A Liebherr possui caminhões off road diesel-elétricos das classes de 240, 320 e 400 t, operando em minas a céu aberto nas Américas (EUA, Panamá, Chile), em alguns países da África e Ásia e em número expressivo na Oceania. Os modelos a diesel passam, atualmente, por uma fase final de testes, nos Estados Unidos, para sua automação completa e devem estar disponíveis no mercado em breve.
No que se refere à descarbonização, todas as escavadeiras hidráulicas Liebherr da linha de mineração já dispõem de versão elétrica, a partir de sua conexão à rede de energia das próprias mineradoras. Mesmo máquinas a diesel podem ser convertidas a esse modo de alimentação, apenas com a troca de seu Power Pack. No caso dos caminhões off road, há a alternativa da operação mista com diesel e trolley. Diante das várias limitações – de custo, disponibilidade e técnicas, como modos e formas de recarga – a fabricante estuda a adição de hidrogênio ou amônia a motores diesel, alternativa que também atende aos compromissos assumidos no Acordo de Paris, tratado internacional sobre mudanças climáticas globais adotado por vários países em 2015.
Conceitos e tendências
Segundo Jair Machado, gerente comercial de Mineração da Liebherr Brasil, os caminhões off road diesel-elétricos começaram a ser comercializados nos anos 1990 e acabaram gerando expressivos ganhos de produtividade, com menor consumo de combustível, a seus usuários. Sendo convertidos para a operação autônoma, como é previsto, agregarão ganhos de segurança operacional, menores custos por tonelada transportada e de manutenção e maior produtividade. Entre os equipamentos em operação, o gerente acredita que a grande maioria passe pela conversão para trabalhar de forma autônoma.
“O uso de equipamentos autônomos tende a se expandir em minas de maior porte, onde a aplicação de tecnologia de ponta já faz parte do dia a dia dessas empresas, a exemplo do que aconteceu com a instalação dos sistemas de telemetria. Em empresas de menor porte, com CAPEX limitado, seu uso será mais restrito por requerer investimentos expressivos, não apenas nos equipamentos em si, como na infraestrutura de redes de comunicação”, avalia Machado. Para ele não há impeditivos, do ponto de vista técnico, para a conversão de qualquer equipamento em autônomo ou semiautônomo. Mas cabe avaliar quais tipos e modelos realmente têm necessidade de operar dessa forma.
“Hoje, a Liebherr possui caminhões diesel-elétricos de 400 t operando com o sistema trolley em minas no Panamá, que tem a maior frota trolley do mundo, e na Zâmbia, além de uma mina de ferro na Áustria, cuja linha de alimentação do trolley tem cerca de 5 km, o que é um marco técnico sem igual em ordem de grandeza”, diz Machado. Um destaque nessa linha de produtos é o T 236 Liebherr, com capacidade de 100 t, que é alimentado em curvas, segundo o gerente comercial, fugindo totalmente do modelo convencional de trolley, cujas distâncias máximas na alimentação, em linha reta, giram na casa dos 1.000 m.
Já o projeto da Liebherr para caminhões off road elétricos a bateria está sendo desenvolvido para mineradoras que disponham de energia e capacidade para recarregar essas baterias em tempo mínimo. “Esse é o parâmetro mais sensível, porque o ciclo de operação dos caminhões deve ser o menor possível para manter sua produtividade elevada. Não dá para pensar em um sistema que dependa da parada dos caminhões para que a recarga das baterias aconteça. Esse processo deve se dar com os caminhões em movimento”, explica Machado. Diante desses impasses, a fabricante está trabalhando em versões de motores diesel capazes de operar com a adição de hidrogênio ou amônia, solução mais viável e em linha com os compromissos assumidos no Acordo de Paris.
Para Machado, a aplicação de motores elétricos no acionamento de equipamentos hidráulicos deve aumentar devido aos mesmos ganhos já obtidos com a automação – redução dos custos com diesel e aumento da vida útil dos componentes. “Não temos ainda um número ou indicação dos modelos Liebherr que contarão com essa tecnologia, mas certamente serão muitos”, garante o gerente comercial.