PACOTES E MINERODUTOS
Já dissemos aqui que o Brasil ainda há de tornar-se, no que tange à mineração, o país dos minerodutos. E que assim seja, por que não? Pois é desesperador notar como as coisas se dão na área de transportes (para ficarmos nessa) no plano estatal, onde se anunciam planos e pacotes, como esse de agora pouco, que depois perdem o fôlego e têm os mesmos projetos reformatados pelo governo da vez. Já estamos escaldados em relação a isso e o melhor que podemos dizer, entre resignados e esperançosos, é o de sempre: “não é o suficiente, mas é melhor que nada”.
Para sorte da mineração brasileira, existe a opção do mineroduto – já amplamente testado e comprovado pela Samarco em 35 anos de trajetória – para o transporte de polpa de minério de ferro a longa distância. E que hoje já é moeda corrente nos novos projetos em curso, da Anglo American, MMX, Ferrous e Sul-Americana de Metais, que também optaram por esse mesmo transporte dutoviário (um termo ainda ligado ao setor de óleo e gás, mas um modal pleno como qualquer outro). E, a exemplo, da Samarco, estão a ponto de viabilizar novas reservas de baixo teor de minério de ferro e que são o futuro do País na mineração em larga escala. Não fossem os minerodutos e o setor sucumbiria com o fim dos itabiritos ricos, e minerais de maior valor agregado passíveis de serem transportados pelas vias convencionais.
As mineradoras, enfim, estão tratando de seu negócio (que trazem divisas e negócios ao País) e os projetos estatais que poderiam complementar ou até mesmo serem decisivos nessa logística integrada se arrastam e ficam marcando passo até o próximo pacote redentor. Mas, como também costumamos dizer, entre otimistas e irônicos: “desta vez vai, parece que o negócio está bem amarrado e tem algumas novidades, aqui e ali, em relação aos planos anteriores”. É o que veremos adiante.
Wilson Bigarelli – editor@inthemine.com.br