Por Ricardo Gonçalves
Os operadores de equipamentos pesados constituem um grupo bastante unido. Eles se conhecem de outras companhias, são conversadores e gostam de contar boas histórias. Com as redes sociais, basta fazer rápidas pesquisas que já é possível encontrar páginas e grupos fechados no Facebook, onde eles trocam algumas figurinhas e sempre procuram se ajudar. São postadas vagas de emprego, possíveis problemas em operações, fotos de trabalhos bem executados, entre outras informações. Na mineração, isso não é diferente. A In the Mine entrou em contato, pelo Facebook, com três operadores de escavadeiras que detalharam os melhores trabalhos que já realizaram em suas vidas.
APRENDIZADO EM ARAXÁ
Rodrigo Silva tem 30 anos de idade e atua há 11 deles na mineração. Seu contato foi passado por Silas Luniel, técnico em mineração, que afirmou que Silva sabe tudo de máquinas. De fato, ele hoje é instrutor operacional de Equipamentos de Mina da Fagundes, empresa gaúcha na qual Silva atua desde 2004. “Por oito anos, trabalhei orgulhosamente como operador em explotação de mina”, diz.
“Meu maior aprendizado ocorreu e ainda ocorre na mina de fosfato em Araxá (MG), operada pela divisão de Fertilizantes da Vale, onde realizei a movimentação do ROM (Run of Mine) da mina e atividades de infraestrutura interna. O maior desafio foi a abertura de uma mina a céu aberto a 2 km de uma cava operada há mais de 40 anos. O vale era constituído por turva, que gerava baixa estabilidade do piso, e as encostas eram constituídas de uma cobertura compacta de canga (camada superficial rica em hidróxido de ferro), altamente abrasiva para os equipamentos. Tínhamos que manter nossas metas em dia e com boa margem de vantagem. Conseguimos, então além de muito desafiador, foi muito gratificante”. O equipamento de que Rodrigo Silva mais gosta de se recordar é a escavadeira hidráulica Volvo EC210BLC, com capacidade de caçamba de 0,92 m³, alcance máximo de escavação de 9,9 m e profundidade máxima de escavação de 6,7 m. Recentemente, houve uma mudança estrutural que fez com que o quadro de colaboradores terceirizados passasse a compor o quadro da própria Vale. “Isso rendeu oportunidades ainda maiores de conhecer novas técnicas e novos equipamentos”, diz ele.
O EFEITO SERRA PELADA
Antonio de Lima Xavier, conhecido como “Kaçula”, tem 28 anos e atua há oito no setor mineral. Ele jamais se esquecerá de seu primeiro contato com a nova mina, totalmente mecanizada, de Serra Pelada, em Curionópolis (PA). O projeto era uma parceria entre a Cooperativa dos Garimpeiros de Serra Pelada (Coomigasp) e a canadense Colossus Minerals. Em 2012, ele pôde trabalhar com a carregadeira subterrânea (LHD) Atlas Copco ST1030 de 10 t, com altura de deslocamento de 2355 mm e largura de 2490 mm. “Esse foi o segundo melhor equipamento que já operei, ficando atrás apenas da carregadeira também Atlas Copco subterrânea ST14”, afirma Xavier. Ele trabalhou no carregamento de caminhões dentro da mina. “Ver o começo daquela mina foi uma das maiores experiências da minha vida, por toda a história envolvida. Lá, era um desafio diário, como a dificuldade em escavar rochas em solos instáveis. Uma pena que o projeto não avançou”. O operador LHD trabalhou na Colossus por quatro anos. Pela empresa, ele atuou também com outros equipamentos pesados, como caminhões fora de estrada e jumbos de perfuração. Hoje, Xavier trabalha como operador LHD na Quebec.
FORMANDOS DO MARANHÃO
Rosaildo Brito, conhecido pelos amigos como “Bebezão”, tem 35 anos e atua há 16 deles no segmento. É instrutor de equipamentos de mina, com foco em escavadeiras e carregadeiras de médio a grande porte. No fim de 2013, época em que trabalhava na Mineração Aurizona, no Maranhão, seriam utilizadas duas marcas de escavadeiras distintas, uma Caterpillar, a CAT 374, e uma Volvo EC700. “Duas máquinas ótimas de se operar, com características parecidas, como o peso de aproximadamente 75 t e a capacidade de caçamba de cerca de 6,6 m³”, relata Brito. No entanto existia um grande desafio no trabalho. “Precisávamos formar operadores de equipamentos complexos numa mina onde 90% dos operadores não tinham muita experiência. Após uma série de treinamentos teóricos e práticos, os resultados foram muito gratificantes e surpreendentes. Baixamos custos operacionais ao mesmo tempo em que elevamos a produção”, acrescenta. Brito passou um ano e dois meses na Aurizona. Há nove meses, atua na Anglo American.