Operando em regiões que figuram entre as mais secas do planeta, como o deserto do Atacama, as mineradoras chilenas registram significativos avanços no uso de água do mar em processamento mineral. Segundo levantamento do órgão estatal Cochilco (Comissão Chilena de Cobre), essa fonte de abastecimento já responde por 8% de todo o consumo das empresas do setor e, até 2021, sua participação deverá aumentar para 35%, já que praticamente todos os novos projetos consideram o uso de água do mar em suas operações.
O custo para bombeamento dessa água, do mar até as áreas de operação, ainda inviabiliza alguns projetos, já que eles ficam em locais de altitude elevada e distantes do litoral. “O processo também impõe restrições ao uso ou implica em aumento de custo, como no caso da lixiviação bacteriana, que exige a dessalinização da água do mar”, diz Gustavo Tapia, gerente de processos e inovação tecnológica do grupo Antofagasta Minerals. “A decisão de dessalinizar ou não a água é tomada em função de questões técnicas e econômicas, pois é possível trabalhar com esses dois tipos, de acordo com a tecnologia adotada.”
Ele sabe o que diz, já que o grupo Antofagasta tem uma operação que é referência no uso dessa tecnologia. Trata-se do projeto Esperanza, localizado 1.350 km ao norte de Santiago, que utiliza apenas água do mar para a produção de concentrado de cobre e ouro associado. A água é captada no porto de embarque do produto e segue para a usina de processamento por meio de um aqueduto de 145 km, que segue o mesmo traçado do mineroduto usado para escoamento da produção.
Com base nessa experiência, Gustavo Tapia vai presidir um debate sobre o uso de água do mar em mineração, durante o Congresso Expomin 2014, que será realizado no Chile entre os dias 21 e 25 de abril. “Essa questão vem sendo avaliada em todos os novos projetos e merece uma discussão mais aprofundada em termos de tecnologias disponíveis, regulamentação e do aprendizado que assimilamos.”