Por: Paulo Castellari, CEO da Appian Capital Brazil
Encerramos mais um ano e, com o término do período, chega o momento de refletir sobre os principais desafios que enfrentamos e os avanços que conquistamos dentro da indústria mineral. Sem dúvidas, 2024 foi um ano de transição para a indústria da mineração, com questões globais e locais que obrigaram as empresas a se adaptarem de forma mais rápida.
O cenário de queda nos preços de vários produtos – de metais preciosos a materiais ‘bulk’ – resultou na paralisação ou até mesmo fechamento de operações ao redor do mundo. As companhias resilientes precisaram “fazer mais com menos”, ou seja, otimizaram suas operações, controlaram custos, focaram em iniciativas de melhoria operacional e ganhos de produtividade.
Mas, desafios sempre trazem aprendizados, e acreditamos que a indústria como um todo soube se reinventar e se preparar para este novo cenário – que, apesar de ser mais um ciclo com início, meio e fim, deverá persistir em 2025. O ano que se inicia traz promessas de crescimento, contudo também exigirá uma abordagem forte e, principalmente, inovadora, para que as mineradoras possam não apenas se manter competitivas, mas também atender às crescentes demandas por sustentabilidade e eficiência.
E falando em sustentabilidade, em 2024 houve movimentos significativos em setores específicos da mineração, com o crescente interesse nos materiais necessários para a transição energética. Além disso, observamos ações governamentais para garantir que esse processo se concretize de forma mais rápida e eficaz. O governo dos Estados Unidos, por exemplo, destinou cerca de US$ 6 bilhões em subsídios para empresas com projetos voltados ao fortalecimento da cadeia de suprimentos de baterias do país. Já vemos muitos outros países adotando medidas semelhantes, incluindo o Brasil.
Para 2025, acreditamos que a demanda por práticas mais sustentáveis se intensificará, especialmente com a corrida para alcançar as metas de redução das emissões de carbono. Daqui para frente, veremos um aumento na cobrança por parte de investidores, clientes e demais stakeholders sobre como nosso produto é fabricado, o perfil dos nossos colaboradores, o impacto nas comunidades e no meio ambiente. Mais uma vez, essa será uma excelente oportunidade para mostrar a capacidade do nosso setor de gerar mudanças positivas na vida das pessoas.
Por fim, não poderíamos deixar de mencionar o que consideramos a principal “virada de chave” do ano: a modernização do setor de mineração, com o uso de Inteligência Artificial, além da automação para reduzir custos operacionais e aumentar a produtividade. Levou um tempo para o setor entrar na curva de maturidade do uso dessas ferramentas, mas finalmente chegamos lá. Para os próximos anos, não há mais volta: precisaremos nos acostumar com a ideia de plantas automatizadas, softwares que indicam a necessidade de reposição de estoque e assistentes virtuais, entre outros. O que podemos garantir é que os benefícios serão inúmeros para a mineração e sociedade.
O futuro da indústria mineral será certamente marcado por desafios complexos – como os que já enfrentamos – mas também por grandes oportunidades. Empresas que souberem inovar, se adaptar às novas demandas globais e investir em práticas sustentáveis estarão preparadas para prosperar em um ambiente de mercado cada vez mais dinâmico e exigente. Que em 2025 possamos continuar avançando com uma mineração cada vez mais inteligente, segura e responsável.