Em um dos painéis realizados durante a EXPOSIBRAM 2024 a pauta foi a agenda de economia circular na mineração do Brasil, a qual propõe uma nova abordagem para o design, produção e comercialização de produtos, visando garantir o uso eficiente e a recuperação inteligente dos recursos naturais.
Moderado pela pesquisadora do Centro de Tecnologia Mineral (CETEM), Lúcia Helena Xavier, o painel contou com as presenças da engenheira ambiental e doutora pelo Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Alice Libânia Santana Dias; do superintendente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Davi Bomtempo; da gerente sênior de P&D Mineral da Mosaic, Lilian Cantuário; e da geóloga e coordenadora do Projeto Estudos Multidisciplinares de Redução de Impactos da Mineração e Promoção de Circularidade no Setor Mineral do Brasil, pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), Lucy Takehara Chemale.
Dando início ao painel, Davi Bomtempo ressaltou as estratégias adotadas pela instituição para implementar formas de eficiência energética nos setores mais intensivos, como a transição energética, a expansão das energias renováveis, o uso de novas tecnologias, como o hidrogênio de baixo carbono e captura de carbono, e o fortalecimento da política nacional de biocombustíveis. “A ideia é trabalhar de forma estratégica a gestão dos recursos, aumentando cada vez mais o aproveitamento e reduzindo o descarte e o desperdício”, afirmou. Para ele, a economia circular deve ser encarada como uma agenda de longo prazo.
Em consonância, a engenheira ambiental Alice Libânia Santana Dias destacou a importância de debater a transição da temática. “Quando a gente comenta sobre economia circular, há de se pensar em uma transição. Não é uma agenda que a gente implementa só colocando metas muito programáticas, do dia para a noite. Realmente, é uma agenda de longo prazo”, declarou.
A engenheira citou, ainda, a logística reversa como uma das formas de trabalhar a economia circular. “A logística reversa não é só retornar o resíduo para a cadeia produtiva, mas já pensar no seu produto ou na prestação do serviço considerando o pós-consumo e também a extensão da durabilidade daquele serviço ou produto”, complementou.
Ainda segundo Libânia, a tributação contínua na recuperação de materiais, o desenvolvimento tecnológico em algumas cadeias específicas, novos modelos de negócios, incentivos regulatórios e a disponibilidade de investimentos, são alguns obstáculos para promover o avanço da agenda.
A gerente sênior de P&D Mineral da Mosaic, Lilian Cantuário, abordou o comprometimento da companhia nas comunidades em que a empresa opera, buscando uma operação socioambiental e sustentável, com o investimento em produtos e soluções que entregam mais valor. “Nos nossos produtos buscamos aumentar a produtividade das plantas e utilizar de formas responsáveis os recursos naturais”, disse. Ela também enfatizou as metas de redução de gases de efeito estufa, os trabalhos para redução e otimização do consumo de água, além de outros temas de interesse massivo na busca por alcançar uma produção sustentável.
Por sua vez, Lucy Takehara Chemale mencionou que o SGB visa aumentar a circularidade no setor mineral, por meio do estudo de materiais de descarte, contribuindo com o aprimoramento da eficiência da produção minerária do Brasil. Ela também destacou: “No setor mineral, a circularidade é uma solução estratégica que, além de promover a sustentabilidade, pode transformar ativos ambientais em ativos econômicos”.
Ao final do painel, a moderadora Lúcia Helena Xavier comentou que a transição para a economia circular remete à questão de segurança. “Estamos buscando sair de um espaço de insegurança hídrica, energética e alimentar. As formas de se mitigar esses impactos passam, necessariamente, pelas metas que temos em relação à economia circular”, concluiu.