Marcelo Pereira (foto), CEO da AngloGold Ashanti Brasil, diz que a mineradora, que comemora 190 anos de operação, é uma empresa em constante transformação cuja trajetória está muito relacionada ao crescimento do estado de Minas Gerais e também do país. “Somos uma empresa que, ao longo desses anos, tem se mostrado bastante adaptativa a todas as mudanças que aconteceram (no Brasil, na mineração e em termos de novas tecnologias e inovação). Mesmo com 190 anos, nosso espírito jovem continua jovem e olhando para um futuro que consideramos muito promissor”, avalia.
Ocupando há cerca de 14 meses o cargo de maior posição da subsidiária brasileira do grupo, Pereira explica que tem buscado trabalhar de forma muito assertiva na recuperação da performance da companhia, após alguns anos de resultados negativos ou não tão positivos. Segundo ele, o foco é ganhar competitividade com responsabilidade e sustentabilidade, orientação que implicou na priorização de certos projetos e despriorização de outros, dentro de uma visão de curto e longo prazo.
Entre as prioridades estão iniciativas como a da aceleração da descaracterização de algumas estruturas geotécnicas, caso da barragem em Serra Grande, em Crixás (GO), projeto em curso e que deve ser concluído até o primeiro semestre de 2026. Em outra frente está a descarbonização, com a adoção da primeira carregadeira elétrica rebaixada a operar em uma mina subterrânea no Brasil. E, ainda, a economia circular, que busca desenvolver o aproveitamento de resíduos e rejeitos para aplicação em novos produtos. “Queremos garantir de forma absolutamente genuína a sustentabilidade de nosso negócio, trabalhando questões-chave para alcançar essa meta”, explica o CEO.
Algumas ações que não estavam diretamente alinhadas com os objetivos da mineradora, como investimentos na exploração de depósitos minerais não especificamente de ouro, foram adiadas, por enquanto, em prol da meta de aumento do crescimento orgânico. Ou seja, busca de maior conhecimento geológico das operações existentes nas minas Cuiabá, em Sabará (MG) e Serra Grande. Em termos globais, Pereira lembrou, ainda, o anúncio realizado em 12 de setembro da aquisição, pela AngloGold da Centamin, proprietária da Pharaonic Gold Mines Company. Além de projetos, a Pharaonic possui uma joint venture (50/50%) com a Autoridade de Recursos Minerais do Egito, na mina Sukari, na cidade egípcia homônima, que produziu cerca de 450 mil oz de ouro em 2023. “É uma aquisição que fortalece nossa posição de grande produtor mundial de ouro”, avalia o executivo.
Jornada reduzida
No Brasil, a AngloGold também está atuando para ampliar o conceito de time de seus funcionários através de várias ações, que visam melhorar o clima organizacional, a convivência entres os colaboradores e a sensação de seu pertencimento à empresa. Uma delas – senão a mais significativa – refere-se à redução da jornada de trabalho. Esse projeto, ainda em testes, foi iniciado no escritório administrativo da mineradora, com uma escala 4:3 – trabalho de segunda a quinta-feira e três dias de folga (de sexta-feira a domingo).
A medida já rendeu resultados iniciais bastante positivos e pode ser estendida para outras áreas, inclusive operacionais, nas minas subterrâneas que não operam no modo 24 h x 7 h. Nesse caso, a escala seria 4:4, com redução da jornada de 12 horas para 8h30. “Com isso, avançamos na qualidade de vida dos nossos funcionários ao promover um melhor equilíbrio entre sua vida pessoal e profissional, ao mesmo tempo criando condições para que tenham uma saúde mental e biológica maior, o que também se refletirá no aumento de sua produtividade”, diz o CEO.
Atualmente, a operação da mina Cuiabá se dá a 1.600 m de profundidade, a maior das minas ativas da América Latina. A AngloGold Ashanti possui 8 mil funcionários na região, sendo 4 mil deles no Brasil.
