A segurança mineral do país, representada pela oferta perene de minérios de modo a atender as projeções de crescimento de demanda, é o eixo central para o país conquistar melhores níveis de segurança energética, climática, alimentar e hídrica. Esta é a conclusão de um painel que reuniu empresários (as), especialistas e o diretor-presidente do IBRAM, durante a EXPOSIBRAM 2024.
A oferta de minérios é primordial para desenvolver tecnologias e equipamentos para possibilitar o surgimento de novas fontes de energia renovável, para proporcionar a transição a uma economia de baixo carbono e para incrementar a produtividade agrícola, por meio dos minérios utilizados na composição de fertilizantes, caso do potássio e do fosfato. Com os efeitos positivos da descarbonização, que começa com os minérios, a projeção é que as crises climática e hídrica, que afetam o Brasil e o mundo, possam ser amenizadas.
Incrementar a produção de minérios críticos e estratégicos para a transição energética e para a produção de fertilizantes é a palavra de ordem para as políticas públicas a serem desenvolvidas, no curto prazo, no país, disse Raul Jungmann. Mas o Brasil tem vários desafios a superar para assegurar maior estímulo à expansão sustentável da indústria mineral. Ele citou, por exemplo, a falta de recursos financeiros para financiar projetos dessa indústria. “O setor financeiro, segundo dados da Febraban, direciona apenas 0,9% dos R$ 2,1 trilhões que aporta na iniciativa privada do país. Só que a mineração é um dos setores econômicos mais importantes, responde por mais de 30% do saldo da balança comercial, atrai investimentos bilionários para o país e arrecada muitos tributos. Não me parece equilibrada esta relação”, avaliou.
A ex-senadora e ex-ministra Kátia Abreu defende que o Estado brasileiro adote estratégias para expandir a mineração, similares às implantadas na década de 1970, voltadas a tornar o país autossuficiente na produção de alimentos. Até então, o Brasil era muito dependente da importação de vários produtos alimentares, como arroz e feijão, lembrou. Também participaram do painel “Segurança Mineral, Segurança Energética, Segurança Alimentar e Segurança Hídrica”, Ana Carolina Argolo, diretora da Agência Nacional de Águas, Karina Gistenlic, presidente das Operações de Potássio da mineradora BHP e David Zylbersztajn, integrante do Instituto de Energia – PUC Rio e executivo na DZ Negócios com Energia.
Para Karina Gistenlic, da BHP, o Brasil tem reservas que podem torna-lo autossuficiente na produção de potássio e fosfato, além de nitratos. Mas encontra diversos obstáculos, como falta de segurança jurídica, morosidade e burocracia excessivas para licenciamentos ambientais de projetos.
David Zylbersztajn disse que a indústria da mineração brasileira tem oportunidade de expandir a produção visando o desenvolvimento de armazenamento de energia, via baterias, por exemplo, já que o esperado crescimento da demanda por energia irá exigir este estoque, o que depende essencialmente da oferta de minerais críticos e estratégicos, como níquel, lítio, nióbio, entre outros.