PRAGMATISMO DE “MAO”
A única conseqüência digna de nota da recente viagem turística do presidente norte-americano Barack Obama ao Brasil foi a declaração de que ele teria ficado impressionado com o pragmatismo da presidente brasileira, Dilma Roussef. Ele próprio, Obama, a bem da verdade, nem deveria ter vindo, pois, pragmático, também estava preocupado com a elevação de alguns cents no galão de gasolina.
E não iria perder a oportunidade midiática de responder a isso com um script tão conhecido de seus eleitores: o “mundo livre”, protagonizado pelos EUA e seus caças B-2 Spirit, F-15 e F-16, com uma boa dose de nióbio brasileiro e, óbvio, com tecnologia que nunca será disponibilizada aos aviões da FAB, luta para livrar um povo de um despótico, grotesco e sanguinário ditador. Nada mais verídico, no caso. E também nada mais pragmático, e com um marketing impecável.
“Well”, Dilma é pragmática, como disse Obama, e nada indica até agora que não o seja. Pelo contrário. Como entender então o cerco que alguns de seus ministros tem feito nos bastidores à Vale e, em particular, ao cargo de seu diretor presidente. Que seja somente boato ou balão de ensaio, pois nada há de pragmático nesse “new estatismo” fora de moda, ainda mais no momento atual em que a mineradora, como o próprio setor, vive uma fase excepcional. Muito por conta e mérito dos seus atuais gestores.
E falamos isso, obviamente, sem nenhuma procuração desta ou daquela mineradora. Mesmo porque, a In The Mine não é uma revista “da mineração”, mas “para a mineração”. O duro é pressentir esse “maoísmo” juvenil revivido, inclusive em alguns debates dos novos marcos regulatórios que se anunciam, quando vemos a China, terra do comunista Mao Tsé-Tung, dando lições de pragmatismo ao mundo.
Pragmatismo que é o que também tentamos imprimir nesta edição: perspectivas amplamente promissoras no setor produtivo; projetos de Norte a Sul do País para reaproveitamento de rejeitos; novas práticas de manutenção; tecnologias inovadoras; lições do “honorável consultor” Kenro Matsui e, entre outros temas, uma definitiva reflexão sobre “interesse nacional” pelo jurista William Freire.
Wilson Bigarelli, editor@inthemine.com.br