DEZ ANOS DA EVOLUÇÃO DO OURO NO BRASIL

DEZ ANOS DA EVOLUÇÃO DO OURO NO BRASIL

Por Mathias Heider (1)

destaqueouroA valorização das cotações de ouro observada a partir de 2001 (tab.1) atraiu um grande interesse no investimento em pesquisa mineral e em novos projetos desse metal precioso para o Brasil. Em set/2009, a onça de ouro atingia uma cotação nominal recorde de US$1.895 (em 2001, a menor cotação foi de cerca de US$ 256). Aqui, diversas empresas adotaram bem sucedidas estratégias de fusão e/ou aquisição de minas desativadas ou de títulos minerários, destacando-se a Yamana Gold, Kinross, Jaguar Mining e Luna Gold, hoje com vários projetos em fase produtiva. Conforme o gráfico 2, a indústria de mineração de ouro foi bastante onerada pelas baixas cotações, com diversas minas com margens negativas entre 1997 e 2001, levando ao encerramento de sua produção por todo mundo.  Em 2001 a produção de ouro do Brasil era de 51.867 quilos, baixando para 41.154 quilos em 2005 e atingindo 66.732 quilos em 2012. Nesse mesmo período, as exportações anuais de ouro foram de US$ 227 milhões para US$ 2.664 milhões de dólares (tab.1).

Tabela 1: Cotação, Produção e Exportação do Ouro (1999-2013)

tabela1

Gráfico 1: Cotação do Ouro (1974 a 28/10/13)

grafico1

Fonte: http://therealasset.co.uk/charts-and-graph/gold-price-charts/

 

Gráfico 2: Lucratividade da Indústria de Ouro (1992-2010)

grafico2

Fonte: GFMS

Na década de 1980 foram iniciadas as minas de Cuiabá e Serra Grande (AngloGold) e a Rio Paracatu Mineração (atual Kinross), hoje responsáveis por expressiva porcentagem da produção de ouro industrial no Brasil. Como projetos ativos de menor porte, podemos citar ainda a Mineração Tabiporã (Campo Largo/PR) e a Premier Gold (Cleveland Mining), em Goiás. A exploração de minas de menor porte de ouro pode ser uma tendência muito forte nos próximos anos para o Brasil.

Na década de 90 tivemos a incursão da Vale (ex-CVRD) na mineração de ouro, onde manteve seus principais ativos até 2003. A Vale se posicionou como a maior mineradora de ouro do Brasil. Com a queda das cotações do metal, exaustão de algumas minas e mudança na sua estratégia de mercado, a companhia foi abandonando esse setor. Agora, com a operação das minas de Sossego e Salobo (PA), ela volta a produzir ouro como subproduto da mineração de cobre. Quando todos os projetos atuais de cobre da Vale estiverem operando no Pará, estima-se uma produção total de ouro da ordem de 18 a 20 toneladas anuais, o que pode elevar novamente a empresa à condição de maior produtora brasileira da substância.

A partir de 2003, a Yamana iniciou sua trajetória no Brasil adquirindo uma série de ativos da Mineração Santa Elina: Fazenda Nova, São Vicente, São Francisco e Chapada. Adquiriu também a mina “Fazenda Brasileiro” da Vale, na Bahia e, posteriormente, a Desert Sun, em Jacobina, no mesmo estado. A mina de Jacobina havia sido reativada pela Willians Resources, que a vendeu  para o grupo Forbes&Manhattan como “Desert Sun Mineração”.

A AngloGold manteve as atividades das minas Grande e Velha, que se encontravam em operação industrial desde 1834, em Nova Lima (MG), até 2002/03. A Mundo Mineração realizou atividades de lavra de ouro entre 2008 e 2011/12, dando continuidade a uma lavra a céu aberto que era da Anglo e passou a ser desenvolvida como lavra subterrânea. Na primeira década deste milênio, diversas minas foram finalizadas: Sertão (Troy Resources – GO), Fazenda Nova (Yamana – GO), Sabará (Jaguar – MG) e São Bento (Eldorado Gold – MG). A Mineração Pedra Branca do Amapari/AP, iniciada em 2006, suspendeu suas atividades em 2009 e foi reativada somente em 2012/13, após sua aquisição pela Beadell Resources como “Projeto Tucano”. A Beadell também vai produzir minério de ferro (cerca de 500 mil toneladas por ano, com teor de 65% Fe) como subproduto, estimando-se uma redução da ordem de US$ 100/oz no custo de produção do ouro. A Serabi Gold produziu ouro no Pará (na Mina Palito) entre 2006 e 2010 e planeja sua reativação até 2014/15.

