MOTO-CONTÍNUO
Quando o teor da proposta governamental começou a despontar na superfície, aflorando de veios profundos e já devidamente processado, alguém me disse, tais as inconsistências, que aquele substrato faria a festa dos advogados. E não deu outra. Nunca se viu tantos especialistas em direito mineral como agora e, ao que tudo indica, novas turmas deverão surgir das universidades, convictas, por que não?, de que haverá muito trabalho pela frente. Algo preocupante, se considerarmos que, há poucos anos, o grande mercado de trabalho na mineração brasileira era para jovens engenheiros e geólogos.
Mas não vamos nos estender aqui nesse assunto. O tema é bem tratado nas páginas que seguem. Há uma divertida história em quadrinhos rememorando toda epopéia em torno do novo marco e uma entrevista reveladora, em diversos aspectos, com o deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG), relator da Comissão Especial que analisa o Projeto de Lei (PL) nº 5.807/13. Há também, além da opinião sempre balizada de William Freire, um último recado de um grande engenheiro de minas que nos deixou há pouco, Ayrton Sintoni. Para ser justo, ele até viu um aspecto positivo no projeto de lei encaminhado pelo executivo: o fato de considerar “de utilidade pública todas as atividades de mineração”.
Vida que segue. Muitas mineradoras estão dando mostras de que o Brasil real se constrói com projetos sólidos, orientados pela dinâmica do mercado, que perpassa obviamente a sanha arrecadatória e as contingências políticas locais. Evidente que atrapalham, mas não a ponto de travar o moto-contínuo da economia global. Bons exemplos não faltam e trataremos adiante do que afinal importa: canteiros de obras, empregando alguns milhares de trabalhadores, e verdadeiros laboratórios de novas tecnologias. São as mineradoras, que estão implantando ou expandindo grandes complexos de lavra e processamento que, por certo, gerarão muito mais fatos econômicos do que atos políticos.
Wilson Bigarelli – editor@inthemine.com.br