da retomada dos mercados compradores. E os preços das commodities estão em fase de elevação. Com isso, dados apurados pelo IBRAM mostram que as empresas mantém o patamar de investimentos programados em 2019. A saber: US$ 32,5 bilhões para o período 2020-2024.
Outros dois fatores também são considerados bastante positivos pelo setor. Primeiro o “Programa Mineração e Desenvolvimento”, anunciado pelo Ministério de Minas e Energia. Uma agenda de compromissos e metas para o setor mineral abrangendo o período 2020-2023.
Outra ação relevante é o fato da Agência Nacional de Mineração (ANM) estar atuando para agilizar os processos de concessão de novas áreas para a expansão sustentável da atividade. São aproximadamente 56 mil áreas para a realização de pesquisas geológicas. As quais correspondem a 17% do território nacional ou ao da Alemanha, segundo informou o secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral, Alexandre Vidigal de Oliveira, no dia 17/7 em live com empresários. Esses 17% de áreas direcionadas à pesquisa geológica não significam que todas virão a sediar projetos de mineração. A mineração industrial ocupa apenas 0,67% do território nacional.