Executivos de empresas de mineração de pequeno e médio portes e de companhias de investimentos privados internacionais que têm como foco a atividade mineral apontam que a dificuldade de acesso às terras é um dos maiores obstáculos para o desenvolvimento do setor, no Brasil. Eles participaram na terça-feira, 09/03, do painel Sessões Brasileiras de Mineração: Perspectivas de Investimento para a Exploração Mineral no Brasil, que abriu o segundo dia da programação on-line do 15º PDAC.
O CEO da Oz MineralsBrazil, Carlos Gonzales, destacou que a decisão da empresa em investir em reservas internacionais de cobre foi acompanhada por outra, de investir no Brasil. “Temos todos os elementos para ser uma empresa lucrativa na área de mineração. No aspecto de meio ambiente, temos um trabalho muito bom, mas a diferença da Oz é a agilidade para tomar decisões, o que é muito favorável. No entanto, a morosidade na tramitação dos processos de licenciamento ainda é um empecilho”, apontou. A empresa tem operações na Região Norte do país.
Dificuldade em reivindicar terras para exploração
Em processo de expansão no país, onde tem várias plantas em diferentes estágios de desenvolvimento, a mineradora canadense Lara Exploration tem a sua maior operação de ouro e cobre na região de Carajás (PA), projeto que deve ser retomado até o final de 2021. Segundo o CEO, Miles Thompson, que tem 30 anos de experiência na mineração brasileira, a dificuldade em reivindicar terras para exploração é a principal preocupação da companhia.
“A promessa do governo para disponibilizar terras é um ponto positivo, mas tem muitas áreas travadas há décadas pela burocracia. Espero que a ANM (Agência Nacional de Mineração) esteja realmente fazendo alguma coisa a respeito disso porque, neste momento, o Brasil é um bom lugar para se investir. Do ponto de vista canadense, há boas empresas ingressando”, argumentou.
Outra mineradora que também atua na região Norte do país é a inglesa Serabi Gold. O CEO, Mike Hodgson, acredita que o sucesso da empresa está no seu pequeno porte. “Não é preciso ser grande para ser bom. O Brasil é dominado por grandes empresas e a tendência é que todas sejam colocadas no mesmo saco, o que frequentemente leva a desafios. Esse é um dos motivos que dificultado o trabalho das médias e pequenas, porque é difícil mudar a reputação do setor. Mas conseguimos superar isso”, argumentou.
Investimentos da Appian Capital Brazil
O CEO da Appian Capital Brazil, empresa de investimentos privados inglesa com foco em projetos de mineração, Paulo Castellari avaliou que é mais fácil operar na Austrália e no Canadá que no Brasil, mas adiantou que a segunda rodada de financiamentos da companhia para projetos foi bem-sucedida. “Selecionamos projetos corretos para agregar à cadeia de valor desde a licença do empreendimento e temos um entendimento muito claro e um conhecimento profundo sobre mineração, com pessoas com capacitação técnica e que compreendem os ciclos do setor”, comentou. A segurança institucional do país, o potencial mineral e a forte cultura do setor também são atributos que colocam o Brasil em vantagem como destino para investimentos.
Foto do destaque: Antas North: mina de cobre e ouro da Oz Minerals, em Carajas (PA)