Por: Inácio Melo, diretor-presidente do Serviço Geológico do Brasil (SGB)
O Brasil demonstrou, em 2024, um compromisso significativo com a transição energética sustentável, enfrentando desafios ambientais com determinação. O protagonismo do país no G20 resultou em iniciativas notáveis, como o lançamento de um pacto global para uma transição energética justa e inclusiva, que visa aumentar a segurança energética e acelerar a adoção de energias limpas.
Além disso, o Brasil promoveu um programa de descarbonização dos modais de transporte, reforçando seu papel de líder mundial na transição para uma matriz energética mais limpa. Essas ações refletem a responsabilidade do país em harmonizar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental, aproveitando suas reservas de minerais críticos para avançar tecnologias de baixo carbono e gerir seus recursos naturais de maneira sustentável.
Alinhado às ações do governo federal, o Serviço Geológico do Brasil (SGB) estabeleceu marcos neste ano, como o leilão de ativos minerários que resultaram na concessão de importantes projetos: Agrominerais de Aveiro, no Pará, com áreas com ocorrências de gipsita (Rio Cupari) e calcário (Aveiro), além do Projeto Fosfato de Miriri, na divisa entre Paraíba e Pernambuco. Essa ação prevê investimentos de R$ 13 milhões para pesquisas no setor, com foco no desenvolvimento local, promovendo a exploração de recursos minerais em regiões com alto potencial econômico, criando oportunidades de emprego e geração de renda para as comunidades locais.
Parcerias internacionais
Neste ano, também firmamos Acordos de Cooperação Técnica com o Serviço Geológico Britânico (BGS), para o desenvolvimento científico e tecnológico na pesquisa de minerais críticos; com o Departamento Geológico da Província de Shanxi, na China, para colaboração em geologia aplicada, hidrologia e geotermia; e com os Estados Unidos, com foco na transição energética. Além disso, estamos negociando um acordo com o Serviço Geológico Francês, que incluirá cooperação em hidrologia, minerais críticos para a transição energética e economia circular no setor mineral.
Essas colaborações têm um papel fundamental na troca de experiências e no desenvolvimento de tecnologias aplicáveis à pesquisa mineral. Também ajudam a prover uma mineração segura e sustentável, além de colocar o Brasil em um patamar relevante na cooperação internacional.
Plano Decenal
O Plano Decenal de Mapeamento Geológico Básico (PlanGeo24-34) representa um marco para o SGB e reflete um compromisso com o desenvolvimento sustentável e a gestão responsável e transparente dos recursos minerais. A consulta pública realizada para essa ação contou com a participação da sociedade e de especialistas na definição das diretrizes para o mapeamento geológico, garantindo que as decisões tomadas estivessem alinhadas às necessidades ambientais e econômicas do país.
Esse plano estratégico visa não apenas avançar no conhecimento geológico do Brasil, mas também fomentar o setor mineral, atraindo novos investimentos e promovendo a exploração responsável dos recursos naturais.
Atualização tecnológica
A integração da Inteligência Artificial (IA) no setor mineral é um avanço promissor, pois permite analisar grandes volumes de dados geológicos para identificar locais de alto potencial exploratório, além de automatizar e otimizar operações de mineração, aumentando a segurança e reduzindo riscos. A sustentabilidade também se beneficia, pois a IA pode contribuir para práticas de mineração mais limpas e menos invasivas, alinhadas às crescentes demandas por responsabilidade ambiental.
Podemos afirmar que, neste ano, fomos protagonistas no setor mineral brasileiro, liderando projetos que unem inovação, sustentabilidade e desenvolvimento regional. Ao consolidar as conquistas e ampliar suas ações, fortalecemos o setor mineral, alinhando-o às demandas globais por sustentabilidade.