O percurso nem era longo. Tampouco estava obstruído por interferências terrestres ou aéreas. O problema eram as cargas: uma moega com 18,088 x 15,3 x 27,888 m (Comprimento x Largura x Altura) e peso de 310 t; um transportador com 69,890 x 16,240 x 5,5 m e peso de 396 t; um alimentador de 18,172 x 12,396 x 17,902 m e peso de 411 t; e um britador de 16,614 x 15,480 x 15,165 m e peso de 440 t.
Essas eram as dimensões dos quatro módulos da britagem semi-móvel que integra o projeto de expansão da mina S11D, da Vale, em Canaã dos Carajás (PA), em 20 Mtpa. A pré-montagem das estruturas metálicas foi realizada pela MIP Engenharia, que contratou a Transdata Engenharia e Movimentação, de São Paulo (SP), para a movimentação dos módulos até o local de seu posicionamento final.

Segundo Eiti Miura, diretor de Operações da Transdata, o principal objetivo da empresa era estruturar uma solução que não apenas reduzisse a quantidade de equipamentos envolvidos, mas também garantisse a segurança e a eficiência durante todas as fases da operação. “Um dos principais desafios foi a necessidade de lidar com o centro de gravidade elevado dos módulos, o que exigiu um planejamento meticuloso para assegurar a estabilidade e o controle durante as etapas de carregamento, transporte e descarga”, explica o diretor.
Além disso, a ideia era utilizar um único equipamento para realizar tanto a movimentação horizontal quanto vertical das estruturas, permitindo que elas fossem carregadas, transportadas e posicionadas diretamente sobre sua base civil apenas com o uso do sistema hidráulico da linha de eixo SPMT (Self-Propelled Modular Transporter). “Essa abordagem integrada e inovadora foi fundamental para garantir a eficiência do processo e a segurança das operações, minimizando os riscos e otimizando o uso de recursos”, considera Miura.
Complexidade
Para o transporte dos módulos foram mobilizadas 24 linhas autopropelidas SPMT, da fabricante Cometto. O conjunto de acessórios incluiu 12 suportes metálicos, 200 borrachas anti-slepp, 8 correntes de 3/8” x 12 m, 8 tensionadores de 3/8” e 8 manilhas de 1.1/8”. Segundo Miura os SPMTs são uma solução altamente eficiente e segura para lidar com cargas de peso e dimensões excedentes. “São plataformas multieixos que podem ser configuradas lado a lado ou em linha, operando como uma unidade única, controlada por um sistema computadorizado avançado”, diz o diretor. Além disso, com capacidade técnica superior a 40 t por eixo, os equipamentos possuem flexibilidade para levantar, transportar e baixar cargas extremamente pesadas, com precisão e segurança, e são capazes de executar manobras complexas, como giros de 360º em seu próprio eixo, também conhecidos como manobras de carrossel.
Em parceria com a MIP, a Transdata desenvolveu uma estrutura metálica personalizada para compensar a diferença de altura entre o ponto de apoio do módulo e a plataforma dos SPMTs. Essa adaptação foi fundamental, afirma Miura, para que todas as movimentações fossem realizadas exclusivamente com os SPMTs, eliminando a necessidade de equipamentos adicionais e aumentando a eficiência do processo, além de reduzir os custos iniciais em cerca de 80%.
Foto em destaque: Equipes da Vale, MIP, FLSmidth (fabricante da planta) e Transdata
Fotos: Transdata/Divulgação