A mídia tem um papel estratégico na formação de opinião e na pressão por políticas públicas e pode contribuir para ampliar, contextualizar e aprofundar o debate sobre as violações dos direitos das mulheres. Dentro deste contexto, o projeto Aripuanã Por Elas, desenvolvido pela Nexa em parceria com o Instituto Votorantim, ECOS Comunicação em Sexualidade e a Rede de Proteção e Garantia dos Direitos das Mulheres de Aripuanã, promoveu um encontro formativo voltado aos comunicadores do município e região Noroeste de Mato Grosso.
Seguindo as medidas de segurança para enfrentamento da Covid-19, o encontro ocorreu na modalidade virtual, no último dia 23. A iniciativa foi conduzida pela ECOS Comunicação em Sexualidade, pela consultora Elaine Bortolanza,e dividida em dois módulos.
O primeiro abordou a iniciativa, os marcos e ações do Aripuanã Por Elas, breve apresentação das peças e estratégias da Campanha e a importância da mídia como aliada a rede de proteção e defesa dos direitos das mulheres do município, de modo que os comunicadores de Aripuanã e região possam contribuir no trabalho de conscientização da população informando também os caminhos. O segundo módulo foi conduzido pela jurista e colunista Isabela Del Monde, fundadora da Gema Consultoria em Equidade, cofundadora da Rede Feminista de Juristas – deFEMde, coordenadora do Me Too Brasil e colunista da Universa UOL.
Violência contra a mulher e o papel da imprensa
Isabela trouxe um histórico sobre o fenômeno da violência contra a mulher e o papel da imprensa; os tipos de violência e ciclos vivenciados, a história da Lei Maria da Penha e as conquistas nos últimos anos e o papel e importância dos comunicadores e da imprensa no trabalho de sensibilização e conscientização da população sobre o problema, além do engajamento da sociedade no enfrentamento à violência contra a mulher, abordando os aspectos éticos e práticos na cobertura do tema na imprensa e nas redes sociais.
Na avaliação da psicóloga e diretora executiva da Ecos Comunicação em Sexualidade, JunyKraiczyk, os comunicadores têm um papel fundamental como formadores de opinião. “A imprensa pode influenciar decisivamente para o desenvolvimento de estratégias e políticas públicas que contribuam para enfrentar as violações aos direitos das mulheres. O acesso à informação é um direito e é preciso que as mulheres conheçam os canais de proteção e saibam que não estão sozinhas. Violência é um problema de todos, portanto, homens e mulheres precisam estar engajados nesse enfrentamento”, afirma.
Para o jornalista, Dorjival Silva, o encontro para a formação de comunicadores agregou mais seriedade e conscientização para as futuras abordagens da mídia sobre o tema. “Tudo que puder ser feito pela conscientização no sentido de evitar que a mulher seja de qualquer forma violentada em seus direitos, terá sempre grande importância. É preciso atingir, com o que tivermos favorável, o campo da prevenção a essa violência. O encontro nos impactou pela sua seriedade e preocupação com um dos temas que merecem mais atenção na atualidade.
Rede de proteção e políticas públicas
O gerente geral de Mineração do Projeto Aripuanã, Rodrigo Fonseca, afirma que é de extrema importância conquistar as múltiplas frentes profissionais para o fortalecimento da rede de proteção das vítimas de violência doméstica ou de qualquer outra natureza. “Nosso propósito é aproximar os comunicadores e a imprensa da rede de proteção e políticas públicas voltadas aos direitos das mulheres, para que esses canais estejam preparados para contextualizar o assunto e ajudar a desmistificar preconceitos sobre a violência contra a mulher”, finaliza.
O projeto Aripuanã Por Elas visa fortalecer a atuação da rede de proteção e garantia dos direitos das mulheres. Como ponto de partida, no segundo semestre de 2020, foi realizado um Diagnóstico Situacional com atores-chave e os resultados foram utilizados para orientar a definir as ações e estratégias. Neste ano, foi criado o Comitê Multisetorial com representantes dos setores de Ação Social, Saúde, Educação, Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, Promotoria de Justiça, Polícia Militar, Polícia Civil e sociedade civil; que atua como uma instância consultiva e executiva das ações do projeto, com o intuito de unir esforços e construir ações integradas com os diversos setores da rede que atuam no município.
Para o mês de junho, no dia 30, está prevista uma live de lançamento da campanha Aripuanã Por Elas com a participação de gestores e representantes da rede. A campanha de comunicação tem como objetivo principal sensibilizar e conscientizar a população sobre o problema. Além disso, com o objetivo de qualificar os atores da rede para uma escuta mais ampliada, acolhimento e o atendimento mais humanizado e efetivo dos casos de violência contra a mulher, está previsto para julho o início dos encontros de formação online com os profissionais que atuam na rede e que serão os multiplicadores dessa importante iniciativa.