O ano de 2014 não tem sido bom para o mercado de aço brasileiro e fechará com uma perspectiva preocupante. Durante o Congresso Brasileiro do Aço, o Instituto Aço Brasil apontou quedas em produção, vendas e consumo, e aumento das importações. Comparado ao ano passado, a produção está estimada em 33 Mt, uma queda de 2,5% – para se ter ideia, a produção anual brasileira é equivalente a 16 dias de produção na China. O consumo aparente deve ser de 25,3 Mt, numa diminuição de 4,1% em relação a 2013. Os problemas estão atrelados a fatores sistêmicos e uma infraestrutura defasada, como os aumentos dos custos com energia. O Instituto cobra maior participação do Governo em certos debates, com ações de curto prazo voltadas à defesa comercial.
Os congressistas falaram também da relação do aço com a geração de empregos. “De acordo com um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), cada emprego gerado na siderurgia provoca 23 empregos no mercado geral. Ou seja, com uma nova planta de 9 Mt, cerca de oito mil pessoas seriam empregadas diretamente. E isso iria gerar 184 mil empregos gerais”, afirma Benjamin Baptista, presidente do Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil. A perda de competitividade, tanto no mercado interno quanto no externo, ocorre por um câmbio sobrevalorizado, uma carga tributária elevada e cumulatividade de impostos.
A nível global, uma das grandes discussões é sobre o excesso de capacidade, que já ultrapassa a marca de 600 Mt, em especial na China, Europa e no Japão. Isso promove um desequilíbrio entre os fluxos comerciais. Atualmente, existe um fórum da OCDE para discutir as melhores alternativas para combater esse excesso.
Tal excedente provém, em sua maioria, de empresas estatais dos países e do continente acima citados, que recebem subsídios e operam com fluxo de caixa negativo, acarretando em práticas desleais de comércio. Estudos apontam a necessidade de redução de pelo menos 300 Mt de aço, para maior equilíbrio e igualdade no mercado mundial.