Esta edição de número 110 da revista In the Mine circula às vésperas e também durante a Exposibram 2024, evento dirigido ao setor da mineração e reeditado há exatos 39 anos, desde a primeira e acanhada mostra realizada na capital paulista, em 1985 pelo IBRAM. Quem se lembra?
Como então e daí para a frente, não faltará assunto nas mesas do Congresso Brasileiro de Mineração, realizado em paralelo à exposição de produtos e serviços. Alguns estarão nos temas de palestras e irão se enveredar pelos halls dos auditórios, corredores e, quiçá, happy hours de alguns estandes já famosos também, desde sempre, por acolher um público sedento de socialização com seus pares.
Se falará um pouco de tudo e de tudo um pouco. Os mais experientes terão “os olhos cansados de olhar para o além”, caso algum proseador mais incauto introduzir na roda de conversa a mineração em terras indígenas, áreas de fronteira, na reserva nacional do cobre e na plataforma marítima continental brasileira. Esses serão os papos mais tortos, diria Caetano Veloso, que já não servem nem aos que estiverem pra lá de Marrakesh ou Marrakech, conforme a preferência do leitor. São tão tortos que parecem ter nascido assim, o que torna o trabalho de endireitá-los uma tarefa hercúlea e possivelmente fadada ao fracasso.
Transição energética, descarbonização, fontes renováveis, com todas as derivações e combinações possíveis, de cada tópico e entre eles, certamente serão objeto de ponderações, considerações e senões. Mas de tão falados, junto com o internacionalmente famoso ESG, a tal da Licença Social de Operação e a não menos aventada, principalmente quando não resta nenhum outro argumento para se convencer o interlocutor, rigidez locacional da mineração, já ficaram meio gastos e, a partir de certo ponto, podem chegar a ser desinteressantes. Esqueci aqui da Diversidade e Inclusão e da Equidade de Gênero, mas ambas estão dentro do S do ESG.
Engana-se, no entanto, que serão, algum dia, temas desinteressantes para um minerador, para um geólogo, para um engenheiro de minas ou para qualquer outro profissional do meio, incluindo esta jornaleira que vos fala com o coração aberto, embora receoso pelo Imposto Seletivo, as Taxas de Fiscalização estaduais e a penúria da Agência Nacional de Mineração. Tanto já andei nesses caminhos de minas que agora espero sentada por alguns acontecimentos, como a reunião do Conselho Nacional de Política Mineral, a aplicação da CFEM em um fundo de investimento para uso quando a mina fechar suas portas e torneiras de contribuições financeiras e melhorias públicas e, dado meu otimismo incorrigível, pelo dia em que a sociedade reconheça a mineração legal, responsável e sustentável e cobre das autoridades públicas a interdição e proibição da mineração ilegal.
Ao fim e ao cabo, o que nos move é acreditar que a mineração está para o mundo em que vivemos, como o fogo já esteve para o Homo Erectus. Aliás, nunca é demais lembrar, que ele precisou de duas pedras para fazer surgir sua primeira faísca. Vamos falar de mineração: de um pouco de tudo o que ela é. E de tudo, um pouco. É isso o que nos move desde sempre. Nos vemos na Exposibram!
Saudações breves,
Tébis Oliveira (Editora executiva)
tebis@inthemine.com.br