O T’AI CHI CHINÊS
Os chineses têm uma filosofia secular para preservar a saúde e prolongar a vida: o T’ai Chi Ch’uan, ou simplesmente T’ai Chi, cuja essência básica é o movimento de expansão e recolhimento, coordenado com a respiração e em sintonia com o fluxo da natureza (o indefinível Tao). Então, não é de se estranhar que, com a retração de importantes mercados mundiais, os chineses tenham decidido voltar-se para o seu centro, no caso o mercado interno, cujo gigantesco potencial poderá sustentar o crescimento de sua economia a médio e longo prazo.
A mineração mundial, em particular os exportadores de produtos básicos, Brasil incluído, que tem a China como principal destino, está evidentemente a reboque dessa movimentação que, por certo, irá impactar nos preços e provavelmente na demanda por commodities. Algo que se confunde com maior competitividade entre os fornecedores e, portanto, menores custos para a matéria prima o que, afinal, pode ser a intenção oculta dos chineses ao anunciar uma menor projeção de crescimento para o seu PIB.
Mesmo porque, a prioridade dada por eles ao mercado interno, não é um movimento definitivo. Como não é no T’ai Chi, cujos movimentos são circulares e ininterruptos. Aliás, não custa lembrar que essa filosofia também é chamada de “meditação em movimento” e não se resume a coreografias praticadas em parques públicos, como pensam muito ocidentais.
Resta saber se o setor mineral se preparou devidamente para conviver com a incerteza e a volatilidade no mercado transoceânico, que se anuncia, em maior ou menor escala, no decorrer de 2012. Especialistas falam em uma nova onda de fusões e aquisições nas Bolsas, de modo a garantir investimentos e, de novo, maior competitividade. Não é um horizonte ruim. Mas que requer acompanhamento diário, a despeito de contratos de longo prazo, tão comuns na mineração. Como no T’ai Chi, o que importa é o “aqui e agora”, que é sempre constante e, paradoxalmente, sempre mutável.
Wilson Bigarelli – editor@inthemine.com.br