ADMIRÁVEL MUNDO NOVO
Uma vez um baiano me disse em plena Salvador: “O problema é que vocês sulistas só vêem duas soluções para o Nordeste: o turismo e a agricultura irrigada”. Fiquei meio besta. Primeiro, porque sempre achei que essa pecha de sulista só valia para aqueles gaúchos da fronteira, e não pra qualquer vivente do Espírito Santo pra baixo.
E segundo porque eu, a propósito, realmente acreditava que aquelas duas alternativas eram bastante promissoras. Essa história já tem algum tempo e, posto que também a indústria se desenvolveu muito na região, mudei de ideia, mas não de todo.
Pelo menos até concluirmos esta nova edição da In The Mine, tendo como tema central a mineração no Nordeste. Sulista, como dissera o amigo baiano, tive que me render ao fato de que lá dentro, no fundo do sertão, há realmente uma estrada das areias de ouro (como canta Elomar) e que carcarás tristes e melancólicos agora dividem os céus com helicópteros abarrotados de geólogos. De que lá, canadenses e australianos, para ficar em alguns, passando ao largo da costa litorânea e das mordomias dos resorts, se embrenham no agreste junto com profissionais brasileiros, para confirmar, em nível de detalhe, as indicações do mapeamento geológico.
E olhe que, além da pauta tradicional de produtos minerais, o que move essas expedições, não é nada menos que ouro, cobre, níquel, urânio, vanádio e diamantes. Muitos alvos ainda são potenciais, embrionários, mas há muitos outros jazimentos com estudos de viabilidade em fase final ou com obras bastante adiantadas. Sem falar das operações existentes, que estão sendo ampliadas, como ocorre em toda parte, para atender à grande demanda mundial.
E o melhor em toda essa onda, que bate bem longe do mar, é que, em vários estados, trabalha-se também para dignificar o garimpeiro, o que irá abreviar em muitos casos o caminho para a produção em larga escala. É a lógica econômica atropelando o descaso secular e a demagogia eleitoral. Não é por outro motivo, aliás, que a própria malha ferroviária está sendo costurada, estado por estado.
Para nós da In The Mine foi realmente uma descoberta e dividimos os resultados deste trabalho estimulante com os leitores e os eventuais méritos desta edição com as secretarias estaduais, distritos do DNPM e as mineradoras que souberam entender os nossos objetivos.
Wilson Bigarelli – editor@inthemine.com.br