Na Samarco, o conceito de descarbonização envolve um conjunto de iniciativas estruturadas que visam avanços na transição energética para fontes renováveis e/ou fontes de menor potencial emissor, de forma gradativa, com o objetivo de atingir a meta carbono neutro (Net Zero) em 2050. Esse conceito se materializa em um robusto inventário de emissões, cujos dados foram reconhecidos, nos anos de 2021 e 2022, pelo instituto GHG Protocol com selo Ouro, que premia a relevância do sistema eficiente de monitoramento e controle de todas as emissões de CO2 ligadas às operações da empresa.
“Estamos determinados a desempenhar nosso papel na redução das emissões de carbono, contribuindo para diminuir os impactos ambientais. Nesse sentido, adotamos medidas para reduzir a pegada de carbono em todas as fases de nossas operações, desde a exploração até o processamento e distribuição”, diz João Batista Soares Filho, gerente de Meio Ambiente da Samarco. Entre as iniciativas, ele destaca o pioneirismo da mineradora no uso de resíduos da lavra de mármore na produção de pelotas de minério de ferro, como alternativa complementar ao calcário, reduzindo a emissão de dióxido de carbono e do consumo de combustível.
Aplicação
Para concretizar seu conceito de descarbonização, a Samarco adotou uma estratégia geral abrangente e planejada, que envolve a avaliação da pegada de carbono, o estabelecimento de metas de redução e a melhoria da eficiência enérgica. “Essa estratégia envolve todas as áreas voltadas à produção de pelotas, em especial a cadeia de suprimentos e as áreas de pesquisa de novos insumos e tecnologias”, explica o gerente.
Apesar de ter estabelecido áreas prioritárias para descarbonização, os indicadores e metas da Samarco são corporativos, implicando em que todas as atividades da empresa sejam computadas e devam contribuir para a redução das emissões, mesmo com ações simples como a de melhorias na logística de transporte de funcionários. Nesse sentido, o indicador mede o total de emissões de gases de efeito estufa por produção total da empresa (kgCO2e/tproduto). A meta é reduzir as emissões em 30% até 2032, em comparação com 2015, ano de referência 2015, cujas emissões foram de 102 kgCO2e/tproduto.
A Samarco está implementando uma série de planos de ação de curto, médio e longo prazo, conforme definido em seu planejamento estratégico (Life Of Asset – LOA). Para o curto e médio prazo, estão sendo desenvolvidos insumos com maior pureza ou menor carga de fontes fósseis, em parceria com fornecedores da empresa. No longo prazo, o planejamento visa a redução de 30% das emissões até 2032 e o carbono neutro até 2050. Além dos insumos, novas tecnologias de processamento de minérios também são avaliadas.
Em 2023 foram investidos cerca de R$ 5,6 milhões em Pesquisa e Desenvolvimento de projetos com foco em descarbonização, em tecnologias visando a otimização do processo produtivo e em economia circular. Em 2024 serão investidos cerca de R$ 8,5 milhões (52% a mais que em 2023), destacando-se projetos de secagem do minério por micro-ondas, desenvolvimento de ligantes de cura a frio, uso de resíduos de rochas ornamentais como insumo e desenvolvimento e implantação de tecnologias como sistemas de controle avançado de processo e gêmeo digital.
Para Soares, embora o processo de descarbonização possa apresentar desafios significativos, seu facilitador é que a Samarco já mantinha um processo sólido de desenvolvimento de insumos e fornecedores, que agora pode ser aplicado na redução de emissões a curto prazo. “Ainda assim, há alguns insumos de substituição mais complexa, seja do ponto de vista técnico ou econômico, que irão demandar desenvolvimento técnico e investimentos a médio prazo para atingir as metas de descarbonização definidas”, explica o gerente de Meio Ambiente.
Em sua opinião, as novas tecnologias serão necessárias e podem se mostrar muito efetivas na descarbonização do processo de produção de pelotas. É preciso, no entanto, que sua implementação seja segura o bastante para garantir o cumprimento dos parâmetros de qualidade química, física e metalúrgica dos produtos. Como exemplo, ele cita a substituição parcial da matriz energética do forno de queima das pelotas pelo uso de gás natural. A mudança envolveu alterações de projeto dos equipamentos industriais, atendimento à legislação, fomento de uma cadeia de suprimentos e várias outras modificações de processo, além de impactar na qualidade final das pelotas que, no caso, foi positivo.
A análise do perfil de emissões futuras da empresa mostra que existem algumas fontes de emissão de substituição mais complexas, mesmo considerando novas tecnologias já existentes. Caso não se desenvolva uma tecnologia específica para essas fontes, uma possibilidade, no longo prazo, é a compra de créditos de carbono no mercado. Por isso, Soares acredita que a regulação do SBCE (Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa) será importante para definir e detalhar as regras desse comércio, reduzindo a incerteza do mercado e facilitando as negociações.
Imagem em destaque: Pelotização: uso parcial de gás natural no forno de queima do complexo de Ubu, em Tubarão (ES). Foto: Samarco/Divulgação
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