DE GEÓLOGO A CEO DA MAIOR EMPRESA DE SONDAGENS DO BRASIL

DE GEÓLOGO A CEO DA MAIOR EMPRESA DE SONDAGENS DO BRASIL

A empresa completa 70 anos de fundação em 2023. Em seu quadro funcional, ele completa 31 anos, tendo ocupado os cargos de gestor de projetos, gerente ocupacional e diretor de Sondagens e, desde julho de 2008, o de CEO. Mesma atribuição que passou a desempenhar, no mesmo ano, junto à holding que agrega todas as empresas do grupo.

Entusiasta da inovação tecnológica, o que inclui, por óbvio, a chamada indústria 4.0, o geólogo de formação já saltou para outro estágio de desenvolvimento – o da indústria 5.0, como ele o nomeia, com todas as oportunidades, possibilidades e funcionalidades que a Inteligência Artificial (IA) pode proporcionar. É nesse campo que suas equipes devem avançar, começando da consolidação de parâmetros de sondagem para construir um banco de dados que subsidiará, através de IA – olha ela aí! – a automação da operação de equipamentos, inclusive melhorando o processo de coleta de amostras e aumentando sua confiabilidade e rastreabilidade.

João Luiz Nogueira de Carvalho é um sul-mato-grossense, nascido em Aquidauana e criado no paraíso ambiental de Bonito. Mas convence como mineiro da gema, principalmente pelo jeito de falar, ambientado que está há tanto tempo nessa terra, a começar do curso de Engenharia Geológica na clássica Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). A fama de grande anfitrião precede o CEO da Geosol e da Geopar – Geosol Participações. Seu estande nas edições da Exposibram é sempre um dos mais concorridos. Passando por lá em 2022, fui praticamente intimada, por amigos e conhecidos da mineração, a entrevistá-lo como Mine Personalidade nesta revista. O tempo passou, mas a hora chegou.

Nesta entrevista exclusiva à In the Mine, João Luiz relembra os principais marcos da história da Geosol. Fala da diversificação das soluções iniciais de sondagens da empresa, da atualização tecnológica de métodos e processos e dos recursos embarcados nos equipamentos, em especial nas duas últimas décadas. De desafios regulatórios e entraves ambientais e sociais – caso da mineração em Terras Indígenas, principalmente, trazendo sua visão de conciliador entre a atividade e os povos originários, a exemplo do que já ocorreu em outros países mineradores. Elogia o Invest Mining, iniciativa que visa criar mecanismos de financiamento à pesquisa mineral no Brasil e trata de temas como descarbonização, minerais estratégicos e centralização do licenciamento à atividade mineral. Confidencia que, uma vez aposentado, planeja ter uma atuação política em prol da mineração, sem confirmar se pretende concorrer a um cargo eletivo. Aos jovens geólogos recomenda que tratem de sua carreira “como um dos maiores amores de suas vidas”

ITM: Ao longo dos 70 anos de sua fundação, quais são, em sua opinião, os principais marcos da história da Geosol?

João Luiz: A Geosol iniciou sua atividade em Santa Catarina, na área de carvão, em 1953. No final da década de 1960, nosso fundador Victor Dequech e a diretoria da empresa perceberam que as sondagens eram impactadas pela falta de uma estrutura própria para a análise química das amostras. Decidiram, então criar o GeoLab com essa finalidade. Com o passar do tempo, esse laboratório se associou ao laboratório canadense Lakefield, posteriormente adquirido pela SGS, empresa global com mais de 150 anos de atuação nesse setor. Em 1971, a Geosol transferiu sua sede para Belo Horizonte, em Minas Gerais, onde houve o boom do Quadrilátero Ferrífero, com novas minas sendo abertas no entorno de Belo Horizonte. Ainda nessa década, começaram as sondagens em Carajás, no Pará, e a Geosol foi uma das primeiras empresas a se estabelecer na região, hoje um dos maiores complexos minerais em nível mundial. Em 1990 montamos uma base de operações em Carajás, com cerca de 800 empregados, criando um polo mineral como o que temos em Minas Gerais. Outro grande marco foi a Operação Overseas, que realizamos no continente africano, superando várias dificuldades, e que nos legou um aprendizado enorme. Desde sempre, a Geosol vem buscando crescer e tivemos sucesso nesse caminho, graças à dedicação, à coragem, à resiliência e à capacidade de inovar de nossos excelentes profissionais, que foram os pilares que sustentaram os grandes marcos que nos trouxeram até aqui.

ITM: Nesse período, como se deu a ampliação dos serviços da empresa?

