VIÉS (IN)SUSTENTÁVEL

Na relação que se cobra da mineração diante do conceito de sustentabilidade, calcado que é em suas bases econômica, social e ambiental, não é difícil perceber uma certa inversão de valores, que aqui, neste editorial, prefiro chamar de viés. No sentido de oblíquo, diagonal ou, simplesmente, avesso.

As mineradoras se esfalfam para implantar projetos de conscientização ambiental em sua área de influência, ou para promover oficinas culturais, ou para incentivar a geração de emprego e renda, ou para patrocinar espetáculos teatrais e musicais, ou para estimular a criação de hortas comunitárias. São ações irreprováveis, do ponto de vista “politicamente correto”. E amplamente aceitas pelo poder público que, nada fazendo, acaba tudo capitalizando.

A questão que me coloco e aos leitores é em qual medida a mineração será tanto ou mais sustentável se apenas orientar seu foco para a melhoria econômica e ambiental de seus processos produtivos; ou se continuar investindo na qualificação de sua mão de obra; ou se recuperar adequadamente as áreas mineradas; ou se beneficiar o produto de sua lavra com tecnologias de ponta que assegurem menor consumo de energia e água, geração reduzida de emissões, alta reciclagem de resíduos, baixíssimo índice de acidentes de trabalho, prevenção máxima contra acidentes ambientais?

Não seriam esses projetos suficiente e verdadeiramente sustentáveis? A mineração brasileira tem feito muito. Para muitas comunidades, o que se convencionou designar como conceito social e conceito ambiental não existiria sem a mineração. E ela continua sendo tratada de vilã, condição que interessa a muitos. Até quando se sustentarão tais vieses?

Tébis Oliveira – editora – tebis@inthemine.com.br