AS MINAS DE ALMADÉN EM CIDADE REAL

AS MINAS DE ALMADÉN EM CIDADE REAL

As minas de Almadén, na província de Cidade Real, pertencente à comunidade autônoma Castela-Mancha, na Espanha, operaram mais de dois mil anos na extração de cinábrio, minério de mercúrio então essencial para a fusão da prata extraída em jazidas sul-americanas.

Seu fechamento definitivo em 2003, pelo declínio do consumo do produto e redução das reservas lavráveis, deu início a um longo e difícil processo, envolvendo governos locais, provinciais, regionais e nacionais, empresários, fundações, sindicatos, a Escola Universitária Politécnica de Almadén e a própria mineradora Minas de Almadén y Arrayanes, visando a reabilitação e transformação das áreas e instalações em um complexo turístico-cultural, hoje conhecido como Parque Mineiro de Almadén.

Já em 2002, o Instituto do Patrimônio Histórico Espanhol – IPHE lançou um concurso para selecionar o melhor plano-mestre para a implantação do futuro complexo. O trabalho deveria ter os seguintes objetivos: ser instrumento de concepção, planejamento e controle de ações destinadas a transformar as minas de Almadén num espaço público, cultural e educativo com vocação turística, recuperando, conservando e valorizando seu património histórico, industrial e tecnológico; o futuro Parque Mineiro de Almadén deveria apresentar a evolução tecnológica da extração do cinábrio, a extraordinária riqueza da jazida, o valor mundial dessa exploração e a sua importância no desenvolvimento histórico de Espanha e da América; e, ainda, garantir que o Parque Mineiro se tornasse um motor de desenvolvimento turístico da região, compatibilizando a conservação do património industrial da mina com o turismo cultural sustentável.

A elaboração metodológica do plano apoiou-se em estudos arquitetônicos, geológicos e mineiros e museológicos e museográficos, além de um estudo de viabilidade, financiamento e gestão econômica, incluindo um plano de comunicação. O projeto foi executado entre 2004 e 2007, com financiamento de mais de 10 milhões de euros por entidade públicas e privadas, sendo inaugurado em janeiro de 2008.

No interior das minas subterrâneas foram reabilitados o poço da Mina Castillo, poço da mina do Pozo, a galeria forçada, o baritel de San Andrés com seu guincho gigantesco (Foto 1), os sistemas de bombas e as casas de ferramentas e a capela da Virgem da Mina (Foto 2), padroeira dos mineiros espanhóis, entre outras instalações. Na área externa são destaques a Porta de Carlos IV (Foto 3), construída no reinado desse monarca, em 1795, para dar acesso a uma planta metalúrgica, e o Real Hospital dos Mineiros de San Rafael.

Em 2004, foi elaborado o projeto de reabilitação da área de disposição de estéreis, que durante séculos foi utilizada para despejar os rejeitos da mineração e os resíduos dos processos metalúrgicos (Foto 4). Cobriu uma área de quase 10 ha e armazenou 3,5 Mt de materiais perigosos devido ao seu teor de mercúrio. A reabilitação (Foto 5) consistiu do encapsulamento da pilha para garantir a sua estabilidade e impermeabilização e redução da inclinação das encostas existentes para garantir que se amoldassem às encostas naturais da área. A cobertura do solo foi restaurada para integrar as estruturas na paisagem, utilizando espécies autóctones e de rápido crescimento para reduzir a erosão o mais rapidamente possível. O projeto foi concluído em junho de 2008 (Foto 6).

Fonte: El Parque Minero de Almadén: Un modelo de recuperación del patrimonio minero industrial, de Luis Mansilla Plaza
Fotos 4 e 5: Crédito: Paisajes Españoles
Fotos 1 a 3 e 6: Crédito Parque Minero de Almadén

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