João Luiz: Na medida em que a empresa foi se desenvolvendo, surgiu a necessidade de diversificar seus serviços. E com isso, obviamente, a necessidade de adotar novos métodos e tecnologias para atender à demanda do mercado. Hoje, nosso portfólio abrange desde a pesquisa mineral, passando pela operação da mina e chegando ao seu fechamento, quando fazemos a sondagem geotécnica. Executamos diversos tipos de sondagens: rotativas diamantadas; subterrâneas; de grandes diâmetros, como a de furos ZW, de 192 mm; HD (Heli-Drilling), em áreas remotas, com sondas modulares içadas por helicóptero; RC, de circulação reversa; e Air Core, que é uma sondagem desenvolvida pela Geosol para prospecção de bauxita. Também temos a sondagem Rotary, específica para a perfuração de poços tubulares em projetos de captação de mananciais de águas subterrâneas, e a Slim Drilling, para projetos de gás natural, com amostragem contínua. Em todos esses serviços – sondagem geológica, geotécnica e de poços tubulares, realizamos perfilagens de desvio, de trajetória, de imagens etc.

“A Geosol vem buscando crescer e tivemos sucesso nesse caminho, graças à dedicação, à coragem, à resiliência e à capacidade de inovar de nossos excelentes profissionais”

ITM: De que forma essa atualização tecnológica chega à Geosol?

João Luiz: A empresa sempre se manteve atenta às inovações e tendências de mercado, buscando o que há de melhor no Brasil e em países como o Canadá, a Austrália, a Alemanha, que são desenvolvedores de tecnologias. Buscamos essas tecnologias e as trazemos para o Brasil, fazendo sua tropicalização. Se podemos fabricar alguns dos melhores aviões do mundo, porque não podemos produzir também alguns dos melhores equipamentos de sondagem? Pensando assim criamos a Geobit, que desenvolve esses equipamentos tropicalizados para o Brasil, com base em tecnologias já consagradas em outros países. Nesse processo, acabamos atualizando nossa frota com a incorporação de modelos novos e mais modernos. Só a Geosol possui cerca de 160 equipamentos. Na Geopar (Geosol Participações), holding que abriga todas as empresas do grupo, temos em torno de 290 sondas, sendo que, entre 75 e 80% já são máquinas modernas. Nossa meta é manter um investimento contínuo para chegar perto de 100% da atualização da frota.

ITM: Quais as principais tecnologias embarcadas nos equipamentos?

João Luiz: Todos os equipamentos possuem telemetria, o que deve facilitar o uso de IA, já em teste em alguns deles. A operação pode ser acompanhada por um centro de controle, em tempo real, com intervenções, quando necessário, por comando de voz junto aos operadores. Em 2024, também iniciaremos a robotização da fábrica da Geobit. Outro avanço desenvolvido recentemente é o Rod Handler, um manipulador automatizado das hastes dos equipamentos de sondagem, sem interferência humana. Além de reduzir o risco de acidentes e aumentar a segurança, outro benefício é a otimização do tempo atualmente gasto na operação, agilizando os processos envolvidos. A evolução tecnológica sempre esteve presente na Geosol, mas foi bastante intensificada a partir de 2010.

“Estamos saindo da indústria 4.0 e entrando no que chamo de indústria 5.0, com a Inteligência Artificial (IA)”

ITM: Além dos equipamentos, a coleta dos testemunhos de sondagem também passou por mudanças significativas. Como essas mudanças se refletiram na dinâmica de operação da Geosol?

João Luiz: Eu costumo dizer que estamos saindo da indústria 4.0 e entrando no que chamo de indústria 5.0, com a Inteligência Artificial (IA). Nesse cenário, o que a Geosol está buscando? A partir da grande base de dados que acumulamos ao longo do tempo, estamos criando um banco de dados de sondagem, com diversos parâmetros, como pressão, vazão e avanço. Esses parâmetros nos darão subsídio, através da IA, para que, num futuro breve, possamos ter equipamentos autônomos em parte de nossas operações. Em especial naquelas realizadas em terrenos mais acessíveis e regulares. Com esses parâmetros não só melhoramos o processo de coleta de amostras, como melhoramos sua rastreabilidade, que é uma demanda cada vez maior dos clientes – a confiabilidade de uma coleta de amostra.

ITM: A Geopar hoje tem uma atuação bastante diversificada não apenas em sondagens para mineração, como para o setor de óleo e gás, ensaios especiais de campo e laboratório, análises geoquímicas e ambientais, produção de equipamentos e componentes para sondagens, locação de máquinas para construção e mineração e empreendimentos imobiliários. Há planos para participar em outros segmentos de negócio ou para ampliar o leque de soluções oferecidas por algumas dessas empresas da holding?