 

Custos de produção

Uma das principais consequências do “superciclo” da mineração foi a inflação do setor com a elevação dos custos de investimento e de produção das empresas.  O aquecimento mundial da mineração acarretou também uma elevação da demanda por recursos humanos, além da dilatação no prazo de entrega de insumos e equipamentos.  O planejamento de projetos se tornou altamente complexo devido às crescentes exigências ambientais e das comunidades impactadas pela produção mineral. A licença social para a operação de empreendimentos minerários ganha uma crescente importância, exigindo além das compensações ambientais, inúmeras ações de cunho social.

Na tabela 2, temos os custos anuais das principais mineradoras de ouro no Brasil (dados de 2013 são parciais), mostrando sua evolução. Os dados foram obtidos nos relatórios financeiros divulgados no site das empresas, não sendo especificada a metodologia de cálculo (com ou sem custo de capital, por exemplo). Em nível mundial, os custos médios de produção da AngloGold foram de US$ 979/oz, no primeiro semestre de 2012, para US$ 1.144/oz, no primeiro semestre de 2013. Diversos analistas já fazem previsões de que o preço do ouro possa atingir novamente cerca de US$ 1.000/oz, embora o alto custo de produção possa ser uma barreira para a redução dessa cotação para valores abaixo de US$ 1.300/1.400/oz.

 

Uma série de fatores impacta nos custos e nas cotações do ouro: reposição de reservas geológicas, escassez de projetos, restrições de infraestrutura e energia, pressões de custo de produção, aumento dos riscos associados ao setor mineral, custos ambientais e de relação com as comunidades, pressão de compra de ouro pelos Bancos Centrais, qualidade das reservas e sua respectiva complexidade, aumento dos custos de beneficiamento (ouro sulfetado), diversificação dos ativos financeiros nos países emergentes, políticas monetárias (principalmente dos EUA), situações de crise mundial e local, inflação local e mundial, situação dos contratos de hedge, contratos futuros de compra/venda e fundos ETF, consumo industrial de joias e da indústria eletrônica e vendas do FMI. O aumento mundial da população e o consumo de ouro dos países emergentes são outros fatores a considerar na elevação do consumo do metal. A popularização dos fundos atrelados ao ouro também impulsionou seu consumo. Em alguns projetos existem ainda questões relacionadas a comunidades indígenas e quilombolas, além de conflitos pelo uso e ocupação do solo.

 

Tabela 02: Custos médios de produção das principais mineradoras de ouro no Brasil

 tabela2

Projetos 2004 / 2012

 

A partir de 2004, uma série de projetos de mineração de ouro foram implementados no Brasil, conforme abaixo:

2004:

  • Mineração Palito (PA) – Serabi Gold (produção em reavaliação)
  • Sossego (PA) – Vale (Cobre/Ouro)
  • Jacobina (BA) – Willians Resources  (reativação)

2005/2006:

  • Turmalina (MG) – Jaguar Mining
  • Mineração Pedra Branca do Amapari (AP) – Peak Gold

2007:

  • Chapada (GO) – Yamana Gold (Cobre/Ouro)
  • São Francisco (MT) – Yamana Gold

2008:

  • Paciência (MG) – Jaguar Mining
  • Mundo Mineração (MG)
  • São Vicente (MT) – Yamana Gold

2009: Andorinhas (PA) – Troy Resources

2010:

  • Caeté (MG) – Jaguar Mining
  • Aurizona (MA) – Luna Gold

2011: Salobo (PA) – Vale (Cobre/Ouro)

2012:

  • Premier Gold (GO) – Cleveland Mining
  • Nova Xavantina (MT) – Mineração Caraíba

2013 (estimado):

  • Projeto Tucano (AP) – Beadell Resources (reativação, já em operação)
  • C1 Santa Luz (BA) – Yamana Gold
  • Ernesto/Pau a Pique (MT) – Yamana Gold
  • Pilar (GO) – Yamana Gold
  • Serra Pelada (PA) – Collosus/Coomigasp

