JORNALISMO E MINERAÇÃO
Em encontro recente, com a imprensa de Corumbá, no Mato Grosso do Sul, tive a oportunidade de compartilhar nossa experiência aqui na IN THE MINE, e especificamente o porquê de uma equipe de jornalistas – de formação generalista e com interesses vários – dedicar-se com tal afinco a um tema específico: a mineração.
Na ocasião lembrei de Tarso de Castro, um colunista de quem gostava muito e que costumava dizer que um jornalista só faz um bom trabalho, quando acha que está dizendo a verdade. Não importa, vejam, se é realmente a verdade. O que importa é que ele, jornalista, está convicto de que está dizendo a verdade. A partir daí, dizia Tarso, o trabalho flui bem e as pessoas reconhecem, porque sentem que ele está sendo sincero.
Pois bem, disse então aos colegas de Mato Grosso do Sul, nós aqui na IN THE MINE temos a crença de que a mineração é decisiva para o desenvolvimento regional. Com a ressalva de que não cumpre essa nobre e indispensável missão, por ser necessariamente filantrópica. É que – como poucas atividades econômicas – a mineração tem de arcar com o ônus (o termo é horrível, mas vamos lá) da “rigidez locacional”. É básico: só se desenvolverá onde há jazidas, não importa onde, e nunca poderá se acomodar nos grandes centros.
É lá, próximo ao jazimento, que a mineração terá que cumprir o seu destino. E, nesse momento, terá que voltar-se para a comunidade local, via de regra desassistida de condições mínimas e indispensáveis ao seu bem estar. Carências, muitas vezes seculares, originadas de omissões do Estado ao exercer a sua atividade-fim. É claro que não caberá à mineração resolver o problema da educação, da saúde e da infra-estrutura de transportes, energia e saneamento. Mas essa mesma mineração, para se desenvolver na região, terá que contar com recursos técnicos, humanos e logísticos.
Nesse momento, a mineração, muito mais do que gerar empregos e impostos (o que não é pouco) passa a vivenciar com as comunidades seus problemas, ajudando-a a superar desafios, agora comuns. E quando isso ocorre, nos sentimos, como jornalistas, plenamente recompensados. É isso, enfim, que nos move e faz com que, sim, continuemos a nos ocupar da mineração.
Wilson Bigarelli – editor@inthemine.com.br