O setor de mineração, responsável por 4% do PIB brasileiro e 47% das movimentações da balança comercial, segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), é um dos pilares da economia nacional. Com potencial para gerar 212 mil novos postos de trabalho ao longo do ano, as empresas do segmento estão se adaptando à chamada Mineração 4.0, buscando maior competitividade e sustentabilidade.
De acordo com o Panorama Setorial de Mineração da Robert Half, consultoria de recrutamento e seleção de talentos, essa transformação está criando novas oportunidades profissionais. “Estamos observando uma crescente demanda por profissionais das áreas ambiental e de inovação. O setor também está, gradualmente, abrindo mais espaço para a participação feminina e oferece boas chances para quem busca uma carreira internacional,” afirma Erika Moraes, gerente da Robert Half.
O setor, que planeja investir US$ 64,5 bilhões no Brasil até 2028, já emprega cerca de 2,5 milhões de pessoas no país. Segundo o novo estudo da Robert Half, a transição energética e a evolução tecnológica têm aumentado a demanda por minerais anteriormente pouco explorados, promovendo uma renovação no perfil dos profissionais do segmento.
Novas perspectivas
Não há dúvidas de que o setor de mineração está propondo um esforço de modernização que passa pela adoção de boas práticas de ESG (Ambiental, Social e Governança) e investimentos em inovação, automação e digitalização.
Com a necessidade de demonstrar forte compromisso ambiental e social para atuar no mercado internacional, a indústria tem investido em ESG, o que tem gerado novos cargos, como analistas ambientais e agentes de relacionamento com comunidades, além de posições voltadas para pesquisa e desenvolvimento de novos produtos.
Há também um esforço contínuo na atualização de sistemas de gestão de riscos, compensações ambientais, certificações, inclusão, compliance e educação corporativa.
Como parte do processo de modernização, observa-se uma necessária abertura para a contratação de mulheres em um ambiente historicamente masculino. Vagas afirmativas estão sendo abertas, tanto em funções administrativas quanto, gradualmente, em operações de campo, além de oportunidades para PCDs e outros grupos minorizados. Segundo dados da McKinsey e do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia, a participação feminina nas empresas do setor é de aproximadamente 17% no Brasil. Entre os 6.159 engenheiros de minas ativos no país, 1.207 são mulheres.
Na área de inovação, há muito a ser desenvolvido. “Algumas empresas já estão implementando tecnologias de filtragem de rejeitos que eliminam a necessidade de barragens, reduzindo riscos e melhorando os resultados ambientais. Além disso, projetos envolvendo Internet das Coisas (IoT) e robótica estão sendo desenvolvidos, especialmente para substituir trabalhos de alto risco, como em minas subterrâneas,” explica a executiva da Robert Half.
Cabe lembrar que as empresas também têm utilizado a alocação de profissionais por projetos como uma solução frente às restrições de headcount. Desde reformas em correias transportadoras, que podem demandar meses de trabalho e equipes especializadas de construção, eletromecânica e manutenção, até implementações de TI, a contratação por projetos – temporários ou terceirizados – se torna uma alternativa cada vez mais comum.
Outro diferencial competitivo do setor é a possibilidade de carreira internacional. A globalização do mercado de commodities permite que empresas tenham oportunidades em outros países. Como o Brasil é um dos principais players da indústria, é comum que empresas estrangeiras recrutem talentos no País. Entretanto, o domínio do inglês continua sendo um desafio significativo para muitos profissionais brasileiros, e uma exigência dessas vagas.
Desafios da contratação
Apesar das oportunidades, algumas empresas enfrentam dificuldades na atração de talentos. “O setor não é uma das áreas mais almejadas pelos profissionais”, comenta Erika Moraes. “Muitas vezes, o trabalho na mineração é erroneamente associado a pessoas com capacetes de segurança e lanternas, vestindo roupas de proteção robustas e trabalhando em ambientes desafiadores, com poeira e escuridão típicas de minas subterrâneas. Isso definitivamente não representa a totalidade das oportunidades no segmento”, completa.
Uma das principais dificuldades na contratação é a distância entre as plantas de mineração e os grandes centros urbanos. Atrair profissionais de áreas centrais para regiões mais afastadas é um desafio que exige pacotes de benefícios atraentes e remunerações competitivas.
Embora existam posições executivas e administrativas em zonas urbanas, as funções operacionais exigem presença em locais remotos. A falta de infraestrutura nas proximidades das plantas, como assistência médica de qualidade, opções de lazer, segurança e educação para os familiares, também dificulta a atração e retenção de talentos.
Além disso, a distância dos grandes centros provoca um efeito colateral significativo: a limitação da oferta de profissionais nas regiões operacionais intensifica a competição por talentos, levando as empresas a abordarem profissionais de concorrentes locais.
As grandes organizações também estão se esforçando para recuperar sua imagem e retomar a reputação após os acidentes ambientais que impactaram fortemente o setor. Nos últimos anos, apesar dos bons salários e das perspectivas consistentes de carreira, muitos talentos migraram para segmentos que transmitem uma imagem mais sustentável e com propósitos mais alinhados aos valores dos profissionais. Para reverter esse cenário, as empresas têm investido em estratégias de employer branding, especialmente na atração de jovens profissionais recém-formados.
“Empresas de toda a cadeia estão com foco em ações ambientais, de segurança e de comunicação com as comunidades, incluindo o ambiente universitário, e têm alcançado algum sucesso. Esse esforço contínuo não apenas recupera a reputação, mas também destaca a importância do setor e seu papel fundamental, que vai além da geração de riqueza, contribuindo para o desenvolvimento sustentável e o bem-estar das comunidades locais”, ressalta Moraes.
A executiva destaca ainda que o setor de mineração, com sua rica tradição, oferece excelentes oportunidades para quem busca estabilidade e crescimento profissional. As inovações tecnológicas e o desenvolvimento sustentável estão reconfigurando a indústria, tornando-a cada vez mais atraente para aqueles dispostos a explorar suas potencialidades.
Veja abaixo mais detalhes do estudo sobre as vagas do setor:
POSIÇÕES EM ALTA (permanentes e por projetos)
Habilidades/competências mais buscadas
Hard Skills
Automatização e tecnologia
Softwares relacionados a operação de mina
Especialidades tributárias com incentivos fiscais específicos de mineração
Geologia
Gestão ambiental e ESG
Idiomas
Logística e gestão da cadeia de suprimentos
Soft Skills
Adaptabilidade
Comunicação eficaz
Empatia e colaboração
Flexibilidade
Organização e gestão do tempo
Resolução de conflitos
Trabalho em equipe
Projeções salariais
Os salários médios (em reais) no setor de Mineração, extraídos de entrevistas e conhecimento de mercado dos especialistas da Robert Half, podem ser consultados aqui.
Sobre este material
O estudo Panorama Setorial Mineração tem o objetivo de oferecer aos gestores de empresas do setor uma visão geral das perspectivas e desafios no horizonte próximo, sob o ponto de vista da gestão de pessoas. O quadro descrito neste Panorama se baseia, ao mesmo tempo, em dados de fontes públicas e em pesquisas da Robert Half.