Localizada próxima da cidade de Trinidad, capital do Departamento de Flores, no Uruguai, a Gruta do Palácio foi habitada por indígenas Charrúas, sendo popularmente chamada de “Palacio de los Indios”. A caverna é composta por abóbadas e colunas de vários formatos, algumas com até um metro de diâmetro, possuindo 23 metros de comprimento, quase oito metros de profundidade e altura de dois metros e meio.
Segundo relato do espeleólogo uruguaio Mario Isola, que visitou o local no final do século XIX, a estrutura tinha 150 metros de profundidade e fácil acesso aos primeiros 30 metros. Durante a ditadura militar que governou o país entre 1973 e 1985, vários túneis foram fechados para não servir de abrigo a fugitivos do regime. Além disso, erosões naturais resultaram no desabamento parcial da gruta. Parte de seu interior é coberto por água vinda de um lago subterrâneo.
Apesar da crença de que suas colunas foram construídas pelos indígenas, sua origem é geológica, tendo se formado no Cretáceo Superior, há mais de 70 milhões de anos. Por suas características únicas, o patrimônio foi incorporado à Rede Mundial de Geoparques da Unesco, sendo o segundo Geoparque da América Latina, seguindo o de Araripe, no Ceará (CE).
Reza uma lenda uruguaia que o naturalista francês Henri Renaud, que veio para o país em 1536 com a expedição de Don Pedro de Mendoza, conquistador espanhol que dominou a região do Rio da Prata, foi morar na Gruta do Palácio depois que Zemi, um chefe Charrúa, salvou sua vida. Foi Darien, a esposa de Zemi, que ensinou sua língua a Renaud.
Nessa época, segundo o naturalista, a frente da caverna tinha três entradas em arco decoradas com plantas e seu interior era de uma riqueza deslumbrante, com muitos objetos de ouro e prata trazidos do templo de Dobaida pelos pais de Darien que, junto com seu povo, fugiram do Golfo do Panamá, onde habitavam, após a invasão dos europeus. A moça nasceu na Gruta do Palácio e depois que seu pai morreu em uma luta com outra tribo, foi casada por sua mãe com Zemi, poderoso chefe dos Charruá.
“Meu nome é Darien, sou a única descendente da Mãe de Deus que criou o Sol, a Lua e os outros elementos. Toda a riqueza dos meus ancestrais está escondida neste palácio. Nem todos os índios da tribo mais forte, os Guaycurú, conseguiram levá-los embora”, teria dito Darien a Renaud. Acredita-se que os tesouros de Dobaida ainda estão na Gruta do Palácio, esperando por alguém que consiga descobri-los.
