Na Anglo American, o conceito de indústria 4.0 é trabalhado de forma concomitante com iniciativas de inovação e transformação digital, em nível global e local, passando por reformulação constante para atender às necessidades do negócio e às estratégias de médio e longo prazo do grupo, considerando os drivers de segurança, eficiência operacional, redução de custos, cultura e pessoas e sustentabilidade.
Os programas globais Future Smart Mining e Sustainable Mining Plan devem mudar as tecnologias de processamento mineral da empresa para torná-la uma mineração mais sustentável e com melhor concentração, sem uso de água, inteligente, conectada e com equipamentos mais modernos e seguros.
No Brasil, dois projetos em estudo que se inserem no Future Smart Mining são o Bulk Ore Sorting e a Coarse Particle Flotation, segundo Aldo Souza, diretor Técnico, de Projetos e Sustentabilidade do grupo no Brasil. Outras inovações em curso são a automação de caminhões off road e perfuratrizes e a utilização de soft sensors para amostragem da qualidade do minério.
Bulk Ore Sorting: sensoriamento, dados e Machine Learning
O projeto Bulk Ore Sorting, em desenvolvimento na subsidiária chilena da mineradora e com provável aplicação nas operações brasileiras de níquel, tem por meta reduzir o consumo de energia e a geração de escória no processo de beneficiamento. Combinando sensores de nêutrons, análise de dados e Machine Learning, a tecnologia prevê a otimização contínua das etapas de transporte, concentração e separação de resíduos desde o início do processo, classificando automaticamente o minério pelo teor e realizando sua pré-concentração ainda na mina e, portanto, antes do envio à usina.
Já o segundo projeto recupera material com granulometria maior do que seria possível em uma flotação convencional, diminuindo em até 20% a geração de rejeitos úmidos e reduzindo o consumo de água. Souza lembra que ainda não há tecnologia para processar todo tipo de minério a seco, em especial o de teor mais baixo e com maior necessidade de liberação. “Ainda teremos barragens construídas de forma adequada – alteamento a jusante com aterro de solo controlado e compactado – e bem mantidas. Dependendo do volume a ser disposto, elas podem ser ainda mais segurassecomparadas ao empilhamento drenado”, explica o diretor.
Processo produtivo integrado e altamente conectado
Para Souza, a indústria 4.0 pressupõe um processo produtivo integrado, altamente conectado e com tomada de decisão automatizadas nas pontas. Dessa forma, tanto o sensoriamento do processo e conexões IoT quanto o uso das informações para monitoramento e controle, são mandatórios para a obtenção de maior eficiência operacional, segurança, redução de custos e sustentabilidade.
Hoje, diz o diretor, algumas decisões complexas já podem ser tomadas sem intervenção humana através de simulações, inteligência artificial, modelagens matemáticas e controle avançado de processos, entre outras.É preciso, no entanto, assegurar a confiabilidade dos dados. Para tanto, a Anglo American tem investido no gerenciamento adequado de ativos, com algoritmos personalizados, reconciliação de dados, acompanhamento e gerenciamento de atividades de manutenção e calibração e governança de dados. O processamento tem sido feito em nuvem, onde ganha escala e reduz os custos de infraestrutura.
A rápida evolução das tecnologias e o alto custo inicial de novas soluções ainda são entraves para sua maior disseminação, o que pode ser superado com a criação de times dedicados à inovação e transformação digital dentro das empresas. Para Souza, no entanto, o maior desafio é centrar essa transformação nas pessoas e não apenas na implementação de tecnologias. “As soluções tecnológicas devem partir de necessidades estratégicas alinhadas às necessidades das pessoas”, conclui o diretor.
Foto no destaque: Planta de Conceição do Mato Dentro, da Anglo American e área de flotação