A Universidade Federal de Viçosa (UFV) comprovou cientificamente que o escoamento de água de chuva sobre o solo, em áreas mineradas, é menor que em áreas ainda não mineradas no cultivo de eucalipto. Ou seja: o solo mantém uma boa absorção, retendo água de chuva e permanecendo produtivo para o plantio. A pesquisa foi realizada pelo engenheiro florestal Lucas Jesus da Silveira, que conduziu a dissertação de mestrado “Escoamento superficial em áreas de mineração de bauxita, pré e pós lavra, na Zona da Mata Mineira”. Silveira usou como base as áreas mineradas e reabilitadas pela Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), atestando que, após o processo de mineração, que ocorre em topos e encostas de morros, o escoamento superficial é de 0,17%. Isso representa um volume três vezes menor do que o que ocorre em áreas não mineradas.
O estudo, que teve início em outubro de 2016 e término em maio deste ano, foi realizado em culturas de eucalipto em período de chuvas na região da Zona da Mata Mineira, o que possibilitou um levantamento mais aprofundado e assertivo.
De acordo com a dissertação, a escolha por plantio de eucalipto em áreas reabilitadas é uma ótima alternativa, por três questões: hidrológico, visto o menor escoamento superficial; ecológico, com o aporte de serapilheira que ao longo dos anos se decompõe e auxilia na estruturação do solo; e econômico, dado a manutenção da produtividade do terreno e o lucro com a madeira, gerando poucos gastos para o proprietário das áreas.
Para a CBA, o estudo é a comprovação do que já vinha sendo observado. “Nosso desafio era mostrar que após o processo de lavra e da recuperação ambiental, o solo mantinha sua propriedade de absorção, retendo a água da chuva e, consequentemente, contribuindo para a manutenção dos lençóis freáticos. Agora isso já é realidade”, afirma o gerente geral das unidades de mineração da CBA, Ricardo Vinhal.
Tendo como um de seus pilares o desenvolvimento sustentável, a CBA tem investido em projetos relacionados à conservação hídrica, tanto com a comunidade quanto com seus empregados. Em 2016, a empresa iniciou uma parceria com o departamento de Engenharia Florestal da UFV, a fim de aprofundar suas pesquisas e comprovar que o projeto que vem desenvolvendo é significativo.
Segundo o professor Herly Carlos Teixeira Dias, coordenador do Laboratório de Hidrologia Florestal da UFV e orientador da dissertação de Silveira, o estudo avaliou questões importantes pós-exploração da bauxita. “O estudo mostra que o processo de reabilitação e as tecnologias ali empregadas estão dando retorno acima do que esperávamos”, afirma.
Além da tese de Lucas Jesus da Silveira, outras pesquisas estão sendo desenvolvidas por alunos da UFV em áreas que passaram pelo processo de reabilitação ambiental.