O processo de beneficiamento mineral na usina da Nexa em Vazante (MG) abrange diversas etapas, como britagem, moagem, flotação de sulfetos e silicatos, espessamento e filtragem de concentrados e rejeitos. A etapa de flotação de sulfetos gera um concentrado com cerca de 25% de chumbo e 3.000 g/t de prata. Apesar do menor teor, a prata representa aproximadamente 80% da receita gerada pela venda do concentrado. Devido a essa importância financeira, foi desenvolvido um projeto visando aumentar a recuperação de prata na usina, mediante o emprego de um novo reagente de melhor desempenho, definindo-se sua concentração ideal e o melhor momento para dosagem durante a etapa de flotação.
Implementada a partir de março de 2023 e sem interrupções desde então, a solução envolveu as áreas de Processos, Operação de Usina, Manutenção e SSO (Saúde e Segurança Operacional). Um dos maiores desafios do projeto, lembra Bruna Silveira Costa, engenheira sênior 2 de Processos da unidade, foi de ordem técnica, desde o desenvolvimento do projeto, passando pela realização de testes com diversos produtos de diferentes fornecedores e por mais de 200 testes de flotação em bancada para identificar as condições ideais de preparo e dosagem do reagente.
“A disseminação das informações técnicas e de SSO foi crucial para garantir o alinhamento de toda a equipe. Além disso, os esforços realizados fizeram com que todos se sentissem parte do projeto e se dedicassem ao alcance dos melhores resultados”, avalia Bruna. Numa etapa posterior, foi aplicado um treinamento para os profissionais envolvidos no manuseio e controle do novo reagente, abordando as características do produto, procedimentos de manuseio, preparo e medidas de SSO.
Um dos ajustes na rotina da operação foi necessária na análise química do teor de prata no concentrado, que era feita uma vez por dia. Mas, para otimizar o controle do processo e o ajuste da dosagem do novo reagente, essa frequência teve de ser ampliada. Assim, a partir de fevereiro de 2023, o laboratório passou a emitir 12 resultados diários de análise do teor de prata, permitindo adequações mais precisas para alcançar os objetivos de teor e recuperação metalúrgica planejados.
A apresentação dos resultados dos testes de flotação em bancada, realizados pela UGB Processos, foi seguida do gerenciamento de mudanças para o planejamento e execução do teste industrial. Os resultados, segundo a engenheira, registraram um aumento médio de 18,5% no teor de prata no concentrado, que passou de 2.804 g/t para 3.324 g/t. Esse ganho, aliado a um incremento de 10% na massa de concentrado produzido, resultou em um aumento de 2,68% na recuperação metalúrgica de prata. A elevação no teor de prata no concentrado também possibilitou uma melhoria na precificação do subproduto e a redução da taxa de treatment cost (TC), gerando um ganho financeiro de aproximadamente R$ 16,07 milhões entre abril e dezembro de 2023.