João Luiz: Nosso carro-forte continua sendo a operação de sondagem para o setor mineral, a cargo da Geosol. Alguns dos outros setores ainda são incipientes e estão em desenvolvimento. Um dos nossos focos agora, dentro do segmento mineral, é buscar cada vez mais a prestação de serviços para os minerais essenciais, ditos do futuro, que passarão a compor a nossa base de dados. Também estamos atuando fortemente para desenvolver ainda mais nosso laboratório. De toda forma, nossos investimentos estão voltados para a inovação tecnológica.

“Um dos nossos focos agora, dentro do segmento mineral, é buscar cada vez mais a prestação de serviços para os minerais essenciais, ditos do futuro”

ITM: A Geosol saiu de uma atuação inicial bastante limitada – pesquisa geológica na bacia carbonífera de Santa Catarina -, para se tornar uma referência internacional nessa atividade. Quais são os maiores desafios de atuar em um mercado globalizado como o da mineração?

João Luiz: Os maiores desafios são as barreiras regulatórias e culturais. Um grande exemplo que tivemos foi nosso trabalho no continente africano, em países com várias línguas ou dialetos, domínio tribal e onde todas as relações eram permeadas pela religião muçulmana, preponderante. Ou seja, um ambiente bastante complexo. Já na América do Sul, os desafios são menores, principalmente pela proximidade da língua. Mas persistem os desafios de regulamentação e cultura, que devemos compreender bem para poder prestar nossos serviços em outros países.

ITM: No Brasil, a mineração enfrenta vários entraves regulatórios, ambientais e sociais, como em Terras Indígenas e faixas de fronteira. Qual é a sua avaliação desse cenário e como esses gargalos podem ser superados?

João Luiz: No caso do Brasil, o tempo de análise e decisão dos processos minerários é um dos principais entraves da regulamentação. Para se obter um título mineral gasta-se de um a três anos. Outros três a cinco anos são consumidos na maturação do projeto. Mais dois a três anos para que a ANM (Agência Nacional de Mineração) avalie e conceda sua autorização de lavra. O licenciamento ambiental consumirá de dois a três anos e a construção da mina e planta de beneficiamento demorará outros dois a três anos, pelo menos. Em resumo, são entre 11 e 15 anos para se levantar um projeto mineral no Brasil, ao passo que em outros países isso é feito entre três e cinco anos, quando muito.

“Passam-se entre 11 e 15 anos para se levantar um projeto mineral no Brasil, ao passo que em outros países isso é feito entre 3 e 5 anos, quando muito”

ITM: E quanto à restrição de operações minerais em terras indígenas e faixas de fronteira?

João Luiz: Nessas questões, o Brasil, apesar de sua imensidão territorial e grande vocação para a mineração, está bastante atrasado em relação a países como o Canadá e a Austrália e mesmo a nossos vizinhos, como a Argentina, o Peru e o Chile. Todos possuem populações indígenas, por vezes formadas por numerosos membros e, no entanto, a mineração não deixou de ser desenvolvida, de gerar riqueza para o PIB (Produto Interno Bruto) de cada país e para as próprias comunidades indígenas. Atuando nesses territórios, a mineração pode crescer, enquanto setor econômico, sem deixar de promover a prosperidade e o bem-estar desses povos originários. Essas comunidades querem preservar sua cultura, sem dúvida alguma, mas também querem ter acesso – e efetivamente já têm – a algumas comodidades modernas, como celulares, carro, televisão e Internet. É isso que deve ser pensado em relação às terras indígenas, sempre cuidando para preservar a fauna e a flora locais, o que o setor mineral faz muito bem, obrigado. Todos sabem que as únicas áreas ambientais preservadas em Carajás (PA) e no Quadrilátero Ferrífero (MG) são as que ficam no entorno das mineradoras que lá operam. Ao contrário das áreas urbanas, com cidades densamente povoadas. É possível manter a preservação das Terras Indígenas em sinergia com a atividade mineral.

ITM: Como se poderia chegar a essa conciliação?

João Luiz: É preciso haver regulação e acompanhamento das operações. Hoje, não existem Terras Indígenas com mineradoras, mas a grande maioria delas foi tomada por atividades garimpeiras ilegais. Se o poder público acompanhar, autorizar e validar operações legais nessas áreas, será muito melhor. A mineração não só vai substituir os garimpos ilegais, como vai gerar emprego, saneamento, infraestrutura, bem-estar social, preservação ambiental e um desenvolvimento equilibrado daquelas regiões. Para isso, o poder público tem que ter o controle de fato dos alvarás e das licenças concedidas a mineradoras legais, até para não ficarmos reféns de produtos minerais oriundos de atividades garimpeiras ilegais em Terras Indígenas.

ITM: No caso da pesquisa mineral, além dos mesmos entraves ambientais, há o problema histórico de financiamento de uma atividade de risco. Qual sua posição a respeito?

João Luiz: No caso da pesquisa mineral também vou citar o exemplo de países mineradores como a Australia e o Canadá, onde a questão do financiamento dessa atividade já foi amadurecida pela população, que entende tratar-se de um bom investimento. Aqui no Brasil foi criado o Invest Mining, um grupo formado por associações, empresas do setor mineral, B3 (Bolsa de Valores brasileira) e várias outras instituições. Essa iniciativa tem demonstrado ao governo que é possível conferir a um prospecto mineral, através de seu título, garantia suficiente para obtenção de financiamento junto a bancos e investidores. Até para dar suporte a esse projeto embrionário, dando-lhe continuidade e rentabilizando os recursos nele aplicados, que é o que todo investidor espera. Eu acredito que o trabalho que o Invest Mining está realizando vai ajudar a oficiar esse entendimento, fazendo com que o brasileiro possa ter, pela mineração, o mesmo apetite que tem pelo agronegócio.

Hoje, não existem Terras Indígenas com mineradoras no Brasil, mas a grande maioria delas foi tomada por atividades garimpeiras ilegais”

ITM: Qual é sua visão sobre o boom dos chamados minerais estratégicos para a transição energética?

 João Luiz: Embora esse tema esteja em destaque na mídia mundial atualmente, lembro que já vi carro elétrico na Alemanha há 12 anos, inclusive com um posto de recarga instalado na prefeitura da cidade. Agora, com a guerra na Ucrânia, esse mesmo país reativou suas usinas a carvão, o que só prova que ainda temos um longo caminho a percorrer nesse sentido. A transição energética vai requerer muitos minerais industriais. Mas, não apenas para a produção de baterias para os veículos elétricos. Minerais também serão necessários para toda a infraestrutura que essa nova matriz de energia vai demandar. O Brasil já tem energia limpa e será bom que possa aderir à transição energética, mas vai precisar de muita tecnologia para isso. Imagine, por exemplo, se no centro de São Paulo, capital do estado, for proibida a circulação de carros a combustão e permitida somente a de veículos elétricos. Quantas mudanças estruturais essa decisão não exigiria, a começar do cabeamento das redes de transmissão de energia para atender à recarga das baterias desses carros? Eu torço por essa matriz de energia limpa, mas isso não vai ocorrer na velocidade que a população deseja. De toda forma, essa tendência já duplicou o surgimento de projetos de lítio e terras raras no país, muitos deles no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, mas também na Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte.

ITM: Essa tendência de eletrificação já chegou aos equipamentos de mineração e construção. É o caso da frota da Geosol também?

João Luiz: Sim. Já aprovamos um projeto para o desenvolvimento de uma sonda de perfuração movida a bateria. Antes queremos automatizar a operação para depois, aos poucos, substituir os combustíveis fósseis nas máquinas. Ainda em relação a fontes de energia limpa e descarbonização de processos, optamos pela geração através de painéis fotovoltaicos na sede da Geosol e em várias de nossas unidades. Também estamos substituindo as fontes de iluminação das sondas por energia fotovoltaica. É um projeto com duração de três anos, que ser concluído em meados de 2025.

ITM: A regulamentação do mercado de créditos de carbono pode incentivar a descarbonização dos processos?

João Luiz: Creio que sim. Mas primeiro será preciso entender essa regulamentação e acompanhar a consolidação desse mercado. Então decidiremos se nos tornaremos signatários.

ITM: Qual o papel da Fundação Victor Dequech no desenvolvimento da pesquisa mineral no Brasil?

João Luiz: A Fundação foi constituída em 2003 e é ligada à Geopar, recebendo recursos financeiros de todas as empresas do grupo. Na esfera da capacitação profissional, um de seus objetivos, ela suporta e subsidia uma escola de sondagem, em parceria com o SENAI-MG, que forma nossas equipes para realizar essa atividade. A fundação também financia a construção ou reforma da residência dos empregados através de recursos em habitação e atua em projetos de bem-estar social, educação – escolas técnicas e de ensino médio -, cursos para capacitação de menores, treinamentos e desenvolvimento tecnológico, através de convênios com instituições e centros universitários e da oferta de bolsas de estudo, além de manter o plano de saúde suplementar dos funcionários. Em dezembro agora (2023), a fundação vai inaugurar um museu de mineralogia em sua sede, em Belo Horizonte (MG), cujo acervo é composto da coleção do dr.Victor Dequech e doações.

“A Federação deveria tratar do investimento mineral através da ANM, com um rito mais claro e ágil”

 ITM: A Geopar possui cerca de 5 mil funcionários. Como a empresa tem abordado as questões de diversidade e inclusão?

João Luiz: A Geopar possui 4.600 funcionarios, sendo 2 mil deles na Geosol. Em termos de diversidade e inclusão, destaco que fomos a primeira empresa de sondagem do Brasil a ter mulheres formadas como sondadoras e uma das primeiras a ter mulheres como motoristas em seu quadro técnico, além de promover a contratação de PcDs (Pessoas com Deficiência). A Geosol aplica esse conceito desde que foi fundada, valorizando as pessoas das localidades onde atua, sem discriminação de cor, raça ou origem. Não estabelecemos metas para isso: temos áreas formadas por 80% de mulheres, por exemplo, enquanto outras possuem 20% ou 10%. No setor mineral, historicamente, não havia mulheres que se interessassem por trabalhar nessa atividade. Na minha turma de Geologia na UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto), de 20 estudantes, apenas quatro eram mulheres. Hoje, esse quadro já mudou muito.

ITM: Em sua opinião, quais são os principais problemas para um maior crescimento da mineração brasileira hoje?

João Luiz: Eu vou reforçar que é uma regulação mais clara e uma análise mais célere dos processos minerários. Na esfera da regulação, as três instâncias de governo – municipal, estadual e federal – precisam parar de agir individualmente e sem se comunicar. Penso que um único órgão deveria ser responsável pela gestão dos títulos minerários e licença ambiental e de instalação do projeto, preferencialmente um órgão federal, já que é essa instância de governo que regulamenta a mineração. Os órgãos relacionados, das demais instâncias, passariam a aderir às decisões desse órgão. Também penso que poderíamos simplificar as licenças básicas. Por exemplo, a partir do relatório de pesquisa, provando que um recurso virou uma reserva economicamente lavrável, o licenciamento seria liberado. Em outros países, esse processo é cada vez mais ágil. Em razão disso, temos investimentos em projetos minerais muito mais volumosos no Canadá, Austrália, Peru, Argentina, Chile e México, entre outros. Dos investimentos europeus em mineração, 30% ficam com o Chile; a Argentina com 18%; o Peru com 17% e o México com 14%. O Brasil, em cujo território cabem todos esses países, fica com apenas 10%. Para mim, a Federação deveria tratar do investimento mineral através da ANM, com um rito mais claro e ágil.

Perfil:

Nasceu em: Aquidauana (MS), em 23/03/1965, sendo criado em Bonito
Mora em: Belo Horizonte (MG)
Trajetória acadêmica: Engenharia Geológica pela UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto). Especialização em Engenharia de Segurança de Trabalho pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). MBA em Gestão e Projetos na Fundação Dom Cabral. MBA de Negócios e MBA de CEO FGV (Fundação Getúlio Vargas), onde participou do CEO Insights FGV, grupo de debate entre CEOs de vários segmentos. Cursos de Gestão de Pessoas, Estratégia Empresarial, Negociações e de Gestão e Qualidade
Trajetória profissional: 31 anos na Geosol, como geólogo (1992), gestor de Projetos (1993 a 2000), gerente ocupacional (2000 a 2002) e diretor de Sondagens (2002 a junho de 2008). Desde julho de 2008 é CEO da Geosol e Geopar (Geosol Participações)
Família: Uma esposa adorável, três filhos e um neto
Hobby: Caminhar e correr
Time de Futebol: Flamengo
Um mestre ou ídolo: Mestres são todos os diretores da Geosol que sempre me apoiaram ao longo da minha carreira. Meu ídolo é meu pai
Maior decepção até hoje: Não lembro. Então não devo ter tido. Se tive, deixei passar
Maior realização até hoje: Minha família e fazer o que eu faço
Um projeto: É mais um sonho. Poder ajudar no desenvolvimento do setor mineral atuando nos meios políticos
Um “conselho” a jovens geólogos: Façam da carreira geológica um dos
maiores amores de suas vidas

Foto: Geosol/Divulgação

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.