Novos Projetos e expansões

Entre 2013 e 2014, somente a Yamana deverá colocar em produção três projetos no Brasil (Ernesto/Pau a Pique/MT, Pilar/GO e C1-Santa Luz/BA), resultando num incremento total de produção da ordem de 320 mil onças (quase 10 toneladas) por ano, podendo alcançar cerca de 375 mil oz/a. Na Mina de Chapada/GO foram identificadas mais duas áreas potenciais – Corpo Sul e Suruca -, projetando uma produção potencial futura da ordem de 130 mil oz/a (cerca de 4 toneladas). Trata-se de uma mina com produção de baixo custo (US$ 441/oz, no primeiro semestre de 2013) associada à produção de cobre. A Yamana ainda avalia o projeto Arco Sul, também em Goiás.

A AngloGold desenvolveu um arrojado projeto de expansão da Mina de Cuiabá/MG (em produção desde 1985). Em 2001, a produção anual era da ordem de 210 mil oz passando, em 2012, para cerca de 390 mil oz. A Anglo desenvolve, ainda, os projetos Córrego do Sítio/MG e Lâmego/MG. Com a aquisição dos ativos da Mina São Bento, o projeto Córrego do Sítio ganhou uma nova dimensão. A Kinross finalizou em 2008 a expansão para cerca de 15 t/ano e vida útil  até 2036 (antes prevista até 2016), da mina da antiga Rio Paracatu Mineração (RPM), em Minas Gerais. Destaca-se que a jazida possui o minério com menor teor de ouro (0,4 gr) por tonelada do mundo.

A Carpathian Gold vai reativar a mina Riacho dos Machados, (ex-Vale e Santa Elina), em Minas Gerais, e a Colossus está implementando um projeto na região de Serra Pelada, em parceria com a Coomigasp. A Rio Novo Mineração, que adquiriu ativos que foram da Vale e posteriormente da Santa Elina, avalia projetos em Almas (TO) e Guarantã (MT). No Maranhão, a Jaguar desenvolve projeto em Centro Novo. A Votorantim Metais tem o projeto Polimetálicos (MG) onde espera, na segunda etapa, obter cerca de 4 toneladas de ouro por ano a partir do processo de recuperação do zinco e outros metais. Temos ainda os projetos da Crusader Resources (RN), Amarillo Gold (Lavras do Sul/RS e Mara Rosa, Ourolândia e Santo Antônio/GO) e Mineração Vale Verde/Aura Minerals (Polimetálicos/AL).

No Estado do Pará existe uma ampla quantidade de projetos em estágios variados, desde o estudo conceitual até a pré-implantação, na região do Tapajós. Entre eles estão o da Aura Minerals (Cumaru, Inajá e Norte Carajás), Brazmin/Tallon Metals (Serrita, Rio Maria e Tartarugalzinho), Brazauro Recursos Minerais (Bom Jardim e Piranhas), Magellan Minerals (Coringa, Cuiú-Cuiú, Porquinho, Maranhense e União), Luna Gold (Cachoeiro), Belo Sun Mining/ex-Verena Minerals ( Patrocínio), Brazil Resources (São Jorge, Boavista e Surubim), Golden Tapajós (Boa Vista), Guyana Fontier (Falcão) e Horizonte Minerals (Tangará).

Da mesma forma, podemos citar ainda projetos em outros estados: Cleveland Mining (Capitão/AP), Brazil Resources (Artulândia/GO), Ashburton (Cuiabá/MT, Sapucaí/MG e Mina Inglesa/GO). A Mundo Mineração avalia o projeto Engenho (MG) e Chapada/TO (em conjunto com a Anglo e a IAM Gold) e a Eldorado desenvolve o polimetálicos em Craíbas (AL), onde extrairá ouro, cobre e ferro. Temos também os projetos São Pedro, em Paracatu (MG), da Standart Gold, Itaporã (TO) da INV e Fazenda Quixabá, em São Fernando (RN), da Brazil Projects (veja tab.3)

Tabela 3: Principais Projetos de Mineração de Ouro no Brasil

UF

Grupo

Projeto

Status

MG

AngloGold

Cuiabá

Ativo

AngloGold

Córrego do Sítio

Em Projeto

AngloGold

Lamego

Em Projeto

Kinross

Morro do Ouro

Ativo

Jaguar Mining

Turmalina

Ativo

Jaguar Mining

Paciência

Ativo

Jaguar Mining

Caeté

Ativo

Jaguar Mining

Pitangui

Suspenso

Mundo Mineração

Mundo Mineração

Suspenso

Carphatian Gold

Riacho dos Machados

Em Projeto

GO

Yamana Gold

Chapada

Ativo

Yamana Gold

Pilar

Em Projeto

Yamana Gold

Fazenda Nova

Em Reavaliação

AngloGold

Serra Grande

Ativo

BA

Yamana Gold

Fazenda Brasileiro

Ativo

Yamana Gold

Jacobina

Ativo

Yamana Gold

C1-Santa Luz

Em Projeto

Mineração Caraíba

Jaguarari (Cu/Au)

Ativo

MT

Aura Minerals

São Vicente

Ativo

Aura Minerals

São Francisco

Ativo

Mineração Caraíba

Nova Xavantina

Ativo

Rio Novo Mineração

Guarantã

Conceitual

Yamana Gold

Ernesto-Pau a Pique

Em Projeto

PA

Vale

Sossego (Cu/Au)

Ativo

Vale

Salobo (Cu/Au)

Ativo

Vale

Alemão (Cu/Au)

Em Projeto

Troy Resources

Andorinhas

Ativo

Belo Sun Mining

Volta Grande

Conceitual

Serabi Gold

Palito

Suspenso

Eldorado Gold

Tocantinzinho

Conceitual

Collossus/Coomigasp

Serra Pelada

Em Projeto

MA

Luna Gold

Aurizona

Ativo

Jaguar Mining

Gurupi

Conceitual

AP

Beadell Resources

Tucano

Ativo

Beadell Resources

Tartaruga

Conceitual

PR

Mineração Tabiporã

Tabiporã

Ativo

CE

Jaguar Mining

Pedra Branca

Conceitual

AL

Aura Minerals

Serrote da Laje

Em Projeto

RN

Crusader Resources

Borborema

Conceitual

TO

Rio Novo Mineração

Almas

Conceitual

Fusões e aquisições na mineração de Ouro

A nível mundial observou-se entre 2001 e 2012 uma série de aquisições de alto valor por parte das grandes mineradoras mundiais de ouro. A Barrick adquiriu a Homesate (2,1 bi US$) e em 2006, a Placerdome (10,4 bi US$). Em 2011 adquiria a Equinox por 7,7 bi US$. A Newmont adquiriu a Normandy (2,3 bi US$) e em 2002 a Franco Nevada por 2,6 bi US$. Em 2008, adquiria a Miramar por 1,5 bi US$ e em 2001 a Frontier por 2,3 bi US$. A Anglo realizou em 2004 a sua fusão com a Ashanti, passando a se chamar Anglo Gold Ashanti. A Goldfields  adquiriu em 2006a Western Areas por 1,5 bi US.A Goldcorp adquiriu em 2006 a Glamisgold por 8,6 bi US$ e em 2008,a  Gold Eagle por 1,5 bi US$. Em 2010 fazia a aquisição da Andean Gold por 3,4 bi US$. A Newcrest adquiriu a Lihir por 9,5 bi US$. A Kinross fez uma fusão com a TVX e a ECHO Bay em 2003. Em 2007 adquiria a Berna por 4,4 bi US$, em 2008 adquiriu a Aurelian Resources por 1,5 bi de US$ e em 2010 adquiria a Red back por 7,2 bi US$. Listamos acima apenas a operações acima de 1 bi US$, que totalizaram recursos da ordem de 65 bilhões de dólares apenas para as empresas acima citadas..

Citamos a fusão da AFLEASE GOLD (África do Sul c/ BMA Gold (Austrália) formando a GOLD ONE Internacional e da Polyus (URSS) c/ Kazakhgold (Casaquistão) em 2008.

No Brasil, houve uma substancial elevação no processo de fusões e aquisições de empresas mineradoras de ouro entre 2002 e 2012, conforme tabela abaixo:

 

Tabela 5: Principais Munícipios arrecadadores de CFEM na produção de Ouro em 2004 e 2012

tabela5

 

Fonte: DIPAR/DNPM

Os direitos minerários de ouro no Brasil ao final de 2012

Figura 1: Mapa geral dos títulos minerários de Ouro no Brasil, Base Dez/2012

figura1

 

Na tabela 5 mostramos a situação geral dos títulos minerários de ouro por UF com base em Dez/11:

Tabela 6: Direitos minerários por UF – Ouro (base 31 Dez/2011)

tabela6

 

Fonte: DNPM/CGTIG

Pesquisa mineral de ouro – evolução dos direitos minerários

Na tabela 6 mostramos a situação geral dos títulos minerários para pesquisa mineral de ouro nas principais UF no ano 2000 e os novos títulos entre 2001 e 2012. Podemos observar o expressivo quantitativo para Rondônia (RO), Mato Grosso (MT), Pará (PA), Goiás (GO), Minas Gerais (MG), Bahia (BA) e Rio Grande do Norte (RN). Até 2000, havia no Brasil cerca de 3.400 títulos de pesquisa mineral para ouro e somente entre 2001 e 2012 foram acrescentados mais 11.590 títulos (entre requerimentos e autorizações).

 

Tabela 7: Quantidade de títulos de pesquisa mineral de Ouro – Principais UF (2000 e 2001 a 2012)

 tabela7

Fonte: DNPM/CGTIG

Figura 2: Autorizações e requerimentos para pesquisa mineral de ouro, base: Dez/2000

Figura2

 

Figura 3: Autorizações e requerimentos para pesquisa mineral de ouro concedidas entre 2001 e 2012

Figura3

 

Tabela 8: Principais empresas na pesquisa mineral de ouro (2001-2012)

Tabela8

 

Fonte: Cadastro Mineiro / DNPM

Investimentos em Pesquisa Mineral do Ouro no Brasil

Em 2012, o percentual dos investimentos em pesquisa mineral do ouro no Brasil atingiu 30,6% (27,2% em 2005) do total. Entre 2005 e 2012, o valor total investido no Brasil em pesquisa mineral de ouro nos alvarás de pesquisa foi da ordem de R$ 1,5 bilhão. Em 2009, quando houve a crise do subprime, as cotações do ouro não foram impactadas, o que explica um maior percentual em relação aos demais anos (tabela 9).

Tabela 9: Investimentos em pesquisa mineral do ouro no Brasil

Tabela9

 

Fonte: DIPEM/DNPM

CFEM II

Entre 2004 a 2012 observa-se uma expressiva elevação do recolhimento da CFEM a partir da produção de ouro no Brasil, conforme tabela 10:

Tabela 10: Evolução do recolhimento da CFEM para ouro

Tabela10

 

Fonte: DIPAR/DNPM

Evolução das reservas de ouro no Brasil

Na tabela 11 são informadas a elevação das reservas de ouro, devido à aprovação de relatórios finais de pesquisa e reavaliação das reservas medidas de ouro no Brasil entre 2006 e 2012, com um total acumulado de cerca de 1,3 mil t nesse período. Destaca-se a empresa Kinross na reavaliação das reservas da Rio Paracatu Mineração, o que permitiu uma substancial elevação da sua produção anual e da vida útil da mina em Paracatu/MG.

Tabela 11: Elevação das reservas medidas de ouro no Brasil entre 2006 e 2012

Tabela11

 

Fonte: DIFIS/DNPM

Evolução dos direitos minerários do ouro

Geral

A figura 2 permite visualizar a evolução dos direitos minerários de ouro no Brasil entre 2001 e 2012.  A valorização do ouro, o melhor conhecimento da geologia e o domínio de novas tecnologias tiveram uma ampla contribuição para a elevação da quantidade de títulos minerários para ouro.

Figura 2: Evolução dos títulos minerários para Ouro entre 2000 e 2012

Figura 3a

 

Concessões de lavra

Figura 3: Situação das concessões de lavra em 31.12.201

tabelaextra

 

Fonte: CGTIG/DNPM

Figura 4: Concessões de lavra para Ouro base Dez 2012

Figura4

 

Fonte: CGTIG/DNPM

 

PLG

Em termos de PLG, os estados do Pará (PA), Rondônia (RO) e Mato Grosso (MT) representam cerca de 99% em quantidade dos títulos. Ao final de 2011 existiam aproximadamente 16 mil títulos minerários relativos a PLG, conforme figura 5:

Figura 5: Títulos minerários PLG para Ouro no Brasil, Base Dez/2000 e evolução 2001-2012:

Figura5

 

Fonte: CGTIG/DNPM

 

Produção de ouro via garimpo no Brasil

 

Tabela 12: Evolução da produção de ouro por garimpo (a partir dos dados de recolhimento do IOF)

Tabela12

 

Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional

 

Dominância da China

Em 2007, a China assumiu o posto de maior produtora de ouro no mundo, desbancando a África do Sul que, na década de 1970, produzia praticamente 50% de todo o ouro industrial. Questões como a redução dos teores de ouro nas frentes de lavra, o alto custo de produção, o aprofundamento das minas, infraestrutura, cortes de energia e problemas trabalhistas, dentre outra, contribuíram para a queda daquele País que, atualmente, ocupa o posto de 5º produtor mundial.  O Brasil, em 2012, ocupava o 12º lugar da produção mundial de ouro. Atualmente, a China e a Índia tem uma ampla dominância na produção mundial de joias.

 Gráfico 3: Evolução da produção mundial de ouro

Grafico3

 

Fonte: http://goldratefortoday.org/world-gold-production-1900-2010/

 

 

Mercado de Ouro

 

O fortalecimento da classe média nos países emergentes e situações de crise servirão sempre para impulsionar o consumo de ouro no mundo. Fatores como sua solidez enquanto ativo seguro e proteção contra a inflação também tem seu papel de importância. As cotações do ouro, que começaram se reduzir a partir de set/2011 quando atingiram o pico de quase US$ 1,9 mil/oz, recuaram a valores próximos de US$ 1,2 mil/oz em Dez/2013 (retroagindo a cotação observada em ago/2010). Com essa redução, já havia analistas estimando a possibilidade de cotações abaixo de US$ 1 mil/oz.

 

Com a crise da Criméia, em Mar/2014, as cotações já relevaram uma margem de recuperação, atingindo a casa dos US$ 1.380/oz na 1ª quinzena do mês. Em 2013, houve uma grande fuga de investimento em ouro através dos fundos ETF, que também contribuiu para a redução das cotações do metal.

 

Durante o super ciclo das cotações de ouro, houve um vigoroso processo de fusões e aquisições nas empresas produtoras de ouro, acarretando em uma nova configuração do setor em nível mundial. Com a redução das cotações do ouro e sua maior volatibilidade, a palavra de ordem é redução de custos e disciplina na alocação de capital visando à manutenção da lucratividade e sustentabilidade da atividade.

Perspectivas no Brasil e conclusões

Condições geológicas favoráveis e desenvolvimento da cultura de mineração tornam o Brasil atrativo para novos investimentos na mineração de ouro. Uma questão a se destacar é o maior potencial para aproveitamento de outros minerais a ele associados. Citamos o minério de ferro que vem sendo comercializado como subproduto da mineração de ouro pela Beadell, no Projeto Tucano, no Amapá (AP).

Nas cotações do minério de ferro vigentes em 2013, foi mensurado um potencial de geração de receita da ordem de US$ 100/oz produzida de ouro. A entrada em produção dos novos projetos contribuirá com a manutenção do crescimento da produção do ouro no Brasil nos próximos anos. A cotação do ouro e o crescimento da economia mundial (com maior disponibilidade de capital) ditarão o ritmo da expansão dessa produção.

Com a expansão da produção no Brasil, o ouro continuará a ser destaque nas exportações do País, permitindo  também estimar-se seu crescimento em valor, compensando sua menor cotação média anual a partir de 2013 ( US$ 1.669/oz em 2012 e US$ 1.411/oz em 2013). Podemos assim, projetar que o Brasil possa atingir o posto de 8º ou 9º maior produtor mundial do ouro nos próximos anos. O fortalecimento da cadeia produtiva das joias no Brasil é uma alternativa com grande potencial de resultados.

Nesses últimos 14 anos, a atividade de mineração de ouro se fortaleceu no Brasil, mesmo com todos os entraves ambientais e sociais e com as discussões relativas a mudanças no marco regulatório do setor. O ouro teve um ciclo de 13 anos de altas consecutivas, entre 1999 e 2012, partindo de US$ 278,57/oz em 1999 para US$ 1.657 em 2012, na cotação média anual.

A configuração da mineração de ouro no Brasil foi profundamente alterada com a entrada de novos produtores (Yamana, Jaguar, Aura, Luna, etc), reativações de minas e novas regiões produtoras. O Pará (PA) surge com um enorme potencial de novos projetos, além da produção de ouro associada aos projetos de cobre da Vale.  Os efeitos positivos da mineração se multiplicam, trazendo novos polos de desenvolvimento no interior do Brasil.

 (1) Mathias Heider é engenheiro de minas do DNPM

 

 

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