O PAÍS DOS MINERODUTOS
Falar que o Brasil entrou na rota do grande capital internacional é chover no molhado. O problema é recuperar o tempo perdido e desatar nós históricos (legais, institucionais e culturais) para que o País deslanche de vez e corresponda às expectativas de boa parte do mundo. Dedicamos a matéria de capa desta edição a um gargalo em particular: a logística de transportes. A boa notícia é que, convencida da precariedade, elevados custos e certa cartelização da infraestrutura atual, a grande mineração já adotou como regra nos projetos a logística integrada. O que antes parecia ser prerrogativa da Vale e seu visionário primeiro presidente (Eliezer Batista), nos anos quarenta do século passado, hoje é moeda corrente entre os investidores.
Sim, porque ninguém em sã consciência poderia imaginar aqui uma operação de classe mundial dissociada de um sistema de transporte competitivo. Não há como contar com uma malha ferroviária, que já teve mais de 38 mil km, encolheu nada menos que dez mil km e permanece assim. Independente das vendas externas – boa parte delas em carga unitária de grãos e minérios – terem triplicado na última década.
Fato curioso é que o Brasil deve se tornar o país dos minerodutos, como o leitor poderá constatar nos projetos anunciados pelas mineradoras nesta edição. Curioso também é o conjunto de exigências que a gigante chinesa Foxcon fez ao governo brasileiro para investir R$ 12 bilhões para iniciar a fabricação de pranchetas eletrônicas no Páis. Entre outras: terreno para abrigar várias empresas, acesso Wi-Fi de alta velocidade, prioridade no embarque dos produtos nos aeroportos, apoio financeiro do BNDES, ajuda do governo para encontrar investidores minoritários, logística e transporte para escoar os produtos de forma rápida e cabeamento 100% em fibra óptica. As exigências soam descabidas, porque nada disso é franqueado às empresas brasileiras. E valem como diagnóstico.
Wilson Bigarelli – editor@inthemine.